Dafiti e Netshoes estão no topo da lista de anunciantes da web; categoria é a mais vendida no e-commerce, superando eletrodomésticos
Não é preciso ser um internauta atento para perceber que uma enxurrada de anúncios de roupas e acessórios invadiu a web. Esses produtos são hoje os mais vendidos nas lojas online brasileiras e duas varejistas de moda – a Dafiti e a Netshoes – estão no topo do ranking de maiores anunciantes da internet, segundo dados da consultoria e-bit e da Comscore.
O avanço da moda na publicidade online reflete um crescimento do e-commerce no setor. A categoria superou a venda de eletrodomésticos na web pela primeira vez no primeiro semestre de 2013, segundo dados do e-bit. Em 2010, moda nem estava na lista das cinco categorias mais vendidas pela internet.
A posição de liderança das empresas de moda não se repete quando se olha para o bolo publicitário como um todo. Não há nenhuma varejista de moda ou marca de roupas e calçados no ranking dos 30 maiores anunciantes do País feito pelo Ibope e que considera todos os meios.
“Empresas novas, como a Dafiti, investiram pesadamente para comprar espaço na internet brasileira na tentativa de formar uma base de clientes”, disse Marcelo Lobianco, vice-presidente executivo do IAB Brasil. “Isso mexeu com todo o mercado.”
A Dafiti aposta em uma estratégia agressiva de marketing online para fomentar suas vendas desde o seu lançamento, em janeiro de 2011. “O foco em mídia online está no viés do e-commerce. Você anuncia no mesmo ambiente em que vende. O aumento da receita da empresa é resultado de um posicionamento na mídia online”, explica Malte Huffmann, cofundador e diretor de marketing da Dafiti. A empresa já atingiu 50 milhões de visitantes únicos por mês, mas não revela seus dados financeiros.
O investimento em mídia online também é uma das grandes apostas da Netshoes, a segunda maior anunciante da web, para vender. “Os anúncios servem para gerar tráfego para a loja”, resume o gerente de marca e assuntos corporativos da Netshoes, Renato Mendes.
Os anúncios estão integrados a ferramentas tecnológicas que identificam os interesses do consumidor e permitem à loja oferecer produtos específicos para eles. Assim, o cliente que entrou no site ao clicar em um anúncio num portal de notícias verá ofertas diferentes daqueles que estavam em um blog de corrida. A estratégia aumenta a probabilidade de o cliente que está no site efetivamente comprar, trazendo um melhor retorno sobre o investimento em mídia, diz Mendes.
Corrida. Ao mostrar para o consumidor brasileiro que é possível comprar roupas pela web, empresas pioneiras no segmento, como Dafiti e Netshoes, abriram o mercado para concorrentes de diversos tamanhos – de estilistas novatas a redes de departamento, como Marisa e Lojas Renner.
Essas empresas entraram para disputar palavras-chave no Google ligadas a roupas e acessórios e também os anúncios em espaços como blogs de moda. “As empresas entenderam que o sucesso do e-commerce é diretamente proporcional ao investimento em mídia digital”, diz Luana Pontes, diretora de negócios da agência Cherry Plus, especializada em moda e que atende clientes como Corello, Farm, Calvin Klein e Dafiti.
Além de vender mais, as empresas também passaram a ver na internet uma aliada para trabalhar sua imagem com o consumidor – e fomentar as vendas nas lojas físicas. Uma série de tutoriais de moda e beleza feitos muitas vezes de forma amadora por diversas blogueiras ganhou a rede e recebeu uma audiência invejável até mesmo para grandes marcas, mostrando que há interesse por esse tipo de conteúdo.
Hoje, as buscas no Google por palavras relacionadas a roupas e calçados representam quase o triplo do buscado por eletrônicos. “As empresas de moda passaram a dar mais atenção à internet. Primeiro procuraram os links patrocinados. Depois, anúncios nos blogs e vídeos de moda e, agora, querem falar diretamente com o público”, diz o gerente de vendas para o varejo do Google, Guilherme Matiello.
A C&A, por exemplo, é patrocinadora do canal de moda do YouTube desde 2012. Trata-se do primeiro canal patrocinado do YouTube no Brasil, que traz dicas sobre como combinar peças e de tendências de moda. “Queríamos um diferencial na comunicação com o consumidor na internet. Optamos por fazer um trabalho de curadoria de moda em vez de apenas divulgar as peças”, contou Alessandra Gambuzzi, diretora-geral de mídia da agência DM9, responsável pelas campanhas da C&A.
A rede não tem e-commerce, mas entende que a web é capaz de gerar tráfego para as lojas. Um levantamento do Google de 2012 mostra que 44% das pessoas fazem pesquisas na internet para depois comprar offline.
Fonte: Estadão – Economia&Negócios