Como Antônio Ermírio multiplicou R$ 10 e ajudou a 80 crianças

26 de agosto de 2014

Em uma brincadeira com o publicitário Washington Olivetto, o empresário tinha o desafio de usar o dinheiro para algo pessoal, mas preferiu multiplicar o valor e compartilhá-lo com quem precisava

Antônio Ermírio de Moraes

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, morto no domingo (24), era discreto na hora de ajudar os necessitados. Foi assim ao ser convidado pelo publicitário Washington Olivetto, sócio da WMccann (na época dono da WBrasil), a participar de uma brincadeira proposta por Paulo Lima, da editora Trip.

Olivetto teria de entregar uma nota de R$ 10 a uma pessoa rica e outra a uma pessoa de baixa renda. Ambos poderiam comprar o que quisessem. Em troca, Olivetto faria um artigo para uma das publicações da Trip.

O publicitário gostou da proposta e escolheu Antônio Ermírio de Moraes e um office-boy da agência para receberem a nota de R$ 10.

Um milionário talvez usasse o dinheiro para colocar uma ideia empreendedora, como comprar um pacote de balas no varejo e vendê-lo por dez vezes mais entre os amigos. Ou, quem sabe, pagaria por um café em um restaurante de luxo.

Mas Antônio Ermírio transformou a brincadeira proposta por Olivetto em um bem coletivo. Em uma emocionante carta encaminhada ao publicitário, explicou sua decisão.

Veja trecho da carta:

 

O empresário contou na carta que se lembrou da sua mãe, que todos os meses doava 10 mil réis ao Instituto de Cegos Padre Chico. Quando recebeu os R$ 10 de Olivetto, teve a ideia de ligar para duas religiosas do instituto e perguntar como poderia ajudar. Ele se comprometeu a manter o local durante um mês com o múltiplo dos R$ 10 do publicitário,pagando as despesas com escola de alimentação de 80 crianças. “Nunca, meu caro Washington, 10 reais fizeram tão bem à nossa alma”

Muito religioso, Antônio Ermírio de Moraes costumava ajudar de forma anônima os necessitados. Mas em algumas ocasiões a ajuda acabou se tornando pública. Foi assim quando concordou em ser garoto-propaganda de um comercial do Fiat Prêmio. Ao final do filme, o locutor avisa que o cachê do empresário havia sido doado ao hospital do câncer.

Em uma outra ocasião, o empresário participou de uma campanha na TV para aumentar a doação de sangue.

Fonte: IG