Cenário de investimentos no Brasil é promissor para 2015

28 de janeiro de 2015

exportações_brasileirasA sinalização do mercado de capital é positiva. Esse deve ser um ano promissor quanto à manutenção e ao crescimento do interesse de investidores nacionais e estrangeiros em médias e grandes empresas brasileiras. Acredito que teremos mais fundos soberanos estrangeiros vindo para o Brasil neste e no próximo ano. Houve uma evolução nos negócios no mercado nacional, principalmente nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Espírito Santo e Piauí.

Investimentos nos setores de construção, logística – o grande desafio -, varejo farmacêutico e de eletrodomésticos, refeições coletivas e portos particulares (para apoiar o escoamento da produção agrícola e industrial) são os que vêm atraindo mais olhares. O setor educacional segue em consolidação, comandado pela Kroyon Anhanguera e grupos regionais buscando sócios investidores para defender seu negócio.

Lembro que, há 20 anos, antes da estabilidade trazida pelo Plano Real, o capital era volátil; entrava e saía. Hoje, apesar da crise de confiança na economia, os fundos pensam em ficar em média sete anos para ter o payback em retorno de três vezes ou mais do investimento.

Levantamento do Centro de Estudos de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) da FGV/SP reforça essa expectativa quando mostra que os fundos injetaram cerca de US$ 7,6 bilhões no país ao ano, entre 2010 e 2013. Esse valor investido é o dobro do volume aportado no Brasil nos três anos anteriores ao período analisado. Os autores da pesquisa também projetam um aumento de 15% a 20% ao ano do capital comprometido da indústria de PE/VC no Brasil.

Mas alguns percalços na economia podem mexer com o quadro de investimentos. Na infraestrutura, a Operação Lava Jato entrou de frente nas gigantes do setor, o que abre espaço para que novas companhias surjam. Empresas terceirizadas, por exemplo, podem ter bons ativos, mas, por conta da crise, vão precisar se reinventar. O mesmo vale para a área de gás e óleo.

A crise de confiança na economia também tem mexido com os ciclos de negociação dos fundos private equity que investem no Brasil, que estão com maior nível de detalhamento e análises mais demoradas. No primeiro semestre de 2014, por exemplo, fundos de PE e VC fecharam 74 operações no Brasil, enquanto no mesmo período de 2013 foram concluídas 115 transações, de acordo com a consultoria TTR.

Mas não gosto de olhar o Brasil como um todo. Precisamos atentar para os investimentos em cidades menores – também uma novidade de 15 anos para cá – como já aconteceu em Vitória (ES), Paraupepas (PA), Jaraguá do Sul (SC), Rondonópolis (MT), Imperatriz (MA) e agora na fronteira agrícola de “Mapitoba” (Maranhão / Piauí / Tocantins/ Bahia).

Olhando esse cenário, verifica-se que ainda há muito a se prospectar no país. Esse crescimento no interior torna as empresas locais/regionais com perfil quase sempre familiar visíveis e alvo de produtos financeiros a que antes não tinham acesso.

É fato que os investimentos estão mais elásticos e os fundamentos para receber os aportes mais difíceis, mas o panorama é bom para 2015. Mesmo sendo um ano difícil para a economia brasileira, os fundamentos de longo prazo mantêm atraentes os investimentos e podem ajudar o país, inclusive, na retomada do crescimento.

Fonte: Brasil Econômico – Opinião