Vendas de imóveis serão afetadas com regras da Caixa?

13 de maio de 2015

jmalucelliimoveis.com.brQuem quiser utilizar recursos de suas aplicações na Poupança para o financiamento imobiliário se deparará com novas regras. Neste caso, novas diretrizes que afetam diretamente o valor reservado para entrada na compra do imóvel usado e, consequentemente, o restante do financiamento parcelado. Essa nova realidade, imposta pela Caixa Econômica Federal, visa garantir mais recursos no caixa do banco, principalmente devido à grande redução de depósitos da Poupança e, conjuntamente, recorde das retiradas nessas aplicações.

Pelas novas regras, o consumidor que objetiva comprar um imóvel alocado no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) de até R$ 750 mil nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Distrito Federal, e de até R$650 mil nos demais estados da federação, tem limite de financiamento em 50% do valor do imóvel – não mais 80%. Isso nada mais significa que a entrada com recursos da Poupança será maior que o utilizado pelos financiamentos anteriores a 4 de maio. Para os imóveis do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), com valor superior aos R$ 750 mil, o valor máximo financiado passou dos 70% do imóvel para 40%.

Enquanto a Caixa altera as regras para tentar reduzir as saídas de recursos da poupança e, com isso, garantir seu multiplicador, para o mercado imobiliário e as atividades adjacentes, como o varejo de materiais de construção, a notícia foi ruim e a realidade deve ser ainda pior. Isso porque o mercado imobiliário já sofre com a estagnação econômica brasileira, baseada no arrefecimento da confiança de empresários e consumidores investimento e consumo). E se a demanda está desaquecida, a oferta, com tais novas regras, deverá ser ainda menos favorável a evolução das vendas no setor, uma vez que boa parte dos financiamentos deverão ser postergados pelas famílias devido à necessidade de uma cifra ainda mais portentosa para entrada.

E se a crise do setor imobiliário aumenta, com demanda enfraquecida e oferta menos atrativa, a venda de materiais de construção continuará em queda livre, principalmente se comparado aos moldes dos desempenhos de 2010 a 2013. Tal atividade varejista já vê sua receita corrente de vendas se reduzir mês após mês.

Em 2014, o varejo de materiais de construção do Estado de São Paulo registrou recuo de 6,2% em seu faturamento bruto corrente em relação a 2013. Na Região Metropolitana, a queda anual ficou em 6,5%. Já em janeiro de 2015, a retração no quadro paulista foi de 10%, enquanto na Grande São Paulo -7,8%, ainda na comparação interanual.

Mais uma vez há um direcionamento de ações em prol ao equilíbrio financeiro de uma instituição pública, em detrimento aos interesses de consumidores e empresários privados. No caso dos primeiros, por ter, a partir de agora, ainda mais dificuldade para transferir seus recursos alocados na poupança ao mercado imobiliário. Aos empresários do setor e suas atividades adjacentes um esfriamento ainda maior das vendas de imóveis e materiais de construção, já que parece não bastar a demanda menos aquecida, precisa também aumentar as exigências na oferta.

Fonte –  Brasil Econômico