Fim do ano abre oportunidades para ganhar renda extra no comércio. Com as atitudes certas, é possível ser efetivado ao fim do contrato
As datas comemorativas do fim do ano e o consequente aumento do movimento do comércio levam lojistas a buscarem trabalhadores temporários para reforçar a equipe. De acordo com a Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), devem ser abertas entre 6 mil e 7 mil vagas no Distrito Federal neste período, com destaque para os setores de roupas e calçados. Segundo dados do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), deve haver abertura de 4 mil vagas para o período entre novembro e janeiro. No ano passado, cerca de 4,5 mil trabalhadores foram empregados no fim do ano na capital federal.
Nacionalmente, a previsão da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de 138,4 mil vagas para temporários neste período, o que significa um crescimento de 0,7% em relação ao ano passado. Para a CNC, a maioria das vagas será gerada no comércio, especialmente nas áreas de vestuário e de calçado. Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 53% das empresas contrataram ou pretendem contratar trabalhadores temporários neste fim de ano. O levantamento, realizado com 623 empresários dos segmentos de serviços e de comércio nas 27 capitais do país, mostra que a maioria das contratações deve ser fechada ainda neste mês. As entidades preveem que 209 mil pessoas serão admitidas em cargos temporários até dezembro em todo o país, número inferior ao do ano passado, quando a estimativa era de 233 mil vagas (veja quadro).
Segundo o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, a queda se deve a uma mudança na legislação dos contratos temporários (veja O que diz a lei). “Agora os empregadores podem contratar temporários por até nove meses. Com isso, pessoas que entraram em outras datas comemorativas, como o Dia das Mães, podem continuar até o início de 2015”, explica. Castro diz, ainda, que a demanda por trabalho temporário é constante: mais de 300 lojistas acionaram o balcão de empregos do sindicato desde o início do ano.
Os perfis de quem procura trabalho sazonal são diversos: há jovens que buscam o primeiro emprego, estudantes que querem ter renda extra durante as férias, pessoas que desejam recolocação no mercado, além de profissionais que fazem do trabalho temporário uma fonte de renda quase fixa, passando de um emprego a outro durante o ano. Independentemente do perfil, essa modalidade de serviço pode abir outras portas. “Em datas como o Natal, o funcionário entra em contato com vários tipos de clientes, e a relação com eles pode levar a vagas melhores ou a um trabalho fixo. É uma chance de fazer networking”, diz Rose Mary Barbosa, diretora executiva de Negócios da Soma Desenvolvimento Humano.
Trabalho de férias
A estudante de 8º semestre de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) Leda Barbosa, 25 anos, pretende trabalhar em uma livraria para complementar a renda nos próximos meses. Apesar de não ter experiência em vendas, ela acredita que características de sua personalidade podem ajudar na seleção. “Nunca trabalhei em lojas, mas já tive experiência com atendimento ao público. Sou comunicativa, gosto de trabalhar em contato com pessoas, então acho que isso deve ajudar”, diz. Como vai se formar em breve, Leda não tem intenção de continuar no trabalho depois das férias. “Quero trabalhar na minha área de estudo, por isso, pretendo ficar neste emprego só durante alguns meses”, afirma.
Nesses casos, o consultor em gestão de pessoas Eduardo Ferraz recomenda franqueza por parte do candidato. “Como falta mão de obra, vale a sinceridade: diga que você pretende ficar três meses, mas que está disposto a aprender e a se esforçar. No entanto, é preciso avisar que o empregador normalmente procura aqueles que têm possibilidade de permanecer após o contrato temporário”, diz. Para os novatos que querem se destacar nas seleções, a dica é conhecer o mercado. “É importante ter conhecimento sobre o produto. Assim, um vendedor vai ter todos os argumentos para que o cliente compre. Além disso, mostrar qualidade no atendimento e conseguir captar o que o cliente deseja também são características positivas”, explica Rose Mary Barbosa, Soma Desenvolvimento Humano.
Segundo dados do Sindivarejista, cerca de 20% dos funcionários temporários do DF são efetivados ao fim do contrato, percentual que pode variar entre diferentes setores do mercado. Esse foi o caso do assistente de logística Jorge Alfredo Gomes da Hora, 32 anos, efetivado após atuar como temporário durante um mês em uma loja de produtos eletrônicos e culturais, em dezembro do ano passado. Ele foi convidado a retornar alguns meses depois do fim do contrato e está empregado há seis meses. “A dica para se destacar é se empenhar e dar seu melhor sempre. Meus colegas também me ajudaram bastante.”
Para a gestora de Recursos Humanos do Brasília Shopping, Samille Cazetta Gebien, a chave para chamar a atenção dos chefes e conquistar uma vaga fixa é mostrar comprometimento. “É preciso saber conciliar agilidade e qualidade no trabalho. Quando se identifica um profissional que tem perfil interessante, há interesse em reter a pessoa. Isso beneficia as duas partes”, diz. No entanto, algumas atitudes podem afastar a contratação, como explica Eduardo Ferraz. “Mostrar descompromisso, chegar atrasado e ter relacionamento ruim com colegas e com clientes são atitudes que dificultam a efetivação”, enumera.
Fonte: correiobraziliense.com.br