Falta de dinamismo é obstáculo para desenvolvimento do país, apontam especialistas

28 de agosto de 2014

Para economista, Brasil precisa ganhar competitividade para se consolidar como país de classe média

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Divulgação

A ausência do dinamismo econômico brasileiro é o principal obstáculo ao crescimento do país, e não a situação internacional como defende o governo federal. Essa foi a ideia defendida por Gustavo Loyola, sócio-diretor da Tendências Consultoria, e por Gustavo Franco, fundador da Rio Bravo Investimento, durante o 17º Fórum de Varejo da América Latina, que ocorre nesta terça e quarta-feira, em São Paulo.

– Se o problema é a crise externa, porque apresentamos nos últimos quatro anos, incluindo projeções para 2014, crescimento 47% inferior ao da América Latina e 52% menor à média global? – questionou Loyola, sustentando que momentos de bonança trazidos pelo mercado internacional são “raros” e que “desafios sempre existem”.

Os dois economistas foram presidentes do Banco Central e tiveram forte atuação na equipe econômica nos governos de Fernando Henrique Cardoso. Loyola chegou a citar que, em sua época à frente do BC (entre 1995 e 1997), houve “crise externa de verdade” e acrescentou que o que ocorre hoje “até parece piada”. Como de costume, eles defenderam a necessidade de haver a retomada do cumprimento do chamado “tripé macroeconômico”, que abrange o regime de metas de inflação, fiscais e pelo câmbio flutuante.

Franco complementou a apresentação de seu colega pontuando as “coisas que deram muito errado” de 2008 para cá – período pós-crise mundial. As principais críticas foram feitas a respeito da política fiscal adotada pelo governo Dilma Rousseff.

– Há uma maquiagem profunda nas contas que não nos permite saber de verdade o que está ocorrendo. E, então, o superávit primário desapareceu e está cada vez mais sujeito a operações com os bancos públicos que ninguém entende – declarou Franco.

A apresentação dos dois economistas foi antecedida por palestra de Mauro Borges, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na segunda-feira, durante almoço com empresários, Borges admitiu que o Brasil precisa enfrentar suas “fragilidades estruturais e conjunturais” para voltar a crescer.

O tom de seu discurso à plateia varejista foi um pouco mais otimista em relação ao de ontem. Mas ele voltou a frisar a necessidade de o país conquistar um maior nível de competitividade para que “as conquistas” tidas até até aqui, como a ascensão dos 40 milhões de brasileiros à classe média, sejam mantidas.

– A sociedade emergente deve conseguir manter essas conquistas, e a competitividade é a próxima conquista, ou temos o risco de não nos consolidarmos como um país de classe média – afirmou.

Fonte:  Extra – globo.com