Eles estão cada vez mais dependentes de seus smartphones, usam a Internet para se conectarem a amigos e familiares e estão em busca da conveniência oferecida pelos e-commerces. Não. Não estamos falando da Geração X ou da Y. Assim como qualquer outro consumidor, os idosos também foram conquistados pelo mundo virtual e estão aproveitando os recursos oferecidos pela tecnologia em suas rotinas. Esse comportamento abre uma grande oportunidade para as marcas se relacionarem com eles também por este canal.
Hiperconectada, a nova terceira idade passa um recado bem simples para as empresas que ainda não perceberam que estão perdendo tempo em não dialogar com este público pela web. Analisando as características de navegação deste público a mensagem é clara: “me entenda, me atenda e ganharás a minha preferência”. Isso é o que mostra a pesquisa “Os 60+ e a Internet”, realizada pela SeniorLab, em parceria com a Segmento Pesquisas e Mandíbula que ouviu, entre sete a 16 de janeiro de 2016, pessoas acima dos 60 anos moradoras de todos os estados e todos com perfil no Facebook.
O público sênior passa em média 57 minutos por dia conectado, segundo o levantamento. “Para o jovem, a internet funciona como uma espécie de fuga. É uma maneira de sair de casa e conversar com os amigos que estão fora. Para a terceira idade, a internet é a porta de entrada para a reunião de domingo, quando ele tem toda a família ao redor”, comenta Martim Henkel, co-Fundador da SeniorLab, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O contato com os familiares, inclusive, é um dos principais motivos pelos quais eles se conectam (64%). Lidera a lista o interesse em notícias e atualidades (69,5%) e apenas 3,9% do entrevistados citaram a internet como canal para paquerar. O perfil do idoso conectado mostra uma escolaridade mais alta e predominância na faixa dos 60 aos 65 anos e maior presença do público feminina.
Entre os participantes do levantamento, mais da metade (54,6%) possui Nível Superior completo, um terço (33,7%) estudou até o Ensino Médio e apenas 11,6% chegaram apenas ao Ensino Fundamental. O alto nível de escolaridade mostra que o público mais velho que está na internet é formado por pessoas esclarecidas, críticas e que sabem o que querem – um desafio e tanto para as empresas que querem conquistar esse público que tem tempo, dinheiro e está cada vez mais online.
A pesquisa teve como objetivo apontar os aspectos positivos e negativos do e-commerce para esse grupo. “Os medos dos idosos são os mesmos de qualquer outro consumidor, que são insegurança, receio em não receber o produto e terem os dados roubados. É perceptível que depois que experimentam a compra eles ficam mais sujeitos a repetir e passam a indicar para amigos, porque eles ficam muito felizes com a chegada do produto. A conveniência é valorizada”, comenta Henkel.
Comunicação e interatividade
As plataformas de relacionamento são os principais canais utilizados pelos idosos, pois atendem um dos maiores anseios deste público, a companhia. Para eles, estar na internet é espantar a solidão e ter a certeza de que saberão tudo o que está acontecendo e que ainda estarão em contato com amigos e familiares. Além do Facebook, que serviu de base para o levantamento, este público está presente prioritariamente no WhatsApp (89,1%). O Instagram conta com 25,3%, o Google Pus 15,4% e o Twitter 12,9%.
Para o internauta sênior, o Facebook e o WhatsApp têm papéis bem definidos no dia a dia. “O Facebook funciona como uma grande vitrine onde eles podem acompanhar tudo o que está acontecendo e sabem que também estão mais expostos. No entanto, eles gostam de compartilhar seus pensamentos e saber a opinião de conhecidos. Já o WhatsApp é como se eles estivessem dentro de casa conversando de forma privada, é um canal mais seguro e mais íntimo, por onde eles conversam com os parentes, fazem um encontro familiar” explica Martim Henkel.
A presença deste público nas redes sociais representa uma grande oportunidade para as marcas se relacionarem com a terceira idade. Além de mais tempo, este público também tem mais dinheiro e cada vez mais ajudam a movimentar a economia brasileira. Em 2015, eles representaram 20% do consumo de bens e serviços e a projeção é que chegue em 37,10% até 2050. “Este é um público muito exigente, pois, em geral, eles têm tempo, experiência, é seletivo, crítico, sensível e tem dinheiro. Por conta de todos esses fatores é fácil conquistá-los, mas também perdê-los”, pontua o co-Fundador da SeniorLab.
Compras online
Quase metade (49%) dos entrevistados já experimentou a compra online. O que pode parecer uma grande parcela, no entanto, mostra que ainda há muito a ser explorado pelas empresas virtuais. Produtos eletrônicos (57,7%) e eletrodomésticos (41,9%) são as categorias mais buscadas por eles, seguidos por utensílios domésticos e bazar (33,1%), viagens (26,9%) e moda e vestuário (23,8%). A indústria farmacêutica, uma das que mais dialoga com este público nas mídias tradicionais, ainda tem muito o que investir se quiser conquistar esses consumidores, que não costumam comprar medicamentos (15,4%) pela rede.
Do total da amostra, 71% são aposentados, mas ainda há uma parcela que continua produzindo para aumentar a renda familiar. Os experientes têm o triplo de chance de realizar um compra no futuro. O grande desafio é conquistar aqueles que ainda não se arriscaram neste modelo. Os sêniores que não têm costume de comprar pela internet, em média, avaliaram como dois, em uma escala de zero a 10, a chance fazer uma aquisição virtual.
A conexão sênior está cada vez mais acelerada e vive um dos grandes momentos. Em 2015, a adesão deste público foi de 11,8%, enquanto que de 2010 a 2014 a média anual foi de 6,5%. Apesar de estar experimentando cada vez mais, a nova terceira idade ainda não é uma entusiasta da compra pela internet, o que abre um caminho para as marcas conquistarem este público. A maioria ainda não percebeu uma empresa se comunicando com elas, 58,8% dos entrevistados não souberam citar uma marca que melhor se relacione com os sêniores na internet.
Fonte: mcz10.com