Estudo mostra que sete em cada dez pessoas relacionam cuidado com a aparência com sucesso profissional
Você acha que gastar dinheiro com a beleza é uma necessidade ou um luxo? Quando pensa no desenvolvimento da carreira, chega a levar em consideração algum investimento na aparência? E quanto costuma reservar do orçamento para ficar mais bonito?
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com o objetivo de mapear o mercado de beleza a partir do consumo de produtos e serviços, aponta que sete em cada dez (74,8%) entrevistados acreditam que pessoas bem cuidadas aparentam ser profissionais melhores. Mais da metade (52,6%) concorda que pessoas bonitas têm mais oportunidades na vida.
A balconista de farmácia Maria Rita Nicaretta, 25 anos, moradora do Centro da Capital, vê o gasto com a beleza como um investimento na autoestima – seis em cada dez pessoas ouvidas no estudo concordam – e acredita que isso pode impactar positivamente no desenvolvimento da carreira, por conta da autoconfiança.
Assim como ela, quase metade dos entrevistados (49,4%) acha que gastar dinheiro com o propósito de melhorar a aparência física é um investimento que vale a pena, ao proporcionar sensação de satisfação.
— Numa entrevista, a apresentação e a postura são fundamentais. Isso complementa e eleva o currículo — explica Maria Rita, que foi percebendo a importância da aparência ao longo dos anos, ao observar outros profissionais.
Segundo dados do estudo, seis em cada dez (62,7%) brasileiros consideram-se pessoas vaidosas e preocupadas com sua aparência e 65,7% concordam com a ideia de que cuidar de beleza não é luxo, mas uma necessidade. No entanto, há quem cometa excessos:
— Uma vez já comprometi o meu orçamento com cuidados com os cabelos —revela Maria Rita que, mensalmente, estima investir R$ 200 do orçamento com maquiagens e embelezamento de unhas e cabelos.
Na pesquisa, uma parcela considerável de entrevistados reconhece exagerar nesse tipo de gasto, colocando em risco a saúde financeira. Quase um quarto (23,4%) dos consumidores diz gastar mais do que pode com cuidados estéticos. Isso ocorre com mais frequência entre mulheres (26,5%), pessoas com idade entre 18 e 34 anos (29%) e pertencentes à classe C (25%).
Aparência antes da inteligência
De acordo com a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, que coordenou a pesquisa, entre os resultados do levantamento que chamam atenção está o fato de as pessoas considerarem a aparência (32,1%) mais importante para o sucesso profissional do que inteligência (28,9%) e disciplina (23,4%), por exemplo – quarta, quinta e sexta opções mais citadas no questionamento, respectivamente.
As três primeiras características apontadas para o sucesso profissional são esforço e dedicação (48,1%), qualificação e estudo (47,4%) e honestidade (41,4%).
Para a secretária Mariana Maffissoni Falcão, 23 anos, do Jardim Carvalho, não adianta o candidato estar bonito e bem arrumado se não demonstrar sua competência.
—Prefiro investir na minha qualificação do que gastar com maquiagem — conta a estudante do curso técnico em administração, que, porém, estava maquiada.
—Eu estou em um serviço novo, trabalho na secretaria, então me maquiei porque vou lidar com público. Para causar uma boa impressão, tem que estar maquiada, pelo menos usar um rímel — contou a secretária que não tem o costume de ir a salões de beleza.
Produtos de beleza que transformam
A pesquisa apontou que mais da metade (57,4%) das pessoas consultadas acham que os produtos de beleza têm a capacidade de modificar a aparência das pessoas para melhor.
O percentual chega a 66,8% entre o público feminino.Gerente de uma loja de cosméticos cuja rede é composta por 17 filiais entre a Capital e a Região Metropolitana, Lisiane Brum concorda que as pessoas têm investido em produtos de beleza. Segundo ela, a busca mais comum pela clientela são as novas coleções de esmaltes, maquiagens e produtos para o cuidado com o cabelo, além dos cremes para massagens que prometem a redução de medidas.
—É um mercado que está crescendo cada vez mais, apesar da crise — observa.
Cuidar-se conta pontos na carreira
Conforme a vice-presidente de expansão da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Simone Kramer, cuidar-se é sinal de que o profissional está preocupado consigo. A aparência tem peso numa entrevista de emprego, por exemplo, porque faz parte do conjunto de qualidades, mas precisa ser sustentada por um currículo, pela qualificação e pelo que o profissional diz.
— Nós somos um produto, alguém que entrega conhecimento, habilidade manual. A beleza é a concretização daquilo que há por dentro.
Para ela, a boa aparência não está ligada a roupas de marca, à moda, ou a produtos caros, mas é um investimento.
—Tem importância a atitude, o jeito como a pessoa se apresenta. Estamos falando de um olhar que tem vida, de uma postura pronta, disposta — explica.
Fonte: Diário Gaúcho