Taxa cobrada dos bancos no cheque especial é a maior em quase 20 anos. Juro do cartão de crédito é maior da série, que começa em março de 2011
Os juros do cheque especial e do cartão de crédito, duas das modalidades mais caras do mercado, voltaram a subir em abril deste ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (27).
De acordo com a autoridade monetária, os juros do cheque especial avançaram 5,6 pontos percentuais de março para abril, para 226% ao ano. Com isso, a taxa atingiu o maior patamar desde dezembro de 1995 – quando ficou em 242,2% ao ano – ou seja, em quase 20 anos.
Os juros cobrados pelos bancos nesta linha de crédito tiveram forte aumento nos últimos meses. No fim de 2013, estavam em 148,1% ao ano. O crescimento, portanto, foi de 77,9 pontos percentuais nos últimos 16 meses.
Cartão de crédito
Segundo o BC, os juros do cartão de crédito rotativo, que incidem quando os clientes não pagam a totalidade de sua fatura, atingiram expressivos 347,5% ao ano em abril – a mais alta de todas as modalidades de crédito. Em março, estavam em 345,8% ao ano. O patamar de abril é maior desde o início da série histórica, em março de 2011. O BC tem recomendado que os clientes bancários evitem essa linha de crédito.
‘New York Times’ e rentabilidade dos bancos brasileiros
Reportagem publicada recentemente pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito em mais de 240% ao ano e de 100% cobrados pelos empréstimos bancários.
Economistas avaliam que o consumidor deve tentar evitar ao máximo o uso do cheque especial e do cartão de crédito rotativo por conta das altas taxas cobradas pelas instituições financeiras. Para eles, estas são linhas de crédito para momentos de extrema necessidade e devem ser utilizada por um período reduzido de tempo.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais do que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).
Consignado, crédito pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 113% ao ano em abril, contra 104,5% ao ano em março. Nesse caso, houve um aumento de 8,8 pontos percentuais. O nível de abril é o maior da série histórica, que começa em março de 2011.
Ainda segundo a autoridade monetária, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 26,9% ao ano em abril, contra 26,8% ao ano em março. É a taxa mais alta desde abril de 2012 (27,5% ao ano). Mesmo assim, essa permanece sendo uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado.
Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 24,6% ao ano em abril, contra 24,7% ao ano em março deste ano. Neste caso, é o menor patamar desde janeiro deste ano (23,9% ao ano).
Fonte: G1