Empresários e especialistas dão dicas para lucrar na Semana Santa

10 de março de 2014

Rita Brandão, do Chocolates Marrom Marfim (Pelourinho), aumenta a produção para acompanhar vendas 

Na cultura Católica, a Páscoa simboliza renovação, renascimento. Além de trocar ovos de páscoas e confraternizar com a família, como manda a tradição, a Semana Santa pode ser também um bom período para dar um novo gás aos negócios. E não se trata apenas de uma oportunidade boa para quem vende chocolate.

Empresários e especialistas ouvidos pelo CORREIO indicam que o período pode ser aproveitado tanto através do incremento na venda de ovos de Páscoa e barras de chocolate, para quem tem um negócio compatível, quanto para quem tem outros tipos de estabelecimentos comerciais.

“Há diversas formas de aproveitar o período, mas para isso é preciso ter planejamento para evitar prejuízos”, adverte o gestor do Projeto Comércio Sebrae-BA, Fabrício Barreto. “Quem já vende chocolate pode esperar uma venda maior, então deve aumentar o estoque, mas sempre se planejando bem e com antecedência”, sugere ele.

Por outro lado, negócios que nada têm a ver com os alimentos típicos do período também podem lucrar. “Quem tem outros negócios pode aproveitar o período para desenvolver estratégias de marketing utilizando símbolos da Páscoa”, acrescenta.

Vendas
Proprietária da loja Chocolates Marrom Marfim, localizada no Pelourinho, a empresária Rita Brandão, de 62 anos, vende chocolates principalmente para empresas. No período da Páscoa, ela observa um aumento de até 80% nas vendas em relação a períodos comuns.

Em relação à Páscoa passada, ela espera um aumento nas vendas de 50%. Para ampliar as vendas e driblar a forte concorrência de grandes empresas, ela aposta n antecipação. “Já comprei todo o chocolate e estamos preparando os recheios”, contou.

Segundo ela, a característica artesanal do chocolate e, consequentemente, a boa qualidade do produto também são atrativos para fidelizar os clientes.  “A empresa existe há 30 anos e nosso segredo é nunca diminuir a qualidade”, garante. Outra estratégia é ter um bom conhecimento do negócio. No caso de Rita, é um conhecimento que já vem do berço. “Sou de Ipiaú e nasci numa fazenda de Cacau. Minha mãe conta que meu umbigo foi enterrado lá nessa fazenda”, conta.

Perla Melo de Menezes, 31 anos, é proprietária da loja Chocolates & Cia, localizada em Itapuã. Ela também enxerga a Páscoa como um período de boas oportunidades. “É o melhor e mais lucrativo período que tem para quem vende chocolate, sem sombra de dúvida”, afirma. Segundo ela, o aumento das vendas no período gira entre 70% e 80% em relação aos períodos normais.

Fora da Semana Santa, ela trabalha vendendo, sobretudo, docinhos e lembranças de festa, mas adapta o negócio ao período da Páscoa. “Cai a busca por docinhos e aumenta muito, muito mesmo, a busca por ovos de chocolate”, conta. “Então acompanho a demanda e passo a fabricar mais ovos”, completa.

Marketing
Como estratégia para alavancar os negócios, Perla aposta nos conhecimentos de marketing adquiridos no ensino superior. “Sou formada em marketing e isso ajuda muit”, conta. Ela também aposta em sempre lançar novidades e tendências no período da Páscoa, uma estratégia para abocanhar consumidores. “Ano passado, por exemplo, não trabalhamos com ovos de Páscoa tradicionais, mas só com ovos de colher. A busca foi muito intensa”, assegura.

Ela também investe no uso de aplicativos para smartphones como WhatsApp e redes sociais como o Facebook. “Cerca de 90% das vendas são realizadas por Facebook ou telefone. Muitas das vendas por telefone são de pessoas que viram o número do nosso WhatsApp no Face”, comenta.

Fabrício Barreto, do Sebrae-BA, ressalta a importância de utilizar essas plataformas virtuais, que permitem uma divulgação massiva e gratuita do produto. “É importante ter uma fanpage no Facebook. Antigamente, fazer divulgação tinha custo muito caro. Hojem já não é preciso gastar tanto graças ao advento das redes sociais”, afirma.

Feriadão
Por sua vez, o diretor da Agillys Consultores & Associados, Rogério Machado, destaca que esse ano a Páscoa exigirá uma preparação com maior antecedência e melhor planejamento estratégico dos comerciantes. “A Páscoa deste ano terá uma particularidade: ocorrerá no meio de um grande feriado e será na segunda quinzena de abril, quando as pessoas têm menos recursos”, lembra em artigo divulgado em uma publicação da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), entidade à qual presta consultoria.

Segundo ele, as prateleiras dos comerciantes já devem começar a ser preparadas desde a primeira quinzena de março, justamente por causa do feriado prolongado. “O feriadão que se formará com a junção de Semana Santa com Tiradentes talvez antecipe as compras daqueles que irão viajar e diminua o fluxo do sábado de Aleluia nas lojas, principalmente daquelas localizadas em bairros de classe média”, alerta.

Com a Semana Santa caindo na segunda quinzena, quando os consumidores já gastaram boa parte dos seus salários, ele sugere que os comerciantes ofereçam possibilidades de financiar a compra de produtos da Páscoa por meio de cartão de crédito, estimulando as compras. “O momento do consumo é positivo, mas a pressão no bolso do consumidor é grande no início do ano: IPTU, IPVA, matrículas e material escolar, despesas de final de ano, férias e carnaval”, acrescenta.

Associação de mercados lista de produtos que merecem atenção
Na edição da sua publicação Super Revista de fevereiro, a Associação Bahiana de Supermercados (Abase) listou vários produtos que merecem ter atenção no período da Semana Santa. “Além dos ovos de chocolates, chocolates em barra e bombons, há muitos outros produtos que precisamos ter atenção”, destacou o consultor da Abase, Rogério Machado.

O especialista fez uma lista de produtos, dividindo-os em sete categorias. Os primeiros itens são os produtos de peixaria, como pescados e frutos do mar frescos e congelados. Além desses, tem destaque no período a categoria dos salgados, sabores bacalhau, camarão seco e outros peixes.

Produtos de mercearia, como leite de coco, azeites de dendê e de oliva, azeitonas, feijão fradinho e farinha de trigo também têm boa procura na Semana Santa. No setor de hortifruti, o especialista destaca produtos como batata, cebola, alho, coentro, salsa, limão, amendoim, castanha, quiabo e tomate.

Na categoria bazar, os destaques são: papel toalha, guardanapos, copo e pratos descartáveis, taças de vinho, bichos de pelúcia e brinquedos. No setor de bebidas, têm maior venda no período vinhos tintos, vinhos sem álcool e sucos de uva concentrados. Por fim, na categoria aves, o frango é o produto de destaque graças ao menor consumo de carne vermelha no período.

Fonte: Correio*24horas – Economia