Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) realizada em todas as capitais somente com internautas que vivem fora do seu padrão de vida, ou seja, gastam mais do que podem ou fecham o mês sem sobras de dinheiro, revela que um quarto (25%) dos entrevistados admite comprar produtos que extrapolam o seu orçamento apenas para agradar os outros. O percentual é maior entre pessoas com idade entre 25 e 35 anos (35%). O levantamento revela ainda que 12% dos entrevistados compram mais do que podem com o intuito de manter a reputação ou a boa imagem perante os demais e 11% realizam suas compras pensando mais no que as pessoas ao seu redor vão achar deles do que na própria satisfação pessoal.
Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, o estudo constata que muitos consumidores idealizam para si um padrão de consumo que diversas vezes não corresponde aos limites do seu próprio orçamento pessoal. “Isso acontece porque muitos desses consumidores querem transmitir às pessoas do seu convívio, como amigos, parentes e colegas de trabalho, que eles são pessoas bem sucedidas e realizadas, exemplo disso é que 66% dos entrevistados disseram ficar felizes quando receberem elogios por algo que compraram”, afirma Vignoli.
De acordo com a pesquisa, seis em cada dez (59%) entrevistados reconhecem que a necessidade de conquistar coisas novas e a expectativa de melhorarem de vida explicam, em parte, o fato deles gastarem mais do que deveriam. Há ainda aqueles que estouram o orçamento ou fecham o mês sem sobras de dinheiro porque gostam de manter uma vida glamorosa e confortável (24%) e os que atribuem às dificuldades enfrentadas no dia a dia (18%) como razão para não controlarem seu orçamento doméstico.
Internautas admitem reparar na casa, roupa e celular de colegas
Reparar nos bens materiais de amigos e familiares é comportamento frequente entre os consumidores entrevistados. Segundo a pesquisa, 46% dos internautas ouvidos admitem reparar na casa ou no apartamento dos familiares e amigos – sobretudo as mulheres (51%). Seguindo a lista, os outros produtos que os entrevistados mais observam nas pessoas a sua volta são o modelo de carro de amigos e familiares (42%), a forma como se vestem (42%) e a marca de celular que possuem (40%).
Quando um familiar ou amigo adquire um celular novo, 37% dos entrevistados garantem ficar com vontade de comprar um para si também. Comportamento similar é observado no caso das compras de roupas (35%) e de automóvel (30%). “Por meio das coisas que possuem, os consumidores podem demonstrar poder, prestígio e expressar a sua identidade perante os outros. Por isso que algumas pessoas se sentem tão influenciadas pelos hábitos de consumo das pessoas com as quais convivem”, explica Vignoli.
Influências sociais no consumo dos entrevistados
A fim de mensurar o impacto e a influência que as novas aquisições de outras pessoas exercem sobre o entrevistado, o estudo preparou algumas simulações. Em um dos casos, os respondentes foram perguntados se sairiam com os colegas de trabalho para um happy hour após o expediente mesmo com o orçamento apertado. Dentre os internautas pesquisados, 30% admitiram que sim, sendo que 19% nem pensariam no orçamento para aproveitar o momento e, 11% iriam a confraternização porque ficariam preocupados com o que as demais pessoas poderiam falar ao seu respeito.
Em outra simulação traçada pelo SPC Brasil, perguntou-se se o que o entrevistado faria caso seu filho pedisse para ganhar um celular novo, uma vez que seus colegas possuem um modelo mais moderno. Para 46% dos entrevistados a compra de um novo celular não é justificável neste caso e, portanto, não realizariam a compra, mas 39% comprariam o aparelho mais moderno, ainda que em alguns casos tivessem de juntar dinheiro para isso.
Embora a maioria dos entrevistados (80%) tenha dito que veio de famílias cujos pais eram econômicos ou equilibrados financeiramente, quatro em cada dez internautas (37%) disseram não ter recebido qualquer educação financeira dentro do ambiente familiar. “Extrapolar os limites do próprio orçamento para manter um padrão de vida incompatível com a renda familiar, seja para agradar a si mesmo ou para provar algo diante dos outros, é uma atitude arriscada e que pode causar sérios dados para a saúde financeira do consumidor”, sustenta Vignoli.
Fonte: CNDL