Quase 8 milhões de pessoas estão sem emprego no país. Mas, na contramão desse cenário, 3 em cada 10 brasileiros adultos estão envolvidos ou têm seu negócio próprio
Com a “evolução” dos resultados e estratégias paliativas e frustradas de ajustar, de forma incremental, a economia do país, o cenário e a taxa de desemprego exponencialmente crescendo baseada em linhas seriais de funcionários tratados como números, brigando contra a poderosa concorrência chamada tecnologia, é inerente e motiva a preocupação com o futuro das pessoas que são responsáveis pelo sustento e equilíbrio financeiro das famílias espalhadas por todos os cantos do Brasil.
Recentemente, foram divulgados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) que apontam uma taxa de desemprego no país de 7,9%, com aumento de 12,6% no primeiro trimestre de 2015 comparado com o mesmo período do ano anterior, são quase 8 milhões de pessoas sem emprego no país. Esse é o abismo da crise! Mas, simultaneamente e na contramão desse cenário, 3 em cada 10 brasileiros adultos estão envolvidos ou têm seu negócio próprio. O Brasil tem a maior taxa de empreendedorismo no mundo (34,5%), ficando à frente da China e EUA (Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor – GEM). E esse é o outro lado da crise. Muito Prazer!
O problema maior é que o nível de reação e, principalmente, ativação do Brasileiro é baixo. Quando consideramos o nosso país uma “incubadora” de empreendedores estamos bem enganados. Existe uma grande diferença entre ter espírito empreendedor e ser empreendedor. Para suprir essa grande distância e abismo, existem os modelos de franquia, que aproveitam esse “mercado” de curiosos e entusiastas inseguros, dando a oportunidade de virar gerentes descentralizados de estruturas rígidas que não permitem a inovação e “garantem” resultados de planilhas com normatizações e padrões baseados em produtos e serviços de feira livre. Brigando por preço e prazo, é claro!
A crise vem para mudar o resultado dessa equação (ufa!). As pessoas, sim, serão demitidas, baseado principalmente na extinção de mercados, na desaceleração de segmentos que abusaram da demanda e principalmente pela substituição e automação de mão de obra. Mas, o que vai acontecer com essas milhões de pessoas que estão há mais de 20 anos fazendo a mesma coisa, e depositando no final de semana e nas férias de 30 dias as formas de lazer de uma vida finita? Elas vão ter que empreender!
O que vai acontecer? Minimamente, elas vão sair da zona de conforto, experimentar o perfil de empreendedorismo por necessidade, obrigar o SEBRAE a se reinventar e deixar de lado os números de crescimento baseados em cartilhas genéricas e aprofundar as “consultorias” em algo cada vez mais qualitativo e personalizado. A multiplicação de micro e pequenos empreendedores vai dar a oportunidade da criação de um país verdadeiramente empreendedor com mais autorresponsabilidade, e principalmente, contribuir para a valorização da onde vem o nosso dinheiro (do suor e dedicação necessários para colocar comida no prato da família e, principalmente, o planejamento antes de parcelar um carro ou comprar outra televisão).
Com o baixo poder de ativação, muita gente já sabe que isso vai acontecer, mas teima em esperar e adiar essa nova realidade, ao invés de já se planejar e começar a prototipar essa mudança. Muitos dizem que essa nova década vai ser um CAOS, aonde o desemprego vai trazer mais desigualdade e criminalidade. Mas acredito que o nível de consciência estimulado pela escassez do pingadinho fixo de todo mês e o décimo terceiro do final do ano vai trazer abundância e valorização para novos conceitos, vindos de coisas muito mais profundas do que uma conta cheia e investimentos mobilizados.
“Sim, estou desempregado mas agora tenho um mercadinho e pizzaria na minha garagem.”
Fonte: Mundo Marketing