Mais de um terço dos brasileiros casados não sabe quanto o parceiro ganha

2 de março de 2015

De modo semelhante, apenas 31% das famílias conversam com frequência sobre os gastos da casa. 25% dos casais também não compartilham seus gastos pessoais

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Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz revela que mais de um terço dos casais brasileiros (35%) não sabe ao certo o valor do salário do companheiro. O estudo também mostra que o hábito de discutir o orçamento familiar com o cônjuge e com outros membros da família é pouco frequente: apenas 31% das famílias brasileiras  conversam abertamente sobre os gastos e as receitas da casa.

Ainda de acordo com a pesquisa, o conhecimento sobre os ganhos do parceiro é uma condição compartilhada pelas duas partes envolvidas na relação: em 86% dos casos em que o cônjuge sabe quanto ganha o entrevistado, este último também está ciente dos rendimentos do parceiro. Mas ao mesmo tempo, quando o cônjuge desconhece quanto ganha o entrevistado, apenas 23% destes garantem conhecer o salário do companheiro.

Em 33% dos casos um integrante paga todas as contas

O estudo também detectou comportamentos sobre a dinâmica financeira da família brasileira. De acordo com a pesquisa, o mais comum dentro das casas é que apenas um único morador seja responsável por pagar as contas – com mais de um terço (33%) das respostas. E outros 26% garantem que os gastos são divididos igualmente entre aqueles que possuem renda.

Quando chega o momento de decidir sobre os gastos da casa, 44% dos entrevistados garantem que tomam as decisões em conjunto com os outros familiares. Este comportamento é ainda mais comum entre os casados (58%). A pesquisa também indica que, nas famílias em que os membros tomam as decisões em conjunto, 58% deles garantem conversar sobre os gastos da casa. Já nas famílias em que apenas um integrante decide, a conversa está presente em apenas 21% dos casos.

25% dos entrevistados não compartilham gastos pessoais

Apesar de compartilharem informações sobre as contas da casa na maioria das vezes (93%), os consumidores confessam que a transparência não é tão expressiva assim quando se trata das despesas pessoais: um em cada quatro entrevistados (25%) não compartilha seus gastos pessoais com outros membros da família.

De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados da pesquisa revelam que as mulheres se mostram ainda mais reservadas. “De acordo com a pesquisa, 39% delas não revelam suas contas pessoais aos parceiros”, diz a economista.

“A pesquisa mostrou também que em geral as mulheres costumam omitir gastos com roupas [60%], calçados [42%] e acessórios [40%]. Já os homens têm o hábito de não revelar os valores dos gastos com saídas para bares, cinemas, teatro e restaurantes [40%], além dos gastos carros, motos [41%] e cigarros e bebidas [19%]”, exemplifica Kawauti.

38% das famílias não fazem poupança

Os dados também confirmam que muitos brasileiros não têm o costume de guardar dinheiro para o futuro: quatro em cada dez entrevistados (38%) afirmam que sua família não possui poupança. De acordo com o estudo, quando sobra algum valor inicialmente reservado aos gastos familiares, a atitude mais comum é direcionar o dinheiro para as despesas do mês seguinte (29%).

Para Kawauti, a pesquisa comprova que uma boa conversa sobre o orçamento doméstico pode melhorar o uso da renda pelos familiares e, como consequência, resultar até em sobra de dinheiro no fim do mês.

Disciplina para cuidar das finanças

O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, explica que a disciplina em família para cuidar do dinheiro da casa é parte fundamental para uma vida financeira saudável e organizada.

Para o educador financeiro, individualmente, o consumidor sabe pouco sobre como conduzir seu orçamento pessoal ou simplesmente não se importa. “E a situação só piora quando um assunto que deve ser compartilhado com os familiares fica escondido. Por isso, o ideal é conversar sobre dinheiro tanto nos momentos bons quanto nos ruins. Desta forma, na hora da dificuldade, o assunto poderá ser tratado de forma mais natural”, orienta o educador.

Fonte: SPC Brasil