Artigos de Natal já estão nas prateleiras; saiba como economizar nas compras

20 de outubro de 2014

Ainda faltam mais de dois meses para o Natal, mas o varejo já está voltado para a comercialização dos produtos típicos da época

Declarada apaixonada por panetone, a aposentada Idalina Silva, 91 anos, ainda não comprou o produto, mas já começou a pesquisar os preços para levar mais pagando menos (Foto: Marina Silva)

Com um ano difícil para quase todos os setores da economia, a antecipação da venda dos produtos tradicionais das ceias de fim de ano surge como uma forma de amenizar os prejuízos, que não são pequenos. Enquanto os brasileiros estão preocupados com a eleição, com segundo turno marcado para o próximo dia 26, os comerciantes já estão com os olhos voltados para a data mais importante do varejo no país: o Natal. Quem circulou pelos mercados nos últimos dias percebeu que a capital baiana já entrou no clima natalino, pelo menos nas prateleiras dos grandes estabelecimentos de Salvador.

Apesar de um cenário ainda indefinido, o consultor de varejo da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), Rogério Machado, estima um crescimento de 15% nas vendas este ano em relação ao Natal passado. Segundo ele, desde a Copa do Mundo, em junho e julho, o desempenho do setor não tem sido bom, com queda aproximada de 1% comparado com o mesmo período de 2013.

“O varejo esse ano vai crescer mais do que a inflação, mas bem abaixo do ano passado. Estamos apostando todas as fichas no Natal para salvar esse segundo semestre”, destaca.

No Extra da Vasco da Gama, por exemplo, já é possível ver as gôndolas cheias da guloseima símbolo do Natal: panetone. E melhor, tem mais de uma opção de marca. Os preços, para uma embalagem com 400 gramas, variam de R$ 11,99 a R$ 13,99.

A promotora de vendas da Bauducco Lícia Silva diz que o produto, que começou a ser comercializado no local há cerca de duas semanas, já tem demanda. “Em menos de uma semana, vendemos cerca de 20 caixas”, comemora ela, mandando um recado para quem tem medo de comprar o perecível com tanta antecedência: “A validade é para março de 2015”.

O tempo para consumo não preocupa a contadora Marina Souza, 34 anos. “Amo panetone. Só não como o ano inteiro porque não acho para comprar e porque engorda”. Ela conta que, todos os anos, compra em média 50 caixas só para presentear funcionários e clientes.

“Ceia sem peru e panetone não é Natal”, ressalta ela, que comprou duas unidades do produto para garantir o lanche da criançada neste fim de semana. Segundo a promotora da Bauducco, os panetones vendidos agora não estarão na mesa no dia 24 de dezembro, pois são para consumo imediato. No entanto, ela aproveita para dar uma dica: “Não custa nada se programar. No ano passado, no dia 10 de dezembro, não tinha mais panetone aqui na loja”.

Frutas secas

Mas não é só o panetone que já está disponível para os consumidores. O estoque das frutas secas está visivelmente maior nos supermercados. No GBarbosa do Iguatemi há uma oferta grande de frutas desidratadas em pacotes de 100 a 250 gramas, como nozes, castanha do pará, passas, ameixa seca, damasco e amêndoas (veja tabela acima).

“Como esses produtos não perdem, vou comprando aos pouquinhos até dezembro. Afinal, eles custam caro e não podem faltar”, revela a aposentada Mirtes dos Anjos, 67 anos. Ela diz que, diferente da maioria, não costuma deixar para comprar em cima da hora. “Não gosto da agonia”.

O diretor comercial do GBarbosa, José Luiz Miranda, informa que a maioria dos produtos natalinos chega a partir do próximo dia 1º. “Teremos promoções especiais durante todo o período e manteremos sempre preços mais baixos que a concorrência”, garante ele.

Para estimular as vendas, cuja previsão de crescimento este ano é de 10% em relação ao Natal passado, o grupo vai permitir o pagamento parcelado dos itens sazonais.

No Hiper Bompreço do Iguatemi, já é possível ver até a árvore de Natal. Ela está decorando uma “ilha” de produtos de fabricação própria da loja, como panetone e pão Amsterdã, com o quilo saindo por R$ 10,98 e R$ 9,98, respectivamente.

No estabelecimento, também há várias marcas de queijos tipo Reino, mais conhecidos como “queijo cuia”, para escolher. O quilo do Vita, por exemplo, custa R$ 54,98. “Apesar dos queijos serem comercializados o ano inteiro, nessa época começa a aparecer mais opções de marcas e preços”, avalia o advogado Jorge Santos.

De acordo com a assessoria de comunicação do Bompreço, este ano os panetones da marca Bauducco chegaram 15 dias antes do início normal de vendas em relação aos anos anteriores e “essa antecipação deve-se ao crescimento de duplo dígito nas vendas do produto nos últimos anos”.

Somente com este produto, o estabelecimento prevê uma alta de 20% nas vendas em relação a 2013. Segundo eles, ainda nesta quinzena os consumidores passarão a ter acesso aos artigos de decoração natalina. Já as carnes da época (aves e suínos) chegam às lojas em meados do mês que vem.

Congelados

Quem não dispensa o peru, chester, tender e pernil terá de esperar mais um pouquinho. Essas delícias típicas do Natal ainda não chegaram nos supermercados. Um promotor de vendas da Seara, que preferiu não se identificar, informa que os pedidos já começaram a ser feitos, mas as mercadorias só devem chegar no próximo mês.

“Os lojistas estavam focados nos brinquedos para o Dia das Crianças”, justifica ele. Mesmo na prateleira com um mês de antecedência, ele disse que as vendas para o período só aquecem em dezembro. “Além de ter o hábito de deixar tudo para cima da hora, as pessoas compram muito com o 13º salário”, justifica.

Se o problema for a carne, o bacalhau pode ser a alternativa de quem gosta de comprar com antecedência. Em todos os três mercados citados há um lugar reservado para a venda desse peixe, que também costuma ser muito demandado nas festas de fim de ano.

Neste caso, há opções para todos os gostos e bolsos. O preço do quilo do bacalhau varia de acordo com o tipo e com o estabelecimento, mas pode ser encontrado de R$ 32,90 a R$ 81,90. “Vou levar logo dois quilos”, comentava uma consumidora com a filha. Questionada se era para o Natal, ela, com pressa, disse: “Que nada! Até lá compro pelo menos mais dois quilos de novo”.

Produtos de decoração já disponíveis até na internet

Engana-se quem pensa que só dá para comprar agora os produtos da ceia da noite do dia 24 de dezembro. Quem não abre mão de deixar a casa no clima natalino também já pode começar o garimpo.

Na Le Biscuit da Avenida Bonocô, por exemplo, no fundo da loja, tem três opções de árvore de Natal com preços que vão de R$ 29,99 a R$ 299, a depender do tamanho. Apesar de poucas opções, dá também para levar alguns enfeites para deixar a árvore decorada.

Quem não tem muita paciência de sair de loja em loja pode optar pelas compras via internet. O site Americanas.com já está com uma área exclusiva para quem quer preparar a casa para o Natal. Lá é possível comprar desde as árvores tradicionais, passando pelas mais modernas de fibra óptica, até os conhecidos pisca-piscas.

A depender do valor, é possível dividir o pagamento em até dez vezes sem juros no cartão de crédito. O portal também comercializa alguns produtos da ceia, como vinhos, panetones, chocolates e biscoitos, embalagens, cartões e CDs temáticos.

Por falar nesse último item, já tem livraria apostando no popular CD de Simone (25 de Dezembro) como trilha sonora da loja, a exemplo da Saraiva do Shopping Iguatemi abriu um espaço para comercializar produtos natalinos, com pagamento em até 10 vezes sem juros

Quem compra antecipadamente tem mais oferta e mais prazo

Maior variedade, mais tempo para pesquisar, mais prazo para pagar e nada de filas. Essas são algumas das vantagens de comprar os produtos de Natal com antecedência. No entanto, o consultor financeiro Emanuel Gonçalves diz que alguns pontos devem ser levados em consideração antes de sair por aí colocando tudo dentro do carrinho no supermercado.

“Em se tratando de alimentos é fundamental olhar a validade. Afinal, ainda faltam dois meses para o Natal”. Outra coisa que ele chama atenção é o local para armazenar os produtos, principalmente, os congelados. “Hoje, dificilmente as pessoas têm um freezer grande que dê para guardar de forma correta esses produtos”.

Em contrapartida, quem deixa para depois pode ser beneficiado pelas tradicionais promoções de última hora. “Mas isso é um risco. Pode ser que os preços fiquem mais caros também. Tudo depende da demanda”, pondera. Planejada, a cabeleireira Emília Costa não vê a hora de receber o 13º salário para comprar os produtos da ceia do dia 24 de dezembro.

“Espero o abono natalino sair para ir ao mercado, pois, com o dinheiro na mão, ainda consigo barganhar descontos”, diz. A estratégia dela é aprovada por Gonçalves, mas ele faz uma ressalva: “As pessoas que têm dívidas não podem esquecer de guardar um pouco do 13º salário”.

O consultor de varejo da Associação Bahiana de Supermercados (Abase) Rogério Machado diz que ainda está cedo para falar sobre preços, principalmente, para os produtos importados que sofrem a influência do dólar, como bebidas, brinquedos e peças de decoração.

“Essas últimas altas da moeda podem impactar no preço final, pois muitos contratos do Natal estão sendo fechados agora”, explica. Quando o assunto é lembrancinhas, o consultor diz que as vantagens e desvantagens são as mesmas.

No entanto, ele faz um alerta para os presentes. Isso porque o Código de Defesa do Consumidor só prevê a troca em casos de defeito. No entanto, algumas lojas concedem um prazo de 30 dias para troca. Ou seja, nada de comprar sem ter certeza.

Fonte: Correio* 24 horas