Analistas preveem inflação acima da meta em 2016

24 de novembro de 2015

Para governo, PIB brasileiro vai cair 1,9% no ano que vem

inflaçãoMais um limite foi ultrapassado nas previsões do mercado para a inflação. O boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central com analistas do mercado financeiro, já estima que a inflação medida pelo IPCA ultrapassará o teto da meta, de 6,5%, chegando a 6,64% em 2016. Para 2015, a aposta é de 10,33%.

A meta do governo para o IPCA é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

O economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti lembra que a perspectiva para a inflação está ancorada no aumento dos preços administrados. Com as previsões da inflação em alta, o mercado já começa a duvidar de uma redução significativa na taxa básica de juros Selic no ano que vem. Segundo o boletim Focus, a Selic em 2016 será de 13,75%, ante 13,25% previstos na semana passada.

O boletim mostra também uma maior deterioração da economia. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) encolha 3,15% em 2015 e 2,01% no ano que vem.

A piora nas projeções do mercado para a economia estão em linha com as novas estimativas oficiais, divulgadas ontem. O governo informou ao Congresso que projeta queda de 1,9% do PIB em 2016. A nova estimativa faz parte do documento encaminhado pelo Ministério do Planejamento à Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO).

Pelas regras orçamentárias, o governo é obrigado a enviar até esta data a revisão dos parâmetros macroeconômicos que são utilizados na elaboração do Orçamento da União. Para 2015, o recuo do PIB é estimado em 3,1%.

Em termos nominais, o PIB de 2016 ficará em R$ 6,16 trilhões. Em 2015, R$ 4,36 trilhões. Nos novos parâmetros, a inflação medida pelo IPCA está estimada em 6,47% em 2016, contra 9,99% de 2015.

A retração da economia em 2016 deverá levar a mais uma modificação na proposta orçamentária, já que o Orçamento da União de 2016 foi enviado ao Congresso em 31 de agosto com base num crescimento da economia de 0,2% do PIB.

Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, que deve ser votada hoje pelo Congresso, há ainda uma previsão otimista, de crescimento de 0,5% do PIB.

Fonte:  O Globo