Como coisas fofas afetam as escolhas que fazemos

4 de junho de 2014

Estudos mostram que a fofura é, na verdade, um mecanismo de perpetuação da espécie. E isso afeta a maneira como lidamos com nós mesmos

 (Foto:  NickNguyen/Flickr/Creative Commons)

Não é por um acaso da natureza que você acha bebês (e cachorrinhos e gatinhos) as coisas mais fofas do mundo. Aquelas bochechas fofinhas e os olhos grandes e redondinhos são elementos que evoluíram de maneira calculada para fazer seu cérebro sentir uma vontade incontrolável de proteger e cuidar daquelas coisinhas – afinal, bebês são criaturinhas completamente indefesas logo depois que nascem e precisam dos cuidados de adultos para sobreviverem. É um mecanismo de perpetuação da espécie.

Traços infantis como esses continuam inspirando sentimentos relacionados a bebês mesmo se eles estiverem em rostos de adultos, estudos constataram. Outros especialistas descobriram que homens com traços infantis passam uma primeira impressão de fracos e inocentes. Nesse sentido, a ciência já sabe bastante sobre coisas fofas vivas. Mas mais recentemente, cientistas estão começando a estudar e a aplicar a fofura no design de produto, com resultados diferentes. A fofura de um objeto inanimado afeta nosso cérebro de maneira diferente do que a fofura de um animalzinho ou um bebê: um bebê fofo, tanto quanto um cachorrinho ou gatinho, ativa pensamentos relacionados a vulnerabilidade e a proteção, e inspira cuidado.

Um estudo de 2009 indicou que voluntários que observaram fotos de cachorrinhos e gatinhos fotos tiveram um desempenho muito melhor no jogo Operation, que simula operações médicas, e removeram ossos e órgãos de maneira muito mais eficiente do que aqueles que viram fotos de cachorros e gatos adultos. Ou seja: não apenas sentimos mais vontade de cuidar, como ficamos de fato mais cuidadosos, quando somos confrontados com fofura extrema.

 (Foto: reprodução)

A fofura proposital, aplicada em objetos e produtos, por outro lado, tem a ver com outra coisa: desperta o lúdico e mexe com desejos de auto-recompensa e a vontade de indulgenciar a coisas que gostamos – isso é, em vez de virar nossa atenção e cuidado para o outro, nos faz ter esse tipo de sentimento com nós mesmos.

Um dos estudos feitos constatou que voluntários que usaram uma colher normal de sorvete pegaram menos sorvete do que os que usaram a colher fofa, e a colher fofa é menor que a colher normal. Em outro teste, 199 participantes viram três cartões de presente da Amazon: um branco, um com um bebê fofo e um com pontinhos fofos. Daí, tiveram que escolher cinco filmes, de uma lista, que poderiam comprar usando cartão. Os participantes com o cartão cheio de bolinhas escolheram os filmes de comédia e entretenimento. Os cientistas concluíram que coisas fofas e inanimadas fazem com que a gente sinta vontade de fazer algo legal por si mesmo.

Fonte: Revista Galileu