A Bahia, com a perda de 75.286 postos, foi o segundo mais impactado no Nordeste. Em geração de emprego, o estado ocupou a 21ª posição no Brasil e a oitava no Nordeste
Apesar dos especialistas afirmarem que ainda não se pode falar em uma reversão do cenário de crise observado em 2015, setores como atendimento ao cliente, estética, logística, e as áreas comercial e financeira são boas oportunidades para quem quer se recolocar no mercado em 2016.
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Bahia), Cezar Almeida, as áreas comercial e financeira vão abrir ainda mais vagas. “Num ano de crise, as empresas precisam se organizar e racionar custos. Por isso, essas áreas, além da de logística, são promissoras”, acredita.
Já a psicóloga do Serviço de Intermediação para o Trabalho (SineBahia) Saionara França revela que as áreas de atendimento ao público, serviços e estética possuem muitas vagas disponíveis atualmente. Em 2015, o SineBahia disponibilizou 79 mil vagas, colocou 47 mil pessoas e encaminhou 166 mil. Foram inscritas 299 mil pessoas. “Os dados mostram que faltam pessoas para o perfil das vagas”, diz.
Psicóloga do Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra (Simm), Renata Canário afirma que as áreas em alta este ano são administrativas, de recursos humanos e operacionais. “Alguns supermercados estão contratando”, lembra. O Simm ofertou 11 mil vagas em 2015 e 2,8 mil pessoas foram colocadas.
Candidato deve mostrar resultados na entrevista
Com o desemprego assolando as famílias, a principal recomendação dos especialistas é que o novo candidato não se desespere e sempre busque mostrar resultados.
“As empresas querem funcionários entregando o produto de maneira eficaz, com agilidade e qualidade. O profissional que mostra isso tem mais chances de se recolocar”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Bahia), Cezar Almeida.
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O saldo nacional do Caged foi resultado de 17,707 milhões de admissões e 19,249 demissões. Em 2014, foram geradas 420,7 mil vagas formais. No mês de dezembro, o Brasil fechou 596,2 mil vagas, também pior resultado desde 1992.O Brasil fechou 1,542 milhão de postos de trabalho com carteira assinada em 2015 – o pior resultado em 24 anos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com o saldo (diferença entre contratações e demissões) do ano passado, o país retrocede ao mesmo patamar de dois anos atrás. Na Bahia, o saldo negativo de 75 mil foi o pior desde 2002. Em 2015, 697.449 baianos foram contratados e 772.735 demitidos.
A indústria de transformação foi a responsável pelo maior número de vagas formais fechadas em 2015. O setor encerrou 608.878 vagas com carteira assinada.
A construção civil foi responsável pelo segundo maior corte, com menos 416.959 vagas. Já o setor de serviços fechou 276.054 vagas. O comércio teve, em 2015, menos 218.650 postos, a indústria extrativa mineral fechou 14.039 vagas e a administração pública encerrou 9.238 postos. O único setor que criou vagas, em 2015, foi a agricultura, com um saldo positivo de 9.821.
O ano também apresentou uma redução nos salários, segundo o Caged. Os salários médios de admissão tiveram uma queda real de 1,64%. O valor médio foi de R$ 1.291,86 em 2014 e passou para R$ 1.270.74, em 2015.
O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, definiu 2015 como um “ano difícil”. Segundo ele, o governo tem trabalhado para retomar a atividade econômica e, por consequência, a geração de empregos. Como argumento para a reversão no quadro, o ministro disse que o ajuste do câmbio começa a trazer resultados positivos – ele enxerga uma tendência de redução na inflação e de ampliação de investimentos.
Segundo o técnico da Superintendência de Estudos Econômicos (SEI), Luiz Fernando Lobo, 2015 foi um ano ruim para o mercado de trabalho baiano e brasileiro. “O desaquecimento da economia afeta diretamente o mercado de trabalho. Essa crise tem sido potencializada por uma crise no campo político. Tal cenário gera incertezas, o que trava as ações e emperra a economia, atingindo a porção mais fraca desse mercado, que é o trabalhador”, explica.
A crise atingiu em cheio a vida do técnico químico Mateus Moreno, de 29 anos, que era representante da área comercial na região Nordeste de uma indústria química sediada em São Paulo.
“A empresa estava com um projeto para implantar uma fábrica aqui na Bahia, mas, por conta do cenário econômico, o projeto foi cancelado em 2014. Como o ano de 2015 foi ainda pior, minha vaga foi cortada”, conta. Desde sua demissão, em novembro, Moreno realizou cinco seleções, e até viajou para São Paulo para participar de duas entrevistas.
Em tempos de retração econômica, quem também está em busca de uma vaga formal é a jovem Tainá Silva, 20. “Estou à procura do meu primeiro emprego para ajudar em casa e complementar a renda de minha mãe, que trabalha como cuidadora de idosos”, conta.
Na Bahia
A Bahia, com a perda de 75.286 postos, foi o segundo mais impactado no Nordeste. Em geração de emprego, o estado ocupou a 21ª posição no Brasil e a oitava no Nordeste – todos os estados da região apresentaram no ano um acumulado negativo. O interior do estado encerrou 25.970 postos, enquanto a Região Metropolitana de Salvador (RMS) perdeu 49.316 posições de trabalho com carteira assinada.
Pernambuco foi o estado que mais perdeu postos na região (-89.561 postos). A retração da Bahia decorreu principalmente da queda do emprego nos setores da Construção Civil (-34.249 postos), Serviços (-19.566 postos), Comércio (-9.566 postos), Indústria de Transformação (-8.133 postos) e a Agropecuária (-3.110 postos).
“Como a Construção Civil e Serviços são setores que incorporam muitos trabalhadores, terminam sendo mais dinâmicos em seus processos de contratação ou de desligamento”, afirma Lobo, da SEI.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia (Sinduscon- BA), Carlos Henrique Passos, atribuiu o cenário negativo no estado ao cenário econômico do país. “Obras foram encerradas, enquanto o setor não teve novas. Com isso, o desemprego aumenta”, afirma ele, dizendo que esse quadro, pelo menos a curto prazo, não deve ser alterado. “A retomada passa pela solução da economia do país”.
Fonte: Correio* 24horas