Vai pagar como? Se o desconto não vale a pena, nem mexa na reserva; Veja as dicas

18 de janeiro de 2016

Antecipar pagamento das contas de início de ano é sempre uma boa alternativa, mas especialistas recomendam atenção

Para quem não resiste a um bom desconto, antecipar o pagamento das contas de início de ano é sempre uma boa alternativa. Será?

Por mais tentador que seja o desconto, especialistas em Educação Financeira recomendam fazer uma conta bem simples antes de pensar em mexer no dinheiro que está guardado.

A dica é diluir o percentual do desconto no número de parcelas e comparar se ele vai ser menor ou maior que o rendimento da sua aplicação – seja poupança ou um fundo de renda fixa.

“Esta é a primeira conta básica que deve ser feita. O desconto realmente tem que ser muito vantajoso. Com a crise, todo mundo tem que ter um ‘colchão’ para emergências”, assegura a educadora financeira da Dsop Educação Financeira, Meire Cardeal.

A administradora Luciara Pinheiro preferiu parcelar o IPVA e optar pelo desconto na matrícula escolar (Foto: Evandro Veiga)

A análise deve ser feita baseada no tipo de investimento, como ressalta o também educador financeiro da Dsop, Rodrigo Azevedo. “É um jogo de números. Não é só olhar o desconto, mas ficar atento ao comportamento do seu investimento na economia”.

Quem tem recursos na renda fixa, como planos de previdência privada, ou títulos do Tesouro Direto, por exemplo, que rendeu 14,5% no ano passado, precisa pensar duas vezes antes de mexer na grana. Os títulos tem pagamento garantido pelo governo proporcional ao volume investido e devem se valorizar mais. “A Selic (taxa básica de juros) pode chegar a 16% ainda este ano. É o tipo de investimento que não dá para mexer porque quanto maior os juros, maior o rendimento”, explica Azevedo. “Em época de crise, você precisa estar capitalizado”, recomenda.

No caso daqueles que estão com os recursos aplicados na poupança, qualquer desconto em torno de 10% já é vantagem. Isto porque, o rendimento foi de 8,15%, menor que a inflação. “Na poupança, o ganho do investimento é muito abaixo do desconto que dá para  conseguir com o pagamento à vista”, compara.

Mês carregado
Janeiro é um mês difícil para quem tem despesas como a matrícula escolar, lista de materiais, IPVA e ainda o carnê do IPTU. O impacto destas despesas já chegou no orçamento da administradora Luciara Pinheiro, que não vê outro jeito senão apelar para a poupança. “Consegui um bom desconto na escola do meu filho. Se eu pagar a matrícula até o dia 1º, a mensalidade com o módulo que custa R$ 1,5 mil, cai R$ 1,2 mil”, calcula.

O desconto de 10% do IPVA para quem pagar a cota única até o dia 5 de fevereiro também animou Luciara. No entanto, ela vai optar por pagar o imposto parcelado a fim de não comprometer ainda mais o que conseguiu poupar.

“Ocorreram recentemente vários cortes na empresa que eu trabalho. Estou com muito medo de ficar desempregada. Tento fazer esta capitalização para não ficar no sufoco e por isso não quero mais mexer no dinheiro que guardei”, afirma. “Tem que ser um desconto muito bom para que eu mexa na poupança”, acrescenta.

Dúvida
A empresária Joana Maltez também vive o dilema de aproveitar o não o desconto por antecipar o pagamento de impostos.

As três contas – IPVA do carro dela e do marido, mais o IPTU – chegaram nos últimos dias. “Até o ano passado sempre pagávamos tudo antecipado independente de desconto para se livrar da dívida o mais rápido possível. Mas confesso que com esta crise a gente teve que ponderar mais os gastos”, lamenta.

O desconto da cota única do IPTU, assim como o do IPVA, também é de 10%. “Diante disso, a gente deve optar por pagar o IPVA dos dois carros que é mais pesado e parcelar o IPTU, já que será possível dividir em até 11 vezes e o IPVA as parcelas se dividem no máximo, em três vezes”, explica.

A administradora não pretende usar o dinheiro do ativo que mantêm para emergências. “Como a gente sempre se planeja antes para estas despesas, juntamos as sobras mensais do salário só para isso”, ressalta a empresária.

Joana está conduzindo o orçamento familiar corretamente. Segundo a educadora financeira Meire Cardeal, é preciso prevê as despesas do ano já planejando os gastos de época. Assim, as contas não ficam no vermelho e também não comprometem o “pé de meia” acumulado com muito suor. “Quem não fez uma programação durante o ano todo vai sofrer um impacto maior destes gastos sazonais. É preciso começar a economizar o quanto antes já pensando lá na frente”, recomenda.

“Vale a pena se basear no quanto você irá gastar este ano com estas despesas e em cima disso, projetar um valor estimado que deve ser tirado todo mês já prevendo as despesas. A diminuição no impacto vai fazer a diferença”, aconselha.

Fonte: Correio* 24 horas