Como ser um empreendedor de negócio sustentável

14 de julho de 2014

Quando pensamos em um negócio sustentável nos dias de hoje, acabamos lembrando de uma empresa que tem boa rentabilidade e dá um retorno con­siderável aos seus acionistas. Ou se você começar a pensar mais a fundo lembra­rá também daquelas empresas que tra­balham com as questões ambientais e afins. Na pesquisa Datafolha para o prê­mio Folha […]

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Quando pensamos em um negócio sustentável nos dias de hoje, acabamos lembrando de uma empresa que tem boa rentabilidade e dá um retorno con­siderável aos seus acionistas. Ou se você começar a pensar mais a fundo lembra­rá também daquelas empresas que tra­balham com as questões ambientais e afins. Na pesquisa Datafolha para o prê­mio Folha Top of Mind, existe também a categoria Top Meio Ambiente, na qual são mencionadas pelos entrevistados as marcas por sua atuação na preservação do meio ambiente. Em 2013, das 5.145 pessoas, 7% lembraram da marca Ypê e 5% dos respondentes da Natura. A se­guir, apareceram Ibama (3%), Greenpe­ace e Petrobras (2% cada uma); depois Vale, Coca-Cola, O Boticário e Omo (1% cada uma).

A lembrança das grandes empresas e organizações acaba acontecendo por­que estas investem bastante em comu­nicação de massa e também em proje­tos e ações ligadas ao meio ambiente. A Ypê, por exemplo, tem um amplo traba­lho de plantação de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica em regiões de mata ciliar, em parceria com a Funda­ção SOS Mata Atlântica e fizeram várias propagandas sobre isso, além de suas atividades de rotina ligadas ao tema. E a Natura, que possui produtos ecolo­gicamente corretos, certificados e com processos de produção sustentável bem definidos.

Mas para um pequeno ou médio empreendedor, dá para ser mais sus­tentável? Ter um negócio que realmente englobe não só as questões financei­ras e/ou ecológicas, mas também as sociais? Sustentabilidade é muito mais do que pequenas ações ecológicas ou processos socialmente corretos. É um trabalho de colocar o tema no processo de produção, no relacionamento com os stakeholders (públicos de relaciona­mento da empresa) e, principalmente, no desenvolvimento de produtos e ser­viços que sejam inovadores, inclusivos, ecológicos e que, de preferência, resol­vam efetivamente problemas do nosso planeta.

Nestas andanças pelo Brasil, conhe­ci um empreendedor totalmente conec­tado ao tempo de hoje e de amanhã. Ele fabrica maquinário para a produção de tijolos, blocos e pisos ecológicos, e de­senvolveu um processo que aproveita o lixo para fazer tijolos mais ecológicos ainda. Como? Isso mesmo, fazer tijolos e blocos para construir casas, prédios, galpões, lojas, etc. provenientes dos nossos lixos, que atualmente não pos­suem mais espaços dentro e fora das cidades para o seu descarte.

Entusiasmado, o empreendedor mostrou como faz com que o lixo seja triturado, tratado e vire uma espécie de areia que, segundo ele, é mais resisten­te do que a normal. Com isso, em suas máquinas especiais, a areia que antes era lixo, juntamente com solo e cimento e por meio da prensagem, tomam for­ma de tijolos ou blocos que se parecem “Legos”, sem necessitar da queima de combustíveis fósseis. Os tijolos se en­caixam e, com uma espécie de cola, vão aderindo entre si.

A ideia deste tijolo e bloco ecológi­cos com base no lixo é elaborar projetos com prefeituras que já estão com seus aterros lotados e querem dar uma desti­nação mais legítima aos seus resíduos e, assim, produzindo tijolos para constru­ção de casas para a sua população.

Obviamente que o custo deste be­nefício exige um investimento inicial, como todo bom negócio, porém o re­torno é muito valioso, garantiu o em­preendedor, não só no resultado das construções, mas como também na gestão dos resíduos, além do ganho de “moedas” políticas com a população, sem esquecer do verdadeiro desenvol­vimento sustentável. Isso realmente é um negócio que está se tornando cada vez mais sustentável!

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Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM e diretor-presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps)

Fonte: empreendedor.com.br