Hoje, 12% dos brasileiros têm mais de 65 anos. Para cada pessoa nessa faixa etária existem oito em idade ativa, de acordo com o modelo adotado pela Previdência Social
Com o aumento da expectativa de vida da população, no futuro haverá menos trabalhadores ativos para sustentar os inativos, daí porque o governo estuda modificar as regras de aposentadoria. Para especialistas, o desafio é conscientizar a população de que o momento de investir em um plano de previdência é agora.
Hoje, 12% dos brasileiros têm mais de 65 anos. Para cada pessoa nessa faixa etária existem oito em idade ativa, de acordo com o modelo adotado pela Previdência Social. Porém, com a aceleração do envelhecimento no país, em 15 anos, essa fatia da população dobrará de tamanho, correspondendo a 22%. Em 2040, já representará quase um terço da população, quando, então, a proporção de pessoas em idade ativa será metade da que existe atualmente, ou seja, quatro pessoas para cada brasileiro com mais de 65 anos.
Os números computados pelo economista Mansueto Almeida, novo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda com base nos dados no IBGE, levam à clara conclusão de que a Previdência Social será insustentável. Além do desequilíbrio entre trabalhadores ativos e inativos, a o sistema previdenciário ainda acumula déficits. Neste ano, até abril, o rombo já somava R$ 37,8 bilhões. No ano passado, esse saldo negativo era de R$ 23,5 bilhões, período em que foram gastos R$ 430 bilhões somente com benefícios.
Segundo o economista Marcelo Abi-Ramia Caetano, que assumiu a Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda, o Brasil é um país jovem, mas gasta muito com benefícios. Como a população envelhecerá rapidamente nas próximas décadas, ele que é fundamental tomar medidas para evitar a explosão dos gastos. Não é por acaso que a nova equipe econômica do atual governo se empenha na reforma previdenciária. A intenção é mudar a forma de concessão e o prazo para aposentadorias e pensões, não apenas dos futuros trabalhadores, mas também para quem já está no mercado de trabalho.
A ameaça real da falta de recursos para custear a aposentadoria dos trabalhadores poderá criar um novo problema em relação ao atendimento à saúde. Hoje, de acordo com levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), os gastos com saúde de uma pessoa com menos de 18 anos somam R$ 1 mil por ano. Para os que têm mais de 80 anos, os gastos são de R$ 1 mil por mês.
Está na hora de poupar
A tendência de o governo mudar a idade mínima para a aposentadoria aumenta a preocupação dos brasileiros com a garantia do padrão de vida na velhice. Nesse cenário, a previdência privada é uma alternativa para aqueles que temem a diminuição de renda. O problema é a ainda pouca disposição do brasileiro em poupar para a aposentadoria. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que 57% dos consumidores no país não poupam dinheiro para a aposentadoria.
“Quando nos aposentamos, queremos manter o padrão de vida, por isso precisamos nos planejar com uma poupança além do que o governo vai nos dar”, orienta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Mas, um relatório produzido pelo HSBC, que ouviu 16 mil pessoas em 15 países, apontou que aproximadamente três quartos dos aposentados não realizaram pelo menos uma de suas expectativas ao parar de trabalhar.
O fato é que a crise econômica desestimula os brasileiros a poupar. “Está na hora de todos começarem a pensar em guardar o seu dinheiro para o futuro. O Estado não terá recursos suficientes para prover proteção para toda a população”, diz Dilmo B. Moreira, presidente do CVG-SP. Independentemente da crise, segundo ele, as pessoas devem ter em mente que viverão cada vez mais e que terão de arcar com os seus custos de saúde, alimentação, vestuário etc.
Para o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Edson Franco, cabe ao setor trabalhar pela conscientização da sociedade. “Diante desse cenário, o nosso desafio é atuar como agentes de conscientização da população sobre os riscos de perda de renda e de vida e como consequência da importância de se proteger adequadamente”, diz.
Fonte: www.segs.com.br