Consumidor deve ter organização para não se atrapalhar com tributos de início de ano e parcelas que sobraram das compras de Natal
Com todas as dificuldades vividas pelos brasileiros no ano passado, muitos não conseguiram pagar suas contas e passaram a integrar o cadastro de inadimplentes. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quase 40% da população adulta está com o CPF restrito por causa de pagamentos atrasados.
Para quem faz parte dessa estatística, o início de um novo ano é sempre um momento propício para colocar as contas no azul. Para os especialistas do SPC Brasil, a palavra de ordem para 2016 é planejamento, já que, além das contas do final do ano – as famosas compras de Natal –, o consumidor se depara logo em janeiro com uma série de obrigações tributárias, como IPTU, IPVA, matrículas escolares e outras despesas, que se não forem bem administradas podem atrapalhar o controle do orçamento para o restante do ano. Assim, a instituição preparou uma série de dicas para os consumidores que querem começar (e sair) 2016 com o pé direito!
IPTU e IPVA: pagar a vista ou parcelado?
Essa decisão depende de uma avaliação criteriosa. Antes de tudo, o consumidor deve calcular se o desconto obtido no pagamento a vista é maior do que o valor que o dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira. No caso do IPTU, que tem como alternativa o pagamento em 10 meses na maioria dos municípios, o pagamento a vista será vantajoso se o desconto for superior a 2,64%, considerando uma aplicação que renda 0,6% ao mês, como é o caso da poupança. E no caso do IPVA, que tem como alternativa o pagamento em três meses, basta que o desconto supere os 0,6%.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, orienta que, mesmo que consumidor tenha condições de pagar a vista, ainda precisa fazer contas para descobrir se é mais vantajoso aplicar o dinheiro resgatando todos os meses o valor de cada parcela ou quitar a dívida recebendo o desconto oferecido. No caso dos consumidores que têm aplicações e pretendem usar esse dinheiro para pagar o IPTU ou IPVA, é preciso ficar atento às taxas e penalidades cobradas pelo resgate antecipado do valor, pois eles podem anular o benefício do desconto.
Já quem não tem dinheiro guardado deve inevitavelmente pagar a prazo e iniciar um planejamento para quitar essas despesas sem passar por sufoco. A sugestão da economista do SPC Brasil é que, para os próximos anos, o consumidor vá separando todo mês um determinado valor para quitar os compromissos sazonais. “O ideal é deixar a quantia separada de seus rendimentos mensais, assim o consumidor não cai na tentação de gastar o dinheiro com outras finalidades”, garante.
Acertando as contas no Ano Novo
Para os consumidores que já estão inadimplentes, além de cortar gastos desnecessários e evitar compras impulsivas, o SPC Brasil recomenda que se faça uma negociação da dívida com o credor, contratando novas condições e formas de pagamento que melhor se encaixam no orçamento. Em determinados casos, o consumidor pode até mesmo vender um bem ou fazer algum ‘bico’ para cobrir a dívida.
Antes de se buscar algum tipo de financiamento para quitar débitos, é preciso fazer uma avaliação criteriosa dos juros cobrados na operação. “Se o consumidor estiver inadimplente no cartão de crédito ou no cheque especial, a substituição da divida é uma opção que compensa como último recurso, caso o inadimplente realmente não tenha dinheiro para quitar a pendência. Para isso, ele pode contrair um empréstimo pessoal ou consignado para quitar a dívida e assim, evitar que ela se transforme numa bola de neve”, explica Marcela Kawauti. O portal de educação financeira do SPC Brasil, o ‘Meu Bolso Feliz’ criou um simulador virtual, que mostra na prática como funciona a ‘troca de dívida.
Para ilustrar melhor a evolução de uma dívida renegociada no cartão de crédito, o SPC Brasil simulou uma pendência de R$ 2 mil com juros de 7,3% ao mês, taxa média cobrada no parcelamento de fatura, de acordo com o Banco Central. Para quitar essa dívida, o consumidor terá de eliminar novos gastos no cartão e ainda desembolsar mensalmente a quantia de R$ 256,41, ao longo de 12 meses. Ao final de um ano, a dívida estará quitada, mas o valor total desembolsado pelo consumidor será de R$3.076,90, o que equivale a mais de 150% do valor inicial do débito (R$ 2.000,00).
Por outro lado, caso o consumidor troque essa dívida no cartão de crédito por outra de valor idêntico na modalidade de um empréstimo consignado, o resultado será mais favorável, pois os juros do consignado são bem mais baixos (1,96% ao mês em vez de 7,3% ao mês cobrados no parcelamento do cartão). Ao final de 12 meses, o consumidor terá gasto R$ 2.264,53 em vez de R$ 3.076,90, caso tivesse optado pelo parcelamento no cartão, o que representa uma economia de R$ 812,37 ou 26%.
“A recomendação que fica é que o consumidor só deve usar o cartão de crédito se ele tiver certeza de que terá dinheiro para fazer o pagamento integral da fatura e estiver com seu orçamento em situação controlada. Renegociar a dívida é uma alternativa inteligente e necessária em muitos casos, mas não pode ser um vício. Dívida só se faz quando se tem consciência de que ela pode ser paga”, diz Marcela Kawauti.
Sair do vermelho é meta
Segundo pesquisa do SPC Brasil com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), sobre as expectativas e projetos dos brasileiros para 2016, 36,8% pretendem sair do vermelho, pagando todas as contas que estão vencidas.
Em seguida, também são mencionados os desejos de fazer atividade física (34,3%), de comprar e/ou trocar de carro (27,6%), além de perder peso (27,5%). O levantamento, feito em todo o Brasil, mostra ainda que as expectativas em relação à conjuntura econômica do País estão divididas. Para três em cada dez entrevistados (31,1%), a situação será pior do que no ano passado; contra 37,0% que imaginam que será melhor.
Como medida para superar os problemas decorrentes da crise econômica, a maior parte dos entrevistados menciona a intenção de organizar as contas da casa (56,3%), seguido da intenção de evitar o uso do cartão de crédito (36,4%) e evitar comprar parcelado (33,8%), e também pagar a maioria das compras à vista (32,7%).
Fonte: consumidormoderno.uol.com.br