Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de Educação Financeira – Meu Bolso Feliz analisou como os brasileiros lidam com seus investimentos e reservas financeiras. O estudo revela que a poupança é o investimento mais comum, citado por 75% dos consumidores – entre os pertencentes às classes A e B, o índice é ainda mais expressivo (82%). Porém, especialistas alertam que a alta porcentagem se deve mais à necessidade de segurança e ao desconhecimento de outras formas de investimento do que aos benefícios financeiros da poupança.
De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados mostram que a maior parte dos entrevistados adota uma postura conservadora na hora de investir.
– Para 65% dos que possuem poupança, esta opção é motivada pela segurança e pelo fato de não gostarem de lidar com perdas. Apesar de a poupança ser uma opção conservadora, prática e com a possibilidade de retirada do dinheiro a qualquer momento, existem outras formas de investimento com as mesmas características e que podem dar rendimentos maiores. Entre as melhores opções estão os papeis do tesouro direto, CDB, e fundos de renda fixa – explica Kawauti.
Ainda que 27% dos brasileiros garantam sempre procurar outras formas de investimento, a grande maioria não muda. O dado é expressivo: 61% afirmam que nunca trocam os investimentos feitos – 66% entre as mulheres e 67% entre os pertencentes às classes C, D e E.
Porém, também existem os investidores mais arrojados.
Dos que optam pela Bolsa de Valores como investimento, 59% justificam dizendo que desejam ganhar mais, a despeito dos riscos. Outro dado importante, e que gera uma certa preocupação, é que grande parte dos entrevistados garante ser baixo o conhecimento sobre quais as melhores modalidades de investimento para seu perfil – diz a economista.
A média é de 5,8 (numa escala de 1 a 10) quanto ao conhecimento da melhor modalidade de investimento de acordo com a realidade de cada um; e média de 5,2 para o conhecimento dos investimentos com melhores taxas de retorno.
Segundo a pesquisa, 49% dos entrevistados que têm poupança garantem realizar depósitos todos os meses, com média de R$ 809 para o último aporte. Em seguida, aparecem fundos de investimento (38%), bolsa de valores (31%), LCI (31%) e o dólar (30%). A média geral de economia em 2014 é de R$ 1.321, considerando todos os tipos de investimento e excluindo aqueles que não pouparam nada.
Quanto às razões que levam os brasileiros a fazer algum investimento, as justificativas mais citadas são os imprevistos, como doenças ou morte (33%), a compra da casa (31%), a garantia de um futuro melhor para a família, as viagens (28% no geral e 36% na Classe A/B) e a realização de um sonho de consumo (23%).
Dentre os investimentos mais usuais, após a poupança, também apareceram os investimentos em imóveis (21%), fundos de investimento (18%), o dólar (11%) e o CDB (9%). Os consumidores que possuem poupança afirmam manter essa reserva há quase quatro anos (3,8), sendo que 43% dos que têm este investimento a possuem há mais de cinco anos. Considerando os imóveis, o tempo de posse é de 3,7 anos e mais de cinco anos para 44% dos entrevistados que dizem ter este investimento. Observa-se ainda que o tesouro direto apresenta o menor tempo médio de posse dentre todas as modalidades investigadas no estudo, com 2,1 anos.
A pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz também analisou com que frequência os entrevistados costumam acompanhar o retorno de seus investimentos: 63% disseram analisar mensalmente, sobretudo quem tem entre 25 e 34 anos (71%), entre 35 e 49 (70%) e pertencentes às classes A e B (73%).
Quando recebem dinheiro extra, 44% dos entrevistados não poupam
O estudo também concluiu que três em cada dez pessoas (28%) não conseguiram poupar nada em 2014 e entre os que economizaram, a média anual de reserva foi de R$ 1.321. Em sua maioria (71%), os entrevistados que investem tiveram de utilizar uma parte de seus investimentos e/ou poupança nos últimos 12 meses, principalmente entre os pertencentes às classes C/D/E (75%).
Quando recebem dinheiro extra, como bonificações ou participação nos lucros da empresa, por exemplo, a maior parte dos consumidores ouvidos na pesquisa (36%) garante economizar e investir, com percentuais de 44% entre os pertencentes às classes A e B. Outros 20% preferem quitar dívidas ou pagar impostos de início de ano.
De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, é muito importante pensar além dos problemas financeiros momentâneos.
– Claro que o consumidor deve se importar com dívidas pendentes e pagar todos os impostos e contas em dia, mas é essencial reservar parte do salário ou um dinheiro extra do orçamento para imprevistos, planos futuros e aposentadoria. Um dinheiro gasto com compras desnecessárias hoje pode resultar na falta de bens e serviços essenciais na terceira idade. Essa ideia de poupar para o futuro tem que fazer parte da vida das pessoas desde cedo, para evitar sérios problemas lá na frente – conclui Vignoli.
Para a formulação da pesquisa, no final de 2014 foram ouvidas 662 pessoas das 27 capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais e a confiança é de 95%.
Fonte: Monitor Mercantil Digital