Compras parceladas exigem planejamento

25 de maio de 2015
Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press.
Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press.

Sem conseguir manter o controle sobre as compras realizadas, chegou o momento em que a dona de casa Maria do Carmo só conseguia manter o pagamento mínimo dos cartões de créditos que, na época, já haviam chegado ao limite.

Obrigada a utilizar praticamente toda a renda apenas para cumprir com os gastos no cartão, porém, a solução para o impasse só foi possível depois que ela ficou atenta ao quanto poderia comprometer da renda com as compras parceladas. “Se não tiver controle e entrar no pagamento mínimo, vira uma bola de neve”.

Realidade encarada não apenas pela dona de casa, o parcelamento de compras através do cartão de crédito é utilizado por 79% dos brasileiros, segundo uma pesquisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o portal Meu Bolso Feliz. Grande facilitador do consumo quando não se dispõe de recursos imediatos, porém, é preciso atenção no momento da compra para não causar prejuízos ao próprio bolso.

“Só compro o necessário, presto atenção no total que eu já tenho pra pagar no cartão pra não ter o risco de comprar mais do que eu posso pagar. Durante muito tempo eu só pagava o mínimo. Comprava, comprava e não prestava atenção no total e vinha a surpresa no final do mês”, considera Maria do Carmo, ao lembrar como conseguiu se livrar das dívidas no cartão. “Eu parei de comprar, comecei a pagar sempre o valor total da fatura e cancelei a maioria dos cartões. Hoje só tenho um”.

BENEFÍCIOS

Sem deixar de considerar os benefícios que podem ser proporcionados pelo cartão de crédito, o economista e atual vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), Nélio Bordalo Filho destaca que o ideal é que o consumidor não comprometa mais do que 35% da renda com compras no cartão de crédito.

“Se a pessoa tem uma renda de R$1.000, não adianta gastar mais do que esse valor no cartão. Às vezes o parcelamento é interessante porque a pessoa não tem naquele momento disponibilidade de pagar tudo à vista”, considera. “Mantendo o controle da renda, não tem problema usar o cartão de crédito. O problema é ter o descontrole do que comprou porque a pessoa acaba tendo aquela surpresa no final do mês”.

Tido como o grande vilão, o pagamento mínimo do cartão deve, sempre que possível, ser evitado. Controle que só é possível se o consumidor monitorar quanto está gastando no cartão para não ultrapassar a sua possibilidade de pagamento por mês. “É preciso evitar o pagamento mínimo porque os juros dele são muito altos, normalmente de 14% ao mês. Uma pesquisa realizada recentemente apontou que as principais causas de endividamento dos brasileiros são o cartão de crédito e o cheque especial porque são usados como se fossem uma complementação da renda”, destaca o economista, apontando a solução para fugir da armadilha.

“O cartão bem utilizado ajuda no orçamento doméstico familiar, mas é preciso planejar o orçamento sabendo que tem que honrar o compromisso pagando o valor total todo mês”.

O economista ainda reforça que, quando utilizado da forma correta, o cartão de crédito pode oferecer benefícios que não são possíveis nas compras a vista. “Não havendo endividamento com o pagamento mínimo, o consumidor pode fazer uso de pequenas compras e de grandes também pelo cartão porque hoje há a possibilidade de acumular pontos que podem fazer com que a pessoa acabe economizando na compra de uma passagem no futuro, por exemplo”, acredita. “O uso consciente traz benefícios, o problema é não deixar acumular dívidas”.

Atenta aos riscos de perder o controle sobre as compras parceladas, a contadora Maria de Jesus Pinto prefere manter apenas um cartão de crédito em uso. Para evitar dívidas muito longas, a estratégia dela é fazer parcelamentos menores. “Eu compro no cartão, mas divido no máximo em três vezes e tenho apenas um cartão pra tudo”, aponta. “O que eu consigo comprar à vista, eu compro porque assim eu ainda tenho a possibilidade de conseguir um desconto. Tem que ter controle”.

PARCELAMENTO

79% dos brasileiros costumam fazer pagamentos parcelados;
46% dos entrevistados não têm medo de parcelamentos longos;
21% dos entrevistados afirmaram que não compram nada parcelado.

Fonte: Diário do Pará (Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito – SPC Brasil, em parceria com o portal Meu Bolso Feliz)