Ter boa equipe e ser mais visível são os maiores desafios

1 de dezembro de 2014

Maratona Valor PME Pequenos empreendedores encontram dificuldade em divulgar melhor a marca

trabalho-em-equipeConseguir mão de obra especializada para a expansão de projetos e ser mais conhecida pelo mercado são os principais desafios de pequenas e médias empresas das áreas de recursos humanos, tecnologia e saúde ouvidas pelo Valor, entre os participantes da Maratona Valor PME 2014-Líderes Inspiradores. Para os empresários, além de dificuldades já conhecidas na gestão de negócios, como carga elevada de tributos e burocracia, parte dos contratos estão travados este ano por conta da desaceleração da economia, principalmente na indústria. “Metade dos investimentos dos nossos clientes não saiu do papel”, dizem os irmãos Renato e Ronaldo de Souza, sócios da Life Recursos Humanos.

Para compensar uma queda de 15% nos negócios nos últimos dois anos, a empresa familiar vai investir em uma rede de representantes. “O desaquecimento econômico trouxe vendas fracas e engavetou vários projetos”, diz Renato, durante um dos intervalos da Maratona Valor PME. A ideia da dupla é que a equipe de coligados da Life cresça de 80 para 100 membros, até 2015, e consiga descentralizar os contratos da companhia.

Especializada na intermediação de mão de obra, a organização de 50 funcionários criada em 1997 seleciona desde estagiários até executivos de alta gerência, em todo o Brasil. Promete reposição de vagas em até 48 horas e mantém um banco de dados com mais de um milhão de currículos. Também administra os departamentos de recursos humanos nas empresas. “Temos 2,5 mil pessoas trabalhando em clientes”, diz Ronaldo.

Segundo os empresários, há demanda de pessoal no setor de varejo, mas é a indústria que mais sofre com o breque da economia e congela as contratações. “Todos os setores ‘choram’ com a crise, mas na indústria é pior”, concordam. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o emprego no setor caiu 0,4% em agosto, na comparação com julho, no quinto mês seguido de retração. No ano, o índice acumula queda de 2,7%. Em comparação a agosto do ano passado, o emprego nas plantas brasileiras recuou 3,6%. O número de trabalhadores recuou em praticamente todos os locais pesquisados pelo IBGE, com destaque para São Paulo, onde a queda foi de 4,8%, puxada pelo segmento de meios de transporte (-7,3%).

Além do período de vacas magras, a companhia precisa driblar obstáculos como a escassez de mão de obra especializada para o preenchimento de posições estratégicas. “O país precisa de mais investimento em educação”, diz Renato.

Para não deixar os clientes na mão, a Life investe de 4% a 10% do faturamento na capacitação de profissionais, antes de despachá-los para o mercado.

Na OneBuy, startup de tecnologia com 18 funcionários, o problema é fazer com que o mercado conheça mais o serviço que vende. “Estamos batendo de porta em porta e usando nossas redes de contato”, diz o sócio Affonso Giaffone. O que também ajuda a companhia é a cartela de clientes que já começou a montar, com lojas importantes no mundo virtual, como a Giuliana Flores e a NetFarma.

O carro-chefe da empresa é um sistema em que o internauta pode fazer compras sem ter de informar dados como o número do cartão de crédito, explica Giaffone. O cadastro do comprador fica com a processadora das transações e é protegido de invasores. “Estamos com cinco mil transações ao mês, com a meta de chegar a 120 mil mensais, até meados de 2015.”

Giaffone trabalha com mais quatro sócios, como o economista Luiz Fernando Figueiredo, da gestora de recursos Mauá Sekular e ex-diretor de política monetária do Banco Central (BC). Antes de montar a OneBuy, parte da equipe da empresa trabalhava junta, desde 2000, em uma desenvolvedora de softwares de gestão de compras para o setor de seguros.

Com formação em engenharia civil, Giaffone já atuou no setor de blindagens de veículos e foi piloto de Fórmula 3.

No próximo ano, depois de consolidar uma base de, pelo menos, 20 clientes no Brasil, o empresário pretende entrar no mercado americano. “Lá fora, os lojistas eletrônicos são ainda mais abertos à inovação”, justifica. Para isso, a empresa já tem três patentes da solução em fase de registro nos Estados Unidos e traduziu o sistema para o inglês e espanhol.

Na Dinâmica, consultoria da área de saúde e benefícios com sede em Americana (SP), o calcanhar de Aquiles é encontrar vendedores para regar o caixa. “Estamos precisando de 50 pessoas para o departamento comercial”, diz o sócio Celso Soares, que comanda 70 funcionários. O plano do empresário é fortalecer entregas de seguros de vida e de saúde.

Criada em 1994, a empresa atua no interior paulista e oferece projetos de planejamento estratégico, expansão de mercado e de equilíbrio financeiro para hospitais e gestoras de planos médicos. Entre seus clientes, estão a Santa Casa de Ribeirão Preto e a HB Saúde, de São José do Rio Preto. “O nosso trabalho é fazer com que as organizações cresçam, mas com um salto de qualidade”, diz.

Segundo o especialista, a HB é cliente da consultoria há dez anos. Em oito anos, passou de 14 mil para 110 mil beneficiários. Nos próximos meses, a Dinâmica pretende explorar a área de administração de benefícios, para categorias profissionais e empresas. “O foco da expansão será a Região Metropolitana de São Paulo”, diz.

Fonte: Valor Econômico – Especial – Pequenas e Médias Empresas