Pessoas preguiçosas podem ser os funcionários mais eficientes
Em quase qualquer trabalho hoje em dia, espera-se que o empregado dê o máximo de si em favor do projeto. Mas há aqueles que preferem fazer o mínimo possível – mesmo quando possuem capacidade para realizar muito mais.
Em um mundo tão estressante quanto o dos dias de hoje, algumas das pessoas mais inteligentes preferem um emprego que pague bem o suficiente e exija o mínimo do seu cérebro.
Fomos ao site de perguntas e respostas Quora para conversar com algumas pessoas sobre as opções profissionais que fizeram. A pergunta que fizemos foi: quais são os melhores empregos para pessoas inteligentes, mas preguiçosas?
Eis o que elas responderam.
AULAS DE INGLÊS NA CHINA
O designer de jogos de computador Andy Lee Chaisiri respondeu: “Talvez um entre três professores de inglês que conheci em Pequim se descreve como uma pessoa muito inteligente, mas preguiçosa.”
Ele explica que a função de professor de inglês rende bons salários na China devido à alta demanda. A relativa baixa oferta de professores também faz com que os padrões para quem trabalha como professor de inglês sejam bastante baixos. Em muitos casos, ser nascido em algum país de língua inglesa já é suficiente para conseguir alunos.
Chaisiri explica que os horários flexíveis fazem com que muitos deem aulas de inglês por meio período – no resto do tempo, eles podem viajar, estudar ou até mesmo ter outro emprego.
Caso um dia queiram se dedicar integralmente às aulas de inglês, as perspectivas financeiras não são ruins.
“O nível de renda é parecido com o de pessoas de classe média com nível universitário que trabalham 50 horas por semana e fazem hora-extra até a morte”, diz Chaisiri.
TECLADO E PIJAMAS
Para quem é preguiçoso demais a ponto de não querer sair de casa e nem tirar o pijama, o programador Paul Denlinger recomenda a sua profissão.
“Programador de computador é um processo contínuo de aprendizagem, mas você não precisa trabalhar tão duro, e aos poucos aprende que muitos dos desafios se repetem.”
A própria natureza da profissão incentiva que se faça pouco.
“Bons programadores escrevem o mínimo de linhas de código possível, e é uma profissão que costuma pagar bem, incentivando a preguiça”, diz Denlinger.
“Ao mesmo tempo, você acaba trabalhando com pessoas razoavelmente inteligentes e técnicas, graças a investidores que bancam o seu trabalho, por estarem atrás de uma grande nova ideia.”
Chris Leong, programador australiano, sugere ainda outro caminho: trabalhar na mesma função, só que para o governo. No seu país, a maior parte dos programadores – tirando a função de chefia – trabalha 35 horas por semana.
ESPECIALISTA… EM QUALQUER COISA
“Minha opinião é que o melhor emprego possível para alguém que é inteligente mas preguiçoso é se tornar um especialista profissional em qualquer coisa. Ser pago para simplesmente compartilhar seus pensamentos e opiniões a respeito de tudo – e deixar os demais fazerem o trabalho duro”, diz Matthew Kuzma.
Ele sugere que as pessoas identifiquem atividades que gostam de fazer ao ponto de nem pensarem nisso como trabalho.
“Existe uma chance de que as coisas que são divertidas e fáceis para você sejam tão chatas para outra pessoa que ela estaria disposta a pagar alguém para fazer isso por ela.”
TRABALHAR NA MICROSOFT?
Nem sempre a preguiça é vista como um valor negativo. Há quem veja a tentativa de realizar projetos com o mínimo esforço como uma forma de aumentar a eficiência do trabalho.
Arvind Krishnan lembra uma citação de Bill Gates: “Eu sempre vou preferir chamar uma pessoa preguiçosa para fazer uma tarefa difícil, porque ela vai achar o jeito mais fácil de fazê-la.”
Fica a dica de Krishnan a todos os preguiçosos do mundo: “Parece que vocês todos têm chances de conseguir um emprego na Microsoft.”
Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Capital.
Fonte: BBC Brasil