Jovens, o desafio de um mercado de trabalho em expansão

25 de novembro de 2014

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São inegáveis os avanços ocorridos no mercado de trabalho das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE desde 2002, quando teve início a atual série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). O processo de melhoria da renda e de queda do desemprego, gradual e sustentável, nesse período, significou uma mudança estrutural na economia do país, em direção ao pleno emprego. O grande desafio é evitar que peripécias heterodoxas comprometam esses ganhos no futuro.

Persiste, entretanto, a preocupação em relação ao emprego dos mais jovens. A taxa de desocupação na faixa etária de 18 a 24 anos, nas seis regiões, caiu desde 2010, quando era de 15%, para 12,9% em agosto de 2014. Porém, permanece bastante elevada, especialmente se levarmos em conta que a taxa de desocupação do país, para a totalidade da população economicamente ativa, foi de 5,0% no mesmo mês de agosto, ainda de acordo com o instituto.

Algumas regiões mostraram progressos mais significativos na inserção dos jovens no mercado de trabalho. Em Belo Horizonte, por exemplo, o desemprego dessa faixa da população caiu de 10,7%, em agosto de 2010, para 8,7% no mesmo mês de 2014. Recuo importante também foi apurado em Recife que, embora ainda mantenha uma taxa elevada (16,7% em agosto), reduziu bastante o patamar em quatro anos já que, em 2010, a taxa na região chegava ao assombroso patamar de 20,3%.

Nenhuma região tem mostrado, entretanto, vigor maior do que o Rio de Janeiro. Na Região Metropolitana do Rio, a taxa de desocupação para os jovens de 18 a 24 anos caiu, de 2010 a 2014, de 14,5% para 7,3%. A queda, superior a sete pontos percentuais, supera em muito a registrada em São Paulo, região que detém o maior PIB do País e cuja desocupação para os jovens está no patamar de 13,9% em agosto de 2010, era de 14,6%.

De maneira geral, o mercado de trabalho permanece aquecido no país, apesar do crescimento pífio da economia. Os resultados do emprego ainda não refletem a crise do baixíssimo investimento porque o consumo prossegue em expansão, mesmo que em ritmo mais lento. Mesmo com a redução do crédito disponível e a perda de vigor no aumento do rendimento, a renda das famílias ainda está em boa parte voltada para as compras e o consumo do governo também continua em alta.

Especificamente no Rio, que hoje apresenta os melhores resultados apurados pelo IBGE – a taxa de desocupação na região, onde já há pleno emprego, foi de 3% em agosto, a menor entre as seis regiões -, a maior empregabilidade dos jovens responde a mudanças estruturais na economia fluminense.

O movimento de intensa industrialização que ocorre no Estado do Rio inclui, obviamente, a região metropolitana. Os distritos industriais que se multiplicaram em localidades como Campo Grande, Caxias, Paciência, Palmares, Queimados e Santa Cruz estão ampliando as perspectivas profissionais dos jovens.

O aquecimento do mercado de trabalho no Rio de Janeiro vai além da indústria e inclui segmentos como construção, serviços e a própria administração pública. Como resultado, a renda média real, na Região Metropolitana, já chegou a R$2.320,90.

Como destacou o economista do Ibre / FGV, Fernando de Holanda Barbosa Filho, em artigo publicado em O Estado de São Paulo em 28 de setembro, os dados do Rio são de tal forma positivos que estão influenciando, de forma determinante, o resultado médio das seis regiões. “Os números fluminenses melhoram muito o resultado da PME como um todo”, disse ele.

Mais que comemorar o bom desempenho do mercado de trabalho, no restante do país e, sobretudo, no Rio, é importante garantir a eficiência na gestão da economia e das contas públicas, para que os ganhos registrados nos últimos anos perdurem para as próximas gerações.

Julio Bueno é secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro.

Fonte: Brasil Econômico