“Tem que ralar para subir na vida”, ensina CEO que foi borracheiro e dublador

1 de setembro de 2014

Empresário trocava pneus e dublava filmes por dinheiro e hoje toca sua startup após ter recebido aporte milionário

Antes de tornar-se empresário, Stanlei Bellan fez um pouco de tudo. Trocou pneus em uma borracharia, estagiou na mesa de operações de um banco, traduziu livros e foi até dublador de filmes. Hoje à frente de uma startup que recebeu aporte milionário, o self made man ambiciona ajudar outras pessoas a repetir sua escalada.

Com essa ideia, o empreendedor de 38 anos assumiu o comando da Money Guru, um comparador de preços de serviços financeiros que agrega conteúdos para ajudar a equilibrar o orçamento pessoal. Bellan e outros consultores compartilham segredos para engrenar na carreira e nas finanças pessoais.

Quem não nasceu em berço de ouro, acredita, não tem outra opção exceto ralar muito para subir na vida. “Seja para criar a própria empresa ou tornar-se um executivo de sucesso, é preciso saber que nada cai no colo. O caminho é difícil e exige muita dedicação”, conta.

Nascido na terceira geração de imigrantes italianos em Jundiaí (SP), Bellan foi compelido a priorizar os estudos pelo pai, funcionário sem curso superior. Mas logo que passou em engenharia elétrica na Universidade de São Paulo (USP) deu os primeiros passos como empreendedor.

Aos 18 anos, colocou um anúncio no jornal e começou a prestar serviços de consultoria de informática. “Foi minha primeira experiência profissional”. Não demorou muito e começou a dar aula particular para os colegas com dificuldades, até receber uma proposta para ser professor de física de um cursinho pré-vestibular.

Nas horas vagas, Bellan foi borracheiro de um centro automotivo trocando pneus, fazendo alinhamento e balanceamento de veículos. Quando um colega montou uma produtora de vídeo, ele assumiu as instalações da empresa, e acabou tornando-se editor, tradutor e dublador de filmes.

Em seguida, foi admitido em uma grande empresa de engenharia elétrica, mas não gostou da experiência. Trocou o pacato emprego pelo de estagiário na mesa de operações de um banco. Não durou muito até ter a ideia de abrir uma empresa de internet. Apresentou o plano de negócios para seu chefe, que o demitiu e decidiu colocar dinheiro no negócio. “Virei seu sócio”, conta.

O site de entretenimento e apostas sofreu um baque com a bolha da internet, em 2000, e foi vendido logo depois. Daí Stanlei decidiu arriscar-se no ramo da publicidade. Montou uma agência com dois sócios até a empresa ser comprada pela Ogilvy, onde ele comandou toda a operação digital da agência.

Logo depois, o empreendedor trouxe para o Brasil o eHarmony, site de encontros e relacionamentos que fazia sucesso no exterior. “Anos após ser presidente executivo da empresa, chegou a hora de ir para meu terceiro empreendimento”, relata.

Bellan conseguiu ninguém menos que o britânico George Milford Haven, primo da rainha Elizabeth, para investir no negócio e tornar-se sócio e presidente da operação. O plano é de aportar até 13 milhões de libras no site que estreou no início do ano.

“Queremos ser o guru das finanças das pessoas. Ajudar as pessoas que batalham, que é 90% da população, a ganhar mais dinheiro e ter uma vida mais digna e feliz”, diz o empresário.

Divulgação/Lienio Medeiros

Stanlei Bellan

 

Casado há 14 anos e com três filhos, o empresário conta que já precisou apertar o cinto para acertar as contas no início do casamento, e diz que nunca usou mais que 30% de sua renda para a própria sobrevivência (morar, comer e se vestir).

“40% da renda tem de ir para satisfação”

O consultor financeiro costuma aplicar o que ele chama de operação SOS para solucionar problemas financeiros das pessoas. A sigla é uma abreviação de Sobrevivência, Obrigação e Satisfação. “Recomendo dar um jeito de gastar 30% de sua renda com sobrevivência, 30% com obrigação e 40% com satisfação”, resumo o guru do dinheiro.

No quesito sobrevivência, explica, entram moradia, alimentação e vestimenta. Obrigação incluem saúde, educação e locomoção. Em satisfação, 20% poupança, 10% diversão e 10% doação.

“Quando digo doação me refiro ao dinheiro do seu salário, como se fosse um dízimo, e não de tempo. Seja para uma instituição carente, um amigo necessitado, o importante é doar”, diz. Segundo ele, o ato de doar ensina a valorizar o dinheiro de forma correta e entender que é possível viver com o que se ganha. “Esse sentimento te faz se sentir um profissional e uma pessoa melhor”.

Para os endividados com a corda no pescoço, o guru do dinheiro sugere cortar o problema na carne. Em vez de tentar renegociar a dívida, fazê-la desaparecer de uma vez. “Se você comprou uma TV em 24 vezes e faltam 14 meses, devolva o dinheiro que deu e a TV para estancar a dívida.

Aos empreendedores, a sugestão é fazer o uso consciente das finanças. “Gastar mais do que se ganha, em uma empresa, é o caminho da falência”, diz. Outro conselho para empreender é ser pró-ativo, trabalhar em grupo e ter bom relacionamento, doando seu tempo e dedicação aos outros. “Tudo isso ajuda a subir na vida”, aconselha.

Fonte: IG – Economia