A solução permite ao lojista escolher a melhor taxa para cada tipo de operação e ter mais controle sobre as vendas; a alternativa, contudo, precisa ser bem avaliada e cuidados devem ser tomados
A solução de transferência eletrônica de fundos (TEF) pode ser mais vantajosa que as maquininhas de cartão para pequenas empresas em estágio mais maduro, que buscam maior controle de vendas e melhores taxas nas transações com os plásticos.
Diferentemente dos terminais POS (ponto de venda, em inglês), que são móveis e fornecidos pelas próprias credenciadoras – como Cielo, Rede e GetNet -, a TEF é ligada ao sistema do lojista e, normalmente, permite a ponte com diferentes redes de adquirência.
Por possuírem menos escala, as lojas de menor porte normalmente têm mais dificuldade em negociar as taxas com as credenciadoras e acabam pagando mais caro pelas operações com cartão – a taxa de desconto média da GetNet, do Santander, por exemplo, cujo foco são as pequenas e médias empresas, é de 3,46%, contra a taxa média de 2,84% do mercado.
“Com o TEF, o lojista pode configurar o sistema com as melhores taxas para cada tipo de transação”, afirmou Rodrigo Rasera, sócio fundador da Cappta, empresa especializada em captura de pagamentos eletrônicos e que oferece soluções de TEF.
“Ele pode ‘rotear’ as transações de débito na credenciadora A e as de crédito na B, por exemplo. A Captta, inclusive, sugere aos lojistas taxas melhores”, completou.
As soluções de TEF também abrem espaço para que o comerciante consiga trabalhar com diferentes bandeiras utilizando apenas um terminal – muitas bandeiras ainda possuem contrato de exclusividade com uma credenciadora, como a Hipercard com a Rede.
De acordo com ele, fora do eixo Rio-São Paulo, onde o mercado é dominado, principalmente, por Visa e Mastercard, existem várias pequenas bandeiras que precisam de um terminal que as aceite.
“Como o brasileiro é pouco bancarizado e o mercado financeiro é ultraconcentrado, às vezes aquele sujeito de baixa renda vai conseguir crédito apenas com dono da lojinha da esquina que o conhece e sabe que ele é bom pagador”, apontou. “E esse lojista trabalha com uma bandeira pequena”, completou, lembrando que a solução da Cappta aceita mais de 250 bandeiras.
Segundo Eduardo Vils, sócio de Rasera, embora o POS ainda seja utilizado para atender a “base da pirâmide” e estabelecimentos que necessitam de mobilidade, o TEF é mais indicado para empresas que já estão estabilizadas e necessitam de mais automação.
“Com o TEF, o lojista tem mais segurança, controle, estabilidade na conexão e consegue melhor conciliação das vendas [espécie de relatório com o valor das vendas e taxas pagas]”, observou.
O principal problema de segurança reduzido com o uso do TEF, segundo Rasera, são as fraudes. “Há relato de casos que o funcionário de determinada companhia cria uma empresa fachada, aluga um POS, e, ao fazer a cobrança, em vez de oferecer a maquininha da loja, dá o POS da sua empresa fachada”, contou.
Cuidados e desvantagens
Apesar de o TEF normalmente poder se conectar a mais de uma credenciadora, o lojista deve ficar atento para a configuração do Pin Pad – maquininha usada nas soluções de TEF -, alerta Henrique Capdeville, vice-presidente comercial da First Data Brasil, que concorre no mercado de adquirência com as máquinas Bin, que operam TEF e POS.
“Alguns Pin Pads das duas maiores credenciadoras possuem a chave de criptografia apenas para elas e não permitem ao lojista operar com todos os adquirentes”, apontou.
Capdeville ressaltou ainda que o comerciante deve avaliar o valor que está disposto a gastar para controlar as vendas antes de contratar uma solução TEF. “Isso depende da percepção de valor de cada um. Tem gente que está aceita 1% da receita e outros que só querem 0,5%, por exemplo”, disse.
De acordo com ele, um sistema completo e mais sofisticado de TEF, que inclui o Pin Pad, a impressora de nota fiscal – no POS, a impressora é embutida na máquina -, o software, uma conciliação mais elabora e manutenção, entre outros, costuma custar mais de R$ 1 mil por mês.
“Não é algo trivial de implantar. Para valer mais a pena que o POS, é preciso que o estabelecimento tenha robustez”, afirmou Capdeville.
Na Cappta, Rasera informou que a solução de TEF sai a partir de R$ 180, para o caso de lojistas que tenham apenas um caixa, valor que aumenta em taxa marginalmente decrescente quanto maior o número de caixas – para dois caixas, o valor é R$ 210, por exemplo.
“Os aspectos essenciais para as pequenas empresas são o controle e a segurança. O pequeno varejista tende a ser desorganizado, menos estruturado”, observou Rasera.
Ele apontou que, na Cappta, o lojista tem acesso a uma conciliação on-line em tempo real das vendas com cartão, além de não precisar ter várias maquininhas no balcão.
Fonte: DCI Online