O SPC Brasil e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) estimam que, ao fim do mês passado, havia cerca de 53,8 milhões de brasileiros com dívidas em atraso Foto: Bruno Gomes
O brasileiro tem no pagamento parcelado a forma preferida de fazer compra. Ele facilita a vida e alivia o bolso, mas o acúmulo de parcelas, resultado de várias compras a prazo, pode levar ao descontrole financeiro e à inadimplência, com alto risco de sujar o nome.
A constatação é de um estudo feito pelo portal Meu Bolso Feliz, iniciativa de educação financeira da SPC Brasil, administradora do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A imagem que a pesquisa constrói é que o consumidor brasileiro é apaixonado por prestações. O levantamento apontou que 45% dos brasileiros não teriam dificuldade de viver sem crédito e pagar tudo à vista.
Uma parcela de 12%, no entanto, acreditam que só conseguem comprar tudo que precisam com a ajuda de parcelamentos e empréstimos. E mais: 35% da população não consulta seu extrato antes de ir às compras. A economista Luíza Rodrigues, da SPC Brasil, observa que comprar à vista ou a prazo é uma dúvida comum do consumidor, mas não deveria ser. “Comprar algo à vista sempre vale à pena porque a pessoa não pagará juros, pode ter algum desconto e garante maior controle dos gastos”, diz.
Pesquisa
Por lógica, ainda de acordo com Luíza, o consumidor deveria pesquisar o preço do que deseja adquirir, juntar o dinheiro necessário, negociar na hora da compra, fazer o pagamento e pronto, ficar livre da dívida.
Seria simples assim se o brasileiro não fosse tão apaixonado por prestações, como concluiu a pesquisa. O problema é que com o desejo de compra e o alto número de produtos parcelados vem junto a falta de organização financeira.
Ainda de acordo com o estudo, grande parte dos brasileiros conta com o crédito oferecido pelo banco como parte da renda mensal, não sabe quanto tem de despesas e ainda sobrepõe parcelas de compras diversas, o que, muitas vezes, suja o nome da pessoa. A prova dessa desorganização financeira é que a base de registros do SPC Brasilapresentou um aumento de 8,60% no número de pessoas inadimplentes em abril de 2014, em relação ao mesmo período de 2013.
A partir desse dado, o SPC Brasil e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) estimam que, ao fim do mês passado, havia cerca de 53,8 milhões de brasileiros com dívidas em atraso.
Cautela
Entre os cuidados a serem tomados, é importante estar atento durante compras na internet e passagens de avião. Em muitos casos, pagar pelo boleto pode sair mais barato do que pelo cartão de crédito. Além disso, é possível conseguir até 10% de desconto. Também é uma boa dica parcelar apenas compras grandes, como um sofá, uma TV, um carro. Faça isso de maneira cuidadosa, sempre com perfeito controle de suas finanças e a certeza de que terá dinheiro para quitar todas as prestações.
Mesmo assim, pense antes se você realmente precisa do produto agora. Se não, considere esperar um pouco para comprar à vista ou dar uma entrada maior.
No caso de ter dívidas e não conseguir pagar, o primeiro passo é aposentar o cartão de crédito. Depois, tentar trocar todas suas dívidas por uma só, na linha de crédito pessoal ou de empréstimo consignado, que têm os menores juros do mercado. O Simulador “Troca de Dívidas”, do portal Meu Bolso Feliz (http://meubolsofeliz.Com.Br/simulador-de-troca-de-divida/) pode ajudar na busca da menor taxa.
O site do Banco Central tem a lista de taxas de juros de todos os bancos. Procure pelo que oferece a taxa mais baixa. “Na troca da dívida, negocie o número de parcelas de maneira que o valor mensal caiba no seu bolso. E, acima de tudo, controle os gastos enquanto não se livrar das dívidas”, orienta José Vignoli, educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz.
Fonte: Diário do Nordeste