Nos últimos três meses, o impulso levou 52% dos brasileiros às compras. Mulheres são atraídas por roupas e acessórios; já homens por eletrônicos
Cada vez mais os lojistas se convencem de que comprar é pura emoção, que eles sabem usar. Quando passar por um shopping, é só reparar na entrada das lojas. Muitas estão dispensando portas e até vitrines.
“De repente, você pôs o pé e não está mais no corredor, está dentro da loja. E você, dentro da loja, não tem nenhuma barreira de pegar o produto, pôr a mão e observar. E, aí, criar o desejo”, conta Celina Koschen, consultora de varejo.
Quem tem vitrine, capricha para que ela represente o que consumidor gostaria de ser. E o que ele vê ali não pode ser óbvio nem básico demais. “Se você não surpreender hoje, você não vai conseguir criar esse desejo e a vontade de tirar o dinheiro do bolso”, enfatiza a consultora Celina Koschen.
O comércio é cheio de truques para fazer a gente gastar com o que não precisa. Para as mulheres, isso significa comprar sapato, algumas roupas e bolsa também.
Já eles abrem a carteira sem pensar muito com eletrônicos: tecnologia, computador, celular e roupa em geral.
E onde essas compras por impulso mais acontecem? Primeiro no shopping, depois na internet. A estratégia básica, talvez a mais comum de todas, é usar as expressões “promoção”, “últimas peças” e “só hoje”. Essas combinações de palavras mexem com o cérebro e atiçam os nossos instintos.
“Eles também usam uma sensação que a gente tem de escassez. Nós evoluímos em ambientes que não tinham sempre recursos. Não tínhamos sempre comida e etc. Então, a gente é programado para aproveitar enquanto tem”, aponta o psiquiatra Daniel Barros.
Levados por esse impulso, 52% dos brasileiros compraram algum produto nos últimos três meses. “Mostra uma falta de planejamento e mostra uma vulnerabilidade dessas pessoas. E é claro que o comércio e as lojas de maneira geral, sabendo disso, usam seus instrumentos para vender mais”, comenta Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil.
A Thais também tem estratégia para se blindar das tentações. “Minhas primas estão lá dentro comprando, então eu não vou. Não estou precisando de roupa de frio. Para quê vou entrar lá, né?”, diz a psicóloga Thais Lourenço Dutra.
Fonte: G1 – Jornal da Globo