Pesquisa mostra que consumidores estão cautelosos com cenário econômico e com o orçamento comprometido
A incerteza com os rumos da economia já se reflete negativamente no ânimo do brasileiro em gastar. Nem a Copa do Mundo parece ser capaz de mudar essa disposição: 83% dos brasileiros não pretendem mudar seus hábitos de consumo no período e apenas 13% pretendem fazer algum gasto adicional. Os dados são de pesquisa realizada entre 21 de março e 3 de abril em todo o Brasil, realizada pelo Instituto Ispsos, em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para o presidente da ACSP, Rogério Amato, o resultado da pesquisa reflete a cautela do consumidor num ano atípico, com carnaval tardio e eleições, além da própria Copa do Mundo. Segundo Amato, essa combinação gera um cenário de incerteza e mantém as pessoas cautelosas em relação a compras extras, pois já estão com o orçamento comprometido, sem espaço para mais gastos.
Apesar do resultado pouco animador para o varejo, o presidente da ACSP pondera que a pesquisa não indica que os brasileiros deixarão de consumir normalmente — eles devem comprar o trivial. “Não sinaliza, também, que os turistas não vão fazer compras durante a Copa”, apontou.
Dos entrevistados que disseram que mudarão os hábitos de consumo, 51% deverão comprar roupas ou adereços para a Copa. Já 28% vão gastar com alimentos, como salgadinhos e bebidas; 10% comprarão eletrônicos como TVs e DVDs e 3% vão adquirir ingressos para assistir aos jogos.
Na contramão dos consumidores, os empresários de comércio e serviço acreditam que vão vender mais no período dos jogos. Segundo estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com empresários mostrou que 56% têm a expectativa de aumentar suas vendas durante o período de realização da Copa. Desse percentual, 16% afirmam estar extremamente otimistas quanto à possibilidade de vender mais.
Como não poderia deixar de ser, os empresários do setor de hotelaria são os que têm melhores perspectivas de lucratividade durante a realização do torneio no Brasil. Quase 70% dos gestores ou donos de empreendimentos na área de hotelaria, pousadas e albergues acreditam que o seu setor será um dos que mais lucrará com a Copa. Empresários do setor de lazer (56%), alimentação (55,6%) e transporte (38,2%) também estão otimistas, mas em menor escala.
Já no comércio, o percentual dos que avaliam que o seu segmento será um dos que menos vai lucrar (27,5%) é maior do que os que projetam grande faturamento nas vendas (23,8%).
Quando avaliados por cidade-sede, os empresários mais otimistas são os cariocas. Ao menos 45% dos entrevistados acreditam que o volume de vendas crescerá muito durante os jogos, enquanto que dentre mineiros e paulistas, apenas 8% e 5%, respectivamente, acreditam em crescimento elevado. Já em Salvador, Fortaleza e Recife, o percentual de muito otimistas é de 19%, 16% e 15%.
Fonte: Brasil Econômico