Empresa fabrica 40 mil potes de gel, que representam 70% do faturamento. Negócio foi aberto depois que empresário perdeu emprego de gerente
Cada vez mais os homens se preocupam com a própria aparência, e a beleza masculina se transforma num mercado atraente e estimula as indústrias especializadas em cosméticos. Os lançamentos de produtos são constantes.
A Dep Indústria e Comércio de Cosméticos é um exemplo de pequena empresa que fatura neste setor com a fabricação de gel para cabelos. Quando perdeu o emprego de gerente numa fábrica de cosméticos, Daniel Ribeiro de Lima não teve dúvidas: era hora de aproveitar o conhecimento e partir para um negócio próprio. Ele chamou o irmão Edson e, em 2006, abriram a fábrica de gel para cabelos, em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo.
“O homem hoje é muito vaidoso e o gel para cabelo é que o homem quer deixar o cabelo modelado de várias formas, penteado diferente, e foi um ponto que a gente encontrou no mercado que deu a oportunidade de a gente entrar”, explica Edson Ribeiro de Lima.
Para montar o negócio, os empresários investiram R$ 100 mil em equipamentos como batedeiras, envasadoras e rotuladoras.
O gel é feito de polímeros, fixadores e neutralizadores, misturados com água. Além de fixar o penteado, alguns deixam o aspecto de brilho molhado. Nesse mercado, criatividade é fundamental.
Novos produtos
O laboratório é o coração da empresa de cosméticos. Para dar certo neste mercado é preciso atender às exigências da vaidade masculina, que quer novidades. Na empresa, eles estão sempre lançando produtos. Os últimos géis criados foram o gel rocha, para deixar o cabelo fixo em pé, e o gel copa, que é verde e amarelo. A previsão é vender 12 mil potes coloridos até a Copa do Mundo.
Em média, são três meses para desenvolver, testar e lançar um produto, já com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A fábrica lança seis novos géis por ano. Antes de ir para o mercado, cada nova fórmula fica 60 dias numa estufa, que simula climas extremos, a até 50 graus.
“É um teste de resistência, e a estufa também serve para acelerar a reação do produto”, explica Lucas Sales, responsável técnico.
Assim que o novo gel é aprovado, a empresa coloca no catálogo de vendas, mas não produz. Eles só fabricam sob encomenda. A estratégia evita encalhes de produção. Feito o pedido, o gel é entregue em 72 horas.
“Nós temos todos os insumos dentro da fábrica, de embalagem também, então, como nós padronizamos algumas embalagens é interessante a gente fabricar em cima de produto vendido, para não ocasionar de você fabricar um produto que não venda e outro que venda não ter a matéria-prima para ser produzido”, diz Daniel.
Concorrência desleal
Segundo os empresários, o mercado masculino tem mais espaço que o feminino. Hoje, o maior desafio do negócio é o que eles chamam de concorrência desleal.
“Eles fabricam no fundo de quintal. O custo deles é bem menor que o nosso em razão de não pagar imposto e sem matéria-prima de qualidade. E tem muita gente fazendo isso hoje, sem estrutura nenhuma. E a gente tem uma estrutura muito interessante, pagando imposto, tendo funcionário e todos os encargos e licenças necessárias para a fabricação”, comenta Daniel.
A empresa produz 40 mil potes de gel por mês, produto que representa 70% do faturamento. O restante vem dos sabonetes, shampoos e condicionadores para homens. O faturamento da empresa é de R$ 300 mil por mês.
“Hoje, a gente aposta na vaidade masculina porque é um mercado que está em ascensão. O homem quer andar com o cabelo arrumado, quer andar perfumado, então a gente tem grande expectativa para esse mercado para esse ano porque está em grande crescimento”, afirma Daniel.
Os clientes da fábrica são farmácias, perfumarias e supermercados – onde os géis masculinos ocupam cada vez mais espaço nas prateleiras.
“As vendas têm crescido sim, do gel, tanto é que a gente colocou o produto na frente da loja, um lugar em destaque e cada vez que passa a gente está destacando mais esse produto que as vendas estão sendo representativas”, diz Rodrigo Fontes, gerente de um supermercado que vende os produtos da Dep.
O pote de gel tradicional, de 250 gramas, é vendido por R$ 3,29; o de um quilo custa R$ 7. Willian Martinelli é cliente assíduo e compra o produto todo mês. “Uso todo dia para ir para o trabalho, cabelo bem penteado, bonito. É muito bom”, comenta.
Os géis fazem sucesso especialmente entre os mais jovens, que buscam um visual diferente. Para alguns, quanto mais espetado o cabelo, melhor. “É que dá o estilo, no efeito molhado. Dá uma arrepiada legal. Hoje em dia está usando bastante, né, moicano, fica bacana”, afirma o cabeleireiro Luciano Santos.
Fonte: G1