Kunjav Zaveri diz já ter se candidatado a mais de mil empregos pela internet desde que foi demitido no ano passado. Até agora o número de respostas que recebeu foi… zero
Para quem procura trabalho, apertar no botão “enviar” dá a sensação de mandar seu currículo para uma espécie de buraco negro, onde nunca mais se terá notícias dele.
Zaveri, que cresceu em Londres mas mora na Lituânia, diz que se importaria menos de ser rejeitado em uma entrevista de emprego.
“Pelo menos isso me daria uma sensação de satisfação e me daria uma ideia das minhas debilidades e de áreas em que posso melhorar”, diz ele.
A falta de respostas – ou até uma resposta negativa educada por e-mail – é frustrante, mas existe alguma alternativa para quem busca emprego? É provável que você nunca consiga entender o que aconteceu com seu currículo em “buracos negros” do passado.
Mas existem algumas coisas que podem ser feitas para aumentar as chances de ser percebido pelo empregador.
1. QUALIDADE, NÃO QUANTIDADE
Pode parecer contraditório para quem está desesperado por um emprego, mas é importante ser seletivo ao enviar currículos.
“Ninguém deve se candidatar a ‘milhares de empregos’. Nem mesmo centenas”, diz Mary Elle Slayter, consultora de carreiras e especialista em processos de seleção de currículos online do site Monster.com.
“É simplesmente improvável que alguém seja qualificado para muitos empregos ao mesmo tempo. Se fizer isso, se prepare para ficar decepcionado”, diz ela.
O foco deve ser sempre dirigido para promover as características exigidas pelos empregos que você realmente quer exercer.
“Se não tiver, é hora de encontrar tempo para desenvolvê-las, através de cursos ou atividades voluntárias. Nenhum truque de currículo consegue mascarar a falta de conhecimento técnico.”
2. USAR PALAVRAS-CHAVE NÃO FUNCIONA
Muitas pessoas enviam seus currículos com várias palavras-chave que são detectadas por sistemas ATS (“applicant tracking system”, um software que faz seleção automática de candidatos). Estudos mostram que 75% das grandes empresas usam ATS.
Mas Matt Sigelman, diretor da empresa de recrutamento Burning Glass, de Boston, diz que só usar palavras-chaves para “convencer” o ATS não funciona.
O software sofisticou-se nos últimos anos. Ele está mais focado em “entender” a evolução a carreira do candidato do que simplesmente avaliar uma lista de empregos.
Para isso, Sigelman recomenda que o currículo construa uma espécie de “narrativa”, com uma evolução coerente da carreira do candidato.
“Um currículo com uma narrativa é essencialmente o que todo currículo deveria tentar ser, algo que explique a história da sua vida profissional de tal forma que fique claro que o novo emprego – para o qual está se candidatando – é um novo capítulo nessa história”, diz Sigelman.
Em vez de descrições genéricas sobre cada trabalho realizado no passado, é preciso escrever cada texto colocando ênfase nas experiências, conhecimentos e até mesmo no vocabulário relevantes para a vaga em questão.
3. FAÇA A LIÇÃO DE CASA
A coisa que mais irrita a executiva de uma agência de seleção de candidatos na Austrália, Mary Goldsmith, são pessoas que “nem se dão ao trabalho de refletir no seu currículo as necessidades da organização, ou as exigências da vaga”.
Não “customizar” o currículo deixa uma péssima impressão no empregador.
“Parece preguiçoso, pode até mesmo parecer desrespeitoso com a pessoa que está selecionando para a vaga”, diz Goldsmith.
Pesquise bastante sobre a empresa antes de se candidatar à vaga. Olhe tanto o site da empresa quando a página dela no LinkedIn.
Veja quem trabalha lá e entre em contato com pessoas relevantes. Entenda o perfil dos funcionários da empresa para saber que tipo de experiência é importante para a companhia.
“Use esses dados para modificar seu currículo e decida se você se encaixa bem na vaga e se vale a pena se candidatar.”
4. ‘NAME DROPPING’
Se você tem experiência em uma grande empresa, tire vantagem disso. A recomedação é de Steve Yeong, que trabalha com recrutador na agência Hof Consulting, de Cingapura.
Em inglês existe até um termo para isso: “name dropping” – que significa mencionar um nome de uma empresa ou de uma pessoa importante para impressionar os demais.
“Continue sublinhando essa experiência ao longo do currículo”, diz Yeong. Se a pessoa passou por empresas rivais, melhor ainda, já que muitas companhias gostam de contratar quem já passou pela concorrência.
5. ‘QUEM INDICA’
Não interessa o quão bem você elaborar o seu currículo ou carta de apresentação, nada bate um contato pessoal.
“Tudo muda constantemente no mundo das buscas de emprego, mas algumas coisas sempre continuam iguais”, diz Wendy Enelow da consultoria americana Resume Writing Academy. “Fazer ‘networking’ (contatos) ainda é a tarefa número um na busca por empregos.”
Fonte: BBC – Brasil