Uma pergunta: o que é ser inteligente?
Se você acompanha os posts diários do Blog do Empreendedor do Estadão PME, já deve ter se identificado com um ou outro colega empreendedor que narra seus desafios, desejos e dilemas diários neste espaço.
O que fazer quando ocorre uma emergência com o cliente? O que fazer quando um investimento na empresa não deu certo? Automatizar ou não um processo? Deixar os colaboradores trabalharem em casa? Quem é o verdadeiro cliente da empresa? Pegar um empréstimo ou não? Ser dono do seu próprio negócio vale realmente a pena?
Mais do que concordar ou discordar, acredito que o mais importante para o empreendedor que lê os posts é utilizar sua inteligência para ir formando a sua própria convicção. “Ir formando”, bem no gerúndio mesmo, porque esta convicção pode ser alterada a partir do conhecimento e vivência de novas experiências empreendedoras.Há décadas muitos pesquisadores vêm apontando características do empreendedor típico e aparecem coisas como persistência, coragem, paixão, liderança, visão. E há testes que “medem” o seu perfil empreendedor. Até elaborei a minha:
Você é empreendedor?
Sim []
Não []
Nestas situações, a abordagem é a mesma: não concordo e nem discordo, apenas utilizo a minha inteligência para formar a minha própria convicção. A principal delas é que todo grande empreendedor aprende rápido. E faz isto porque é muito inteligente. Mas o que me incomodava nesta minha convicção é que boa parte dos grandes empreendedores não foram excelentes alunos e vários famosos até desistiram da faculdade como Bill Gates, Steve Jobs e Richard Branson.
Só encontrei a resposta para este incômodo quando conheci os trabalhos de Howard Gardner, autor da teoria das Inteligências Múltiplas. Gardner explica que a inteligência do ser humano não pode ser mensurada apenas pelo raciocínio lógico-matemático cobrado nos vestibulares e nas faculdades. Neste tipo de inteligência, o sujeito estuda para saber qual botão apertar. Se aperta o botão certo, tira nota 10 é considerado inteligente.
Não raro, o aluno “inteligente” decora qual botão apertar. Um dos alertas importantes destacados por Gardner é que “a maior parte dos testes (das escolas e faculdades) mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno.
Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém, se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como a espacial e a intrapessoal – a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, fundamental hoje”.Mas muitos empreendedores que conheço não são apertadores de botão, já que em muitos casos, nem botão há ou em outros, eles criam seus próprios botões. Gardner defende que há outros tipos de inteligências como a musical, espacial, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial.
E o que noto é que há empreendedores que não foram alunos “nota 10”, mas que têm uma elevada inteligência espacial para entender contextos, um elevado grau de confiança em função de sua inteligência intrapessoal ou são ótimos em lidar com pessoas, pois dominam a inteligência interpessoal, apenas para citar algumas das inteligências. Acredito que os grandes empreendedores souberam alinhar suas inteligências mais destacadas com o que Howard Gardner chama de
Cinco Mentes para o Futuro, que em sua opinião são essenciais para o desenvolvimento do ser humano que são a mente disciplinada (exige o esforço para sermos bons em algo), a mente sintetizadora (que sabe o que realmente importa e como isto pode ser combinado), a mente criativa (que cria soluções inovadoras eficazes a partir da disciplina e síntese), a mente respeitosa (que reconhece que o ser humano é único, com crenças e valores diferentes) e a mente ética (que faz a coisa certa mesmo quando não atende aos nossos interesses).
Veja gráfico sobre inteligências múltiplas abaixo
Tudo isto para você pensar que precisa utilizar suas inteligências para encontrar suas respostas para os seus dilemas, desafios e desejos de empreendedor. Só para exemplificar: O dilema de automatizar ou não um processo. A Juliana Motter da Maria Brigadeiro optou por não automatizar, mas se acompanhar a trajetória da Taciana Kalili da Brigaderia, a solução encontradafoi outra. Quem errou? Provavelmente todos aqueles que utilizaram a lógica-matemática para chegar à conclusão de que não havia mercado para um negócio só de brigadeiros.
Para terminar a resposta do meu teste para saber se você tem o perfil empreendedor: Se você acha que pode ou acha que não pode fazer algo, você está certo! Frase atribuída a Henry Ford que só teve sucesso na terceira empresa que fundou e com o modelo T (imagina qual foi a letra do primeiro modelo que ele lançou?).
Fonte: blogs.pme.estadao.com.br