O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aproveitou o painel mais importante do Fórum Econômico Mundial para anunciar mais amplamente as mudanças na política econômica brasileira – da ênfase no consumo para o estímulo ao investimento, arrumação das contas públicas, realinhamento de preços e reformas para facilitar o crescimento. A política, explicou, será baseada em instrumentos tradicionais.
O ministro reafirmou a intenção de conseguir neste ano um superávit primário – dinheiro destinado ao pagamento de juros – equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Absteve-se de explicar o mau estado das contas públicas brasileiras. Ao mencionar o baixo crescimento econômico do País, limitou-se a mencionar “vários fatores” e apenas citou como exemplo a queda de preços das commodities exportadas.
Sem entrar nos detalhes da orientação seguida nos últimos quatro anos, apontou a necessidade de mudar a ênfase para o investimento. Além disso, atribuiu “em parte” às eleições a queda do montante investido no ano passado.
Como a discussão do cenário global envolvia o problema do emprego, o ministro apontou uma diferença mencionada frequentemente por seu antecessor: a criação de milhões de postos de trabalho no Brasil nos anos posteriores à crise de 2008. Não se referiu à qualidade e à produtividade dos empregos criados. “Houve muita criação de emprego nos últimos anos, muitos milhões. Temos uma das mais baixas taxas de emprego da nossa história, a mais baixa, de fato. A renda subiu muito, houve muita inclusão”, disse o ministro. “Mas de alguma forma esse processo começou a desacelerar no último par de anos, em parte por causa das mudanças no preço de commodities, em todo o mercado emergente. E decidimos mudar. Tivemos eleições no ano passado, e essa foi uma das palavras mais faladas. E o governo, a presidente, decidiu no começo deste ano tomar algumas ações”, complementou.
Levy participou de um painel sobre perspectivas da economia global, uma das sessões tradicionalmente mais concorridas. No ano passado, ninguém foi capaz de prever a queda do preço do petróleo, os ataques do Estado Islâmico e a crise na Crimeia, comentou no início o coordenador do debate, Lawrence Fink, presidente da gigante de investimentos Black Rock.
A redução dos preços do óleo e as enormes emissões de dinheiro anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE) foram destacadas por todos como fatores positivos para o crescimento mundial.
As duas novidades abrem espaço para maior investimento, comentou o vice diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, o economista chinês Min Zhu. O dirigente do FMI insistiu na importância de maiores investimentos produtivos tanto na Europa quanto em várias economias emergentes, incluída a brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: R7