O governo anunciou nesta quarta-feira diferentes iniciativas para facilitar a concessão de empréstimos para a aquisição de imóveis, em meio a uma série de medidas adotadas nos últimos dias para impulsionar o crédito e atalhar a forte desaceleração que a economia enfrenta neste ano.
“Vai ser mais fácil comprar um imóvel financiado porque vamos reduzir os trâmites burocráticos que são exigidos dos compradores”, afirmou o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, em entrevista coletiva.
O ministro explicou que o governo concentrará em um único cartório a expedição de todos os certificados que são exigidos aos interessados em crédito para imóvel, incluindo os de hipotecas e situação de uma propriedade.
“Além de facilitar a compra e reduzir a burocracia, isso dará segurança jurídica porque um único escritório poderá mostrar todo o histórico de um imóvel”, explicou.
O governo, acrescentou, também permitirá que os proprietários ofereçam imóveis que terminaram de pagar como garantia para a compra de outro imóvel, e que os bancos emitam títulos de dívida destinados a captar recursos para financiar empréstimos imobiliários.
As medidas foram divulgada poucas horas depois que o Banco Central anunciou uma nova flexibilização do depósito compulsório bancário, que pode elevar a liquidez do sistema financeiro em cerca de R$ 25 bilhões.
Tais recursos, que antes os bancos tinham que deixar depositados no BC, agora poderão ser oferecidos em créditos, especialmente para pequenas empresas, consumidores e exportadores.
O Banco Central já tinha anunciado no mês passado uma redução do depósito compulsório bancário e outras medidas para elevar a liquidez do mercado em cerca de R$ 45 bilhões.
Mantega assegurou que as medidas para facilitar o crédito para imóvel, assim como as anunciadas pelo Banco Central, têm como objetivo aumentar a oferta de crédito e melhorar a regulação do sistema financeiro.
“São medidas para aumentar a segurança jurídica das transações, reduzir custos e simplificar as operações de crédito. São medidas, pelo mesmo, que vão contribuir para aumentar a competitividade do sistema financeiro”, assegurou o ministro ao indicar que os bancos terão que reduzir os juros para disputar os clientes.
Mantega admitiu que o país sofre com a restrição de créditos mas negou que a economia enfrente dificuldades.
“A economia não está patinando. Está sólida. Temos pleno emprego. Em julho e agosto registramos uma aceleração. A inflação está sob controle e os preços dos alimentos caem, mas o crédito estava limitado. Agora esperamos uma melhoria do crédito (com as novas medidas) embora gradualmente”, afirmou.
O Banco Central elevou nos últimos meses a taxa básica de juros até seus maiores níveis em quase quatro anos para combater a inflação, o que encareceu o crédito e, segundo os analistas, contribuiu para a atual desaceleração econômica.
As medidas para tentar elevar o crédito foram reveladas cinco dias depois que o Banco Central admitiu que a economia retraiu 1,2% no segundo trimestre do ano frente ao primeiro.
Os analistas do mercado financeiro, que vêm reduzindo há 12 semanas sua projeção para o crescimento do Brasil em 2014, preveem para este ano uma expansão de apenas 0,79%.
Essa projeção permite esperar uma forte desaceleração após a ligeira recuperação de 2013, quando a economia cresceu 2,3% contra o 1% de 2012.
Fonte: UOL – Economia