Concurso: Dicas para fazer uma boa prova discursiva

24 de outubro de 2014

Sala de aula de redação_corte690

Cada vez mais uma tendência nas provas de concursos públicos, mesmo para cargos de nível médio, as provas discursivas costumam aterrorizar muitos candidatos. Afinal, redigir um texto é muito diferente de marcar a alternativa correta em uma questão de múltipla escolha. Na pior das hipóteses, vale um “chute”, o que não é possível na redação.

Correndo o risco de dizer o óbvio, para escrever bem e corretamente é importante ter o hábito de ler. Mas isso nem sempre faz parte do dia a dia dos candidatos que, ainda assim, precisarão encontrar uma forma rápida de obter um resultado razoável na prova.

Conhecer a grafia das palavras e regras simples de pontuação é requisito necessário para o sucesso da empreitada, mas isso nem sempre é suficiente.

A boa notícia é que existem algumas dicas básicas que costumam funcionar em situações de emergência. Existe uma “receita de bolo” para as dissertações de concurso e, se o candidato tiver relativo domínio da língua portuguesa, será possível enfrentar o desafio com alguma segurança.

Tema e recorte do tema 

Escrever uma redação é como pintar um quadro: primeiro escolhe-se o tema, a ideia geral. Em seguida, é preciso definir um “recorte” para este tema, ou seja, detalhar melhor sob qual aspecto o assunto será abordado. Normalmente, o tema é fornecido no comando da prova e caberá ao candidato apenas definir o recorte. Por exemplo, o tema pode ser a violência nas grandes cidades; o candidato pode falar sobre como isso afeta a formação dos cidadãos, que vivem sob o estresse do risco permanente; pode falar sobre o que considera serem as causas da violência; pode fazer uma análise histórica do crescimento da violência ou pode propor soluções para o problema.

O importante é não se colocar em armadilha e escolher um viés em que se sinta à vontade para escrever. Se possível, aborde a parte do assunto sobre a qual tenha mais domínio – ou as melhores ideias. Lembre-se de que as redações de concurso não precisam ser peças literárias. É mais garantido escrever de forma simples e objetiva do que inventar construções complexas ou ideias mirabolantes, em que o próprio candidato corre o risco de se perder.

Além disso, evite palavras que não conheça bem, para não errar a grafia nem o significado, comprometendo o conteúdo. Sempre é possível dizer a mesma coisa, usando outras palavras.

Voltando à nossa receita, a dissertação básica tem: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução
Uma fórmula simples é iniciar com uma declaração (afirmação ou negação de algo): tópico frasal. Por exemplo: A violência nas grandes cidades teve um crescimento impressionante nas últimas décadas.
A seguir, ainda no primeiro parágrafo, podem ser abordados três argumentos sobre o assunto e que serão desenvolvidos nos parágrafos seguintes.

Desenvolvimento
Desenvolver um argumento em cada parágrafo garante que nenhum deles fique esquecido e cria uma organização para o texto.

Conclusão
Retoma-se o tema e acrescenta-se uma ideia, que pode ser uma solução ou um posicionamento, por exemplo.

Cuidados importantes
Coesão: O texto precisa ter um encadeamento de ideias e não ser um amontoado de frases soltas. Dito de outra forma, os parágrafos e as frases precisam estar ligados uns aos outros, como se fosse um alinhavo. A isso se chama coesão. Assim, começar os parágrafos de desenvolvimento com: Um dos motivos… ou Outro aspecto importante… ou (quando se quer lançar uma ideia contrária) Por outro lado…

Coerência: O “alinhavo” do texto se faz com o uso de elementos de ligação (conectores). Mas é preciso atenção com o que se deseja expressar, para escolher adequadamente o conector (ou expressão). Sem esse cuidado, o texto perde a coerência. Por exemplo: Eu estava cansada; portanto, saí para dançar. Fica sem sentido. Uma alternativa mais coerente seria: Eu estava cansada; apesar disso, saí para dançar.

A coerência também é importante em relação ao conjunto do texto. Se na introdução são lançados argumentos negativos, o desenvolvimento e a conclusão devem seguir a mesma linha.

Limites: Toda dissertação ou questão discursiva tem um número de linhas exigido. Atenção a esses limites (número mínimo e máximo de linhas), para não ser desclassificado ou perder pontos bobos.

Cuidado também para não invadir as margens estabelecidas no papel, pois isso pode ser considerado marcação indevida e descontar pontos ou até eliminar o candidato.

Como começar
Eu sugiro que o candidato primeiro resolva todas as questões às quais puder responder de imediato na parte objetiva da prova. E estabeleça o tempo máximo que poderá gastar na discursiva.

Leia o tema proposto – às vezes é dado um texto base sobre o assunto – e comece a fazer o esboço da redação. Escreva as ideias que surgirem em poucas palavras e sem muita crítica. Depois, faça uma avaliação e selecione o que pode ser usado para cada etapa do texto. Atenção para não fugir ao tema. Risque o que não vai servir e comece a desenvolver o rascunho do que será utilizado.

Escrever é um processo de criação e isso não funciona com pressão. Então, enquanto estiver fluindo, siga no trabalho, passando de uma etapa para a seguinte. Se tudo correr bem, vá até o fim, inclusive passando a limpo, com letra legível.

Se perceber que travou e não está conseguindo produzir, volte à parte objetiva da prova, para não perder tempo. E retorne depois para concluir a dissertação, sabendo que a parte das questões está adiantada. Essa tranquilidade ajuda a mente a relaxar e voltar a criar. Mas fique atento ao tempo gasto, para poder finalizar alguma questão pendente e marcar o cartão-resposta.

OBS: A proposta desta coluna é dar uma ideia geral para quem está totalmente perdido em relação às provas discursivas, mas não substitui um bom curso de redação com o professor especializado.

Vale lembrar que existem serviços on-line de correção de redação. O aluno pode escrever o texto, escanear e enviar, de qualquer lugar do mundo, para um professor corrigir e passar as orientações necessárias.

Fonte: G1