Governo da Bahia lança aplicativo contra Aedes Aegypti; saiba como funciona

6 de janeiro de 2016

Criadouros podem ser denunciados por qualquer pessoa. Objetivo é mapear locais de infestação e adotar medidas de combate

app_caça-ao-mosquitoA guerra ao mosquito Aedes aegypti ganhou mais uma arma esta semana. Um mapa virtual da Bahia começou a ganhar novas informações e agora dá para saber onde há focos do inseto em todo o estado e também visualizar as denúncias. Tudo isso dentro do aplicativo para smartphone Caça Mosquito, lançado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) anteontem.

Depois, a foto já fica disponível na lista de publicações e entra, automaticamente, no mapa do estado. Uma das primeiras usuárias foi a  engenheira Luciana Barreto, 33 anos. Na frente do prédio onde mora, no fim da Rua Patativas, no Imbuí, há um prédio já pronto, mas sem moradores. A piscina, cheia de água verde, virou criadouro.Qualquer pessoa que tem um smartphone com sistema operacional Android pode baixar o dispositivo gratuitamente – a versão para iOS ainda não tem data para ser lançada. Depois de baixar, o usuário pode fazer a foto do local onde há o foco de larvas ou do mosquito, escrever uma descrição e enviar ao governo.

“Já denunciei em vários lugares. Falei para todos os moradores aqui do prédio denunciarem no aplicativo. Queremos apenas que tratem a água. Estamos com medo”, lamenta ela, que, junto com o marido, teve zika no mês passado.

 Além de visualizar a lista com todas as publicações, em cada uma delas é possível “apoiar” (algo como “curtir” nas redes sociais), compartilhar no Facebook e denunciar como conteúdo impróprio. No mapa, dá para ver as marcações dos locais onde há denúncia em todo o estado.

Para usar o aplicativo, é necessário estar com o GPS do aparelho ativado, já que a ferramenta usa o serviço de localização para identificar de onde está sendo publicada a foto e também para montar o mapa de calor. Assim, dá para determinar o número de denúncias de infestação e estabelecer ações para atuar em determinada área.

“O aplicativo cria um volume de informações tremendo. Todo mundo hoje em dia tem um smartphone. Fazendo fotos e mandando para o nosso servidor, vamos ter condições de criar um mapa termal. A partir de um determinado tempo, você vai clicar lá no bairro de Sussuarana, por exemplo, e ver, nos últimos 30 dias, a curva de crescimento ou declínio do inseto”, explicou Fábio Vilas-Boas,  secretário da Saúde do estado.

Referência

O aplicativo não teve custos extras para o estado, porque foi desenvolvido em parceria entre os técnicos da Sesab e da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb). “É uma versão inicial. Estamos trabalhando com uma versão aprimorada, que vai ter uma série de funcionalidades a mais”, contou.

Apesar do pouco tempo de lançamento, o app já deve ser exportado para outros estados. “Vários secretários de outros estados já me ligaram pedindo o aplicativo e nós vamos ceder”, garantiu Vilas-Boas.

Na noite de ontem, o CORREIO solicitou à Sesab um balanço do aplicativo, mas a pasta preferiu não divulgar.

“Como o aplicativo foi disponibilizado ontem (anteontem), o número de downloads e registros é incipiente”, diz a nota, que anunciou ainda uma campanha publicitária a fim de ampliar o número de usuários e “assim criar massa crítica” para o dispositivo.

O Ministério da Saúde informou ao CORREIO que também está desenvolvendo um aplicativo de vigilância participativa semelhante ao desenvolvido pelo governo baiano, mas não deu detalhes sobre o projeto.

Prefeitura de Salvador fará ação preventiva até no Carnaval

Pelo fato de o Verão ser o período mais crítico para reprodução do Aedes aegypti, a prefeitura vai adotar uma série de medidas como precaução contra a proliferação do mosquito que transmite a dengue, zika e chikungunya.

Entre as ações da chamada Operação Verão, há atuação nos locais de festas populares, incluindo o Carnaval.

“Vamos fazer inspeção e borrifação antes e depois das festas, para diminuir a infestação dos mosquitos contaminados”, explicou.

A ação também está acontecendo em emergências de hospitais públicos e privados da capital, para evitar que mosquitos piquem pessoas que já estão doentes e retransmitam o vírus.

O último índice de infestação divulgado pela prefeitura, em outubro, revelou uma redução do Índice de Infestação Predial (IIP) de 2,8%, em julho, para 1,5%.

O próximo índice deve ser apresentado este mês. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) é divulgado a cada três meses.

Crescimento de casos antes do verão preocupa

Após registrar queda em agosto, o número de casos de dengue voltou a subir às vésperas do Verão.

O aumento foi identificado em todas as regiões do país e aponta também para o crescimento da população de Aedes em todo o Brasil – um indicativo de que os riscos para as outras doenças transmitidas pelo vetor, zika e chikungunya, também são altos.

Até a primeira semana de dezembro, haviam sido notificadas 1.587.080 infecções por dengue, 123.304 a mais do que o verificado até a última semana de setembro. “Todos os anos, o país registra aumento de casos no período das chuvas, no Verão.

Mas, em 2015, o fenômeno aconteceu de forma antecipada”, afirmou João Bosco Siqueira Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), à Agência Estado. A tendência de elevação acontece a partir de dezembro e janeiro.

Em 2015, o aumento começou em outubro e novembro. No Nordeste, o aumento da incidência no período saltou de 18,6 para 23,8 casos para cada 100 mil habitantes.

Fonte: Correio*