Consumidor quer reformar casa, aponta pesquisa

6 de abril de 2015

material construcaoIntenção de consumo em queda, atenção maior aos preços e procura maior por descontos. Esse é o cenário desenhado por uma pesquisa da Fecomércio do Rio de Janeiro sobre os hábitos do consumidor brasileiro, que aponta para um ano em que a prioridade é honrar com os compromissos já assumidos em vez de fazer novas compras. O resultado da pesquisa reforça a previsão da entidade de que o varejo terá um desempenho menos descolado da economia e deixará de crescer muito acima dos outros setores.

O preço, segundo a Fecomércio, é o fator que mais influencia a decisão de compra do brasileiro; 82,2% disseram que buscam, primeiro, o produto mais barato. E a procura por descontos tem aumentado. A economia em baixa, marcada por inflação e juros em alta, está levando as classes A e B a pesquisar preço, em detrimento da qualidade: 77,1% escolhem pela qualidade, 17,9% pela marca, e 12,1 % querem mais conforto.

Na avaliação do gerente de economia da Fecomércio, Christian Travassos, “diminuiu o ímpeto para o consumo em geral. O consumidor está mais seletivo, aguardando as soluções para o momento. Quanto mais caro e menos essencial, mais fácil cortar”, afirmou. “A piora não começou agora em 2015, o comércio já vem em uma desaceleração nos últimos três anos”, completou o economista.

Segundo o estudo, a prioridade de consumo para os brasileiros em 2015 será reformar a casa. De acordo com a Fecomércio, 22,5% dos entrevistados responderam que querem dar um retoque em sua residência. A proporção, no entanto, é menor do que a registrada no ano passado, quando 23,7% responderam que dariam prioridade para a reforma da casa.

A crise hídrica e o forte aumento das tarifas de energia elétrica devem levar consumidores a lojas de materiais de construção para comprar caixas d’água mais eficientes e reconstruir a parte elétrica para tentar economizar na conta de luz. “2015 é o ano do quebra e arrebenta nas 54 milhões de casas que o IBGE diz que há no Brasil”, avaliou o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz. “Já que vai trocar a caixa d’água, aproveita e troca também o piso, azulejo e outras coisas”, completou.

Apesar da queda da indústria da construção civil, com empreiteiras demitindo trabalhadores, “o mundo do varejo está indo muito bem”, segundo Conz. “Com a retração das construtoras, há uma sobra maior de mão de obra e isso facilita a contratação para reformas menores”, afirmou o presidente da Anamaco.

Mesmo com um ano mais fraco que 2014, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, acredita que a vendas do varejo devem substituir parte do atacado. “As famílias vão ter que fazer escolhas. Nós acreditamos que agora é o momento de ocorrer a reforma que já foi adiada”.

O levantamento realizado em 70 municípios, de diferentes regiões, em parceria com o instituto Ipsos, mostra ainda que outros 14% pretendem comprar um carro e 12,5%, eletrodomésticos. De acordo com o economista Christian Travassos, a retirada de incentivos [como o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados] para a venda de eletrodomésticos causou forte impacto no consumo. “A boa notícia é que estamos na direção para consertar [a economia]”, disse.

A pesquisa sobre o comportamento do consumidor mostrou também que a televisão ainda é o principal meio de comunicação para tomar conhecimento sobre promoções realizadas pelo comércio. Apesar do maior espaço conquistado, a internet ainda tem pouca participação na propaganda do setor: apenas 8,5% dizem usar o veículo para saber das promoções. Mil pessoas foram ouvidas no levantamento.

Fonte: Valor Econômico