Pesquisa do SPC Brasil mostra que segurança é avaliada como a maior vantagem dos cartões e, perda de controle dos gastos, como o principal risco
Um estudo feito pelo portal ‘Meu Bolso Feliz’ (http://meubolsofeliz.com.br), uma iniciativa de Educação Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostra que o cartão de crédito é a modalidade de pagamento mais utilizada pelos consumidores na hora de parcelar uma compra: 83% dos entrevistados afirmam ter incorporado esse costume em seu dia a dia, sendo que quase um quarto (23%) dos consumidores ouvidos costuma fazer compras parceladas com o chamado ‘dinheiro de plástico’ ao menos uma vez por mês. A pesquisa foi encomendada para traçar os hábitos e os comportamentos mais comuns do brasileiro na hora de utilizar as várias opções de crédito disponíveis no mercado.
A pesquisa apresenta também um diagnóstico preocupante ao revelar que mais da metade (57%) dos consumidores entrevistados já usou ou tem o hábito de usar o crédito rotativo – situação em que o consumidor opta por pagar apenas o valor mínimo da fatura do cartão. Um agravante é que a maioria dos consumidores (77%) reconhece não ter conhecimento do valor dos juros cobrados nesse tipo de operação.
Na avaliação de José Vignoli, educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, o cartão de crédito pode ser um vantajoso instrumento de financiamento, já que oferece parcelamento quase a custo zero, com exceção do valor cobrado pela anuidade.
“O cartão de crédito trouxe conveniência e segurança porque viabiliza o poder imediato de compra, mesmo que o consumidor não disponha de dinheiro no momento do uso. Mas para usufruir das vantagens, é preciso controle para que a pessoa não gaste mais do que efetivamente possa pagar. Aqueles consumidores que não quitam o valor integral da fatura correm o risco de cair no efeito ‘bola de neve’, já que hoje, a taxa média cobrada nessas operações gira em torno de 200% ao ano. É uma das maiores do mundo”, alerta o educador.
Outra constatação do levantamento é que até mesmo entre os consumidores que não possuem cartão de crédito no próprio nome (23%), o seu uso é algo comum. Desse percentual, quatro em cada dez consumidores (43%) revelam ter o hábito de pedir o cartão emprestado a parentes ou amigos para realizar compras parceladas. A prática aparece com mais frequência entre os brasileiros mais jovens (53%) e as mulheres (48%).
Usar o cartão pode ser vantajoso
Na opinião dos consumidores entrevistados, a segurança é a principal vantagem oferecida pelo cartão de crédito (30%) na comparação com outros meios de pagamento, uma vez que ele substitui o dinheiro de papel na carteira e pode ser facilmente bloqueado em casos de furto ou roubo. Outros benefícios também percebidos pelos consumidores é a possibilidade de parcelar uma compra em várias prestações (28%), poder pagar a prazo (19%) e poder comprar um bem mesmo sem ter dinheiro disponível no dia (15%) – fatores que acabam aliviando momentaneamente o bolso do consumidor.
O estudo revela ainda que há uma percepção diferente entre os gêneros quando são avaliadas as facilidades ofertadas pelo uso do cartão de crédito. Para os homens, a maior vantagem é a segurança que o cartão proporciona (34%), enquanto que para as mulheres, poder parcelar em várias vezes (33%) figura como o benefício mais relevante.
Apesar de uma parcela reduzida de apenas 5% dos consumidores citarem os programas de milhagem como o principal atrativo do uso do cartão de crédito, 32% dos consumidores admitem dar preferência aos cartões na hora de parcelar uma compra para ganhar milhas ou somar pontos em programas de benefícios, que geralmente são convertidos em descontos ou prêmios. O percentual sobe para 39% entre os homens e atinge 42% dos entrevistados das classes A e B.
Para o educador financeiro José Vignoli, o cartão de crédito pode ser um aliado dos consumidores no controle do orçamento pessoal. Concentrar os gastos numa única data de fatura e poder visualizar a partir do extrato para onde o dinheiro está indo é um facilitador de tempo e planejamento, explica o educador. “O grande diferencial do cartão de crédito é que ele proporciona poder de compra. Isso significa que o consumidor pode adquirir um bem mesmo sem ter o dinheiro. Porém, essa é uma vantagem que se transforma facilmente em desvantagem, quando não há controle. O cartão de crédito, ao contrário do que muitos pensam, não é um vilão para o consumidor. Tudo depende de como ele é utilizado”, garante.
Ameaças do cartão de crédito
Já em relação aos perigos oferecidos pelo cartão de crédito, quatro em cada dez entrevistados (39%) atribuem à facilidade de compra como a principal causa das compras supérfluas, seguida pela dificuldade em manter o controle do valor das compras realizadas (36%) e não resistir às compras por impulso (16%).
“Estudos do SPC Brasil mostram que os maus hábitos de planejamento financeiro são a principal causa da inadimplência das famílias, independentemente do nível de renda. Isso significa que o consumidor precisa estar preparado e bem informado para usar o cartão de crédito a seu favor”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.
Parcelamentos e número de cartões
Diante de todas as facilidades e conveniências do cartão, a maioria dos entrevistados (61%) admite que no momento de parcelar uma compra, o que mais pesa é se o valor de cada prestação cabe no bolso e não se os juros embutidos impactam no valor final do produto.
“Existe um comportamento imediatista por parte do consumidor brasileiro, que tende a ignorar o valor de custos secundários como a multa paga por atrasar o pagamento da fatura ou o juro cobrado pelo uso do crédito rotativo. Esse é o grande risco. Pequenos gastos vão se somando e sem demora se transformam em uma quantia imensa e difícil de ser paga”, alerta a economista Luiza Rodrigues.
Exemplo que pode explicar esse comportamento de risco, é que quase um terço (32%) dos consumidores têm, atualmente, quatro ou mais compras parceladas no cartão de crédito e 22% dos entrevistados afirmam possuir três ou mais cartões, incluindo cartões de loja, os chamados ‘private label’.
“Claro que um consumidor organizado pode ter dois, três ou mais cartões, que não haverá problema. No entanto, é preocupante que uma parcela tão expressiva da população ande com mais de um cartão na carteira e ainda assim, ignora a cobrança de juros e os riscos de não pagar uma fatura integral”, afirma Vignoli.
Colocando as contas em dia
Para quem se endividou no cartão e está com dificuldades para pagar as parcelas atrasadas, o ‘Meu Bolso Feliz’ oferece, gratuitamente, pela internet um serviço de simulador de troca de dívida (http://meubolsofeliz.com.br/simulador-de-troca-de-divida). Com ele, o internauta descobre o quanto consegue economizar de juros caso opte por substituir a dívida do rotativo por um empréstimo pessoal consignado, cujas taxas cobradas ao consumidor são mais baratas.
Outras dicas sobre o uso do cartão de crédito também podem ser conferidas em http://meubolsofeliz.com.br/aprenda-a-lidar-com-cartao-de-credito-da-maneira-correta/
Metodologia
Para investigar as modalidades de crédito mais usadas no país, o SPC Brasil em parceria com o portal ‘Meu Bolso Feliz’ ouviu 694 consumidores de todas as classes econômicas nas 27 capitais. A margem de erro é de no máximo 3,8 pontos percentuais para um intervalo de 95% de confiabilidade.
Sobre o meu ‘Meu Bolso Feliz’
Para contribuir com o aprendizado da educação financeira e despertar o interesse de crianças, jovens e adultos, o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) lançou o ‘Meu Bolso Feliz’ – http://meubolsofeliz.com.br. O portal oferece serviços gratuitos como calculadoras financeiras, simuladores de compras, investimentos, previdências e poupança, além de consultoria individualizada ao internauta, fornecida pelos economistas e educadores do SPC Brasil.
O portal Meu Bolso Feliz disponibiliza mecanismos para orientar e acompanhar a vida financeira do brasileiro nas mais diversas situações — de uma simples compra no supermercado até o planejamento da própria aposentadoria. O conteúdo do site foi desenvolvido de maneira interativa, simples, descomplicada e didática para alcançar o entendimento e o interesse do maior número de consumidores possível.
Fonte: CNDL