Quando não consegue pagar a fatura, consumidor entra no rotativo. Juros que incidem sobre essa dívida varia de cliente para cliente
A dívida de brasileiros com cartões de crédito chegou a R$ 33 bilhões em junho. Esses são números apenas do crédito rotativo, em que o cliente não paga a fatura total. O que pouca gente sabe é que o valor dos juros que incidem sobre essa dívida varia de cliente para cliente.
O autônomo José Carlos de Araújo diz que ele e a mulher tiveram dificuldades e deixaram de pagar o total de uma fatura do cartão de crédito. A dívida de R$ 650, depois de três anos, passou para R$ 8.600. Tá demais e não tem como esse juro e a gente pagar. Não tem condição de pagar. Pagaria se fosse parcelado nas condições da gente, diz.
Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito, o cartão é a segunda maior causa de endividamento, atrás apenas dos carnês e boletos. Quando o cliente não paga o valor total da fatura, ele entra no rotativo do cartão. É uma linha de crédito pré-aprovada, mas com taxa média de juros de 372% ao ano.
No rotativo, se você deixa de pagar R$1 mil, em seis meses a dívida pode dobrar e ir para R$ 2.173,11. Em um ano, pode passar para R$ 4.722,43. A taxa do crédito rotativo chega a até 796% ao ano.
A cobrança de juros é livre no país. Por isso, o mesmo banco pode oferecer o mesmo cartão de crédito, com taxas de juros diferentes. A taxa depende do perfil do cliente. Quem paga as faturas e as contas em dia costuma ter juros menores.
E aí não é só com relação ao cartão de crédito, mas todo o conjunto de dívidas que ele tenha, menor vai ser a taxa de juros dele, já que o risco de crédito dele é menor, o risco dele ficar inadimplente é menor, o que possibilita o banco a ter uma taxa de juros menor cobrada dele, explica Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Além dos juros, a cobrança da anuidade também pode ser diferente de um cliente para o outro. É muito comum clientes terem tarifa zero, não pagar anuidade de cartão. Isso é possível porque ele dá outras receitas ao banco: ele compra consórcio, título de capitalização, seguros. Ou seja, na medida em que ele gera outra receita ao banco, ele tem uma taxa diferenciada, uma taxa menor, afirma Miguel.
Fonte: G1 – Globo / Jornal Hoje