Sentindo a lacuna no mercado, cuidadora criou linha de peças para acamados, cadeirantes e idosos
Há três anos, a cuidadora de idosos e técnica em enfermagem Sílvia Alencar, percebendo uma lacuna no atendimento ao público com o qual trabalhava noite e dia, teve uma ideia. Cansada das dificuldades que enfrentava com as roupas dos pacientes, pensou em como seria bom poder usar neles peças confeccionadas para as necessidades de cada um. Foi, então, que produziu a primeira roupa adaptada e colocou-a em teste. Vieram outras e todas foram sendo melhoradas, repensadas e testadas para atingir o conforto desejado por ela.
Focada no atendimento a idosos, acamados e cadeirantes, a Mimos Roupas Adaptadas abre as portas definitivamente em setembro, com um desfile que fará parte da programação do evento de moda Brasília Fashion Week. Nas linhas oferecidas estão peças para homecare, cadeirantes e pós-cirúrgico. Nelas, há aberturas traseiras, botões de pressão no lugar dos tradicionais, tiras de velcro substituindo zíperes, calças com elásticos, batas com adaptação para bolsa de colostomia por dentro e outras vantagens. Nas peças para cadeirantes, foram tirados os bolsos, diminuídas as costuras e incluídas até faixas de segurança que são presas às cadeiras – tudo feito com tecidos, cortes, aviamentos e acabamentos especiais.
“Trata-se de pessoas que passam muito tempo sentadas ou deitadas e precisam de roupas que não as incomodem. Por isso, a cada dificuldade que eu sentia, ia preparando uma peça que pudesse resolver melhor a situação que eu enfrentava. Até o lençol para a cama do paciente foi moldado com encaixes próprios para mantê-lo permanentemente esticado, para não machucar o acamado”, explica Sílvia.
A microempreendedora individual conta que, em 2010, procurando inovar em sua atuação profissional, iniciou um curso técnico em vestuário no Instituto Federal de Brasília (IFB). Apaixonou-se pela disciplina de empreendedorismo e decidiu que queria ter o próprio negócio. Quebrou a cabeça buscando ideias inovadoras, quando se lembrou das tantas dificuldades que tinha com as roupas de seus clientes. “Meu marido é alfaiate, então sempre vivi em meio a tecidos e máquinas de costura, embora eu não domine essa técnica”, explica.
Sem saber por onde começar, Sílvia lembrou-se do Sebrae e procurou a instituição, que incentivou-a a seguir em frente. Vieram cursos e consultorias e hoje, após três anos de desenvolvimento em parceria com um empresa de home care e uma casa para idosos, a Mimos está pronta para colocar suas peças no mercado. “Não conheço outra empresa desse ramo no Brasil, vi apenas alguns sites sobre o assunto no mercado internacional’, explica a goiana de 57 anos, moradora do DF há 10.
A linha não vai parar por aí. “Dentro do site, uma consultora de moda atenderá aos pedidos individuais de quem não se sentir atendido pelas peças que produzimos. Faremos, então, o desenvolvimento sob medida para esse cliente e, quando a peça for aprovada por ele, entrará na nossa coleção, para que outras pessoas com as mesmas necessidades também possam tê-la”, explica Sílvia Alencar. “A ideia principal é proporcionar conforto para a outra pessoa. Quero costureiras que façam bem feito, com tecidos e modelagem ideais. Busco a satisfação do cliente em usar o meu produto. O retorno financeiro será consequência”, conclui.
Fonte: Revista PE&GN