É na infância que você começa a aprender a lidar com dinheiro

29 de agosto de 2016

Uma vida próspera demanda organização e controle desde cedo. É importante demonstrar que ganhar dinheiro exige trabalho

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Falar de dinheiro com os filhos nem sempre é tarefa fácil. E dependendo da idade deles, sobretudo no caso de crianças, abordar a questão pode se tornar um tabu. Mas chega uma hora em que é necessário entrar no assunto, e é preferível fazê­-lo antes que eles desenvolvam maus hábitos e sofram com uma vida financeira desequilibrada mais adiante. Melhor educá-­los enquanto ainda são jovens do que, como diz o ditado, ensinar truque novo a cachorro velho. E para isso existem maneiras e maneiras de introduzir os princípios de uma educação financeira em casa, de maneira gradual e, por que não, lúdica, sempre acompanhada de bons exemplos.

Uma vida próspera demanda organização e controle desde cedo. É importante demonstrar que ganhar dinheiro exige trabalho para que os mais jovens tenham uma noção mais exata não apenas dos preços, mas também do valor das coisas. Não se trata aqui de abrir sua planilha para os pequenos. O que importa é tornar o ato de comprar uma opção consciente, em que concorram fatores como a real necessidade do que se pretende adquirir, a relação custo­benefício e a perspectiva de que há um limite de gastos. Daí a importância de ensinar­lhes uma palavrinha mágica: prioridade. O céu não deve ser o limite, sob a pena de muito sofrimento no caso de bens além de suas posses. Você não estará fazendo nenhum favor aos seus filhos dando­lhes tudo aquilo que desejam.

Alguns pais adotam a tática de remunerar os filhos pelo cumprimento de pequenas tarefas cotidianas, como se isso fosse ensiná­los a trabalhar pelo dinheiro. Nada mais enganoso. Dinheiro, nesse caso, só por trabalhos que seriam de outra forma contratados. Arrumar a cama ou botar a mesa não entram nessa conta. Para crianças a partir de seis anos, a boa e velha mesada é uma das melhores opções — ou até mesmo uma “semanada” —, pois os mais jovens tendem a gastar o dinheiro todo de uma vez. Acostumá­los a receber quantias periodicamente já é uma maneira de introduzi­los à dinâmica do salário e de outros rendimentos. Porém, mais do que apenas entregar­lhes o dinheiro, é preciso ajudá­los a administrar esses valores com dicas e conselhos. Só assim aprenderão a dosar os gastos e a trabalhar com um horizonte de ganhos e despesas.

O próximo seguinte é trabalhar com a ideia de poupança. Pode ser difícil incutir o conceito de poupar na cabeça de crianças e adolescentes, sobretudo numa época como a nossa dominada pela ideia de gratificação instantânea. A recompensa, no entanto, não poderia ser melhor: pessoas conscientes do valor do dinheiro e do trabalho, organizando­se financeiramente com vistas a objetivos de curto, médio e longo prazo. Vale começar com um cofrinho, daqueles em forma de porquinho, até chegar a uma poupança modesta. A guitarra dos sonhos de um adolescente, por exemplo, terá mais valor aos seus olhos se ele mobilizar suas economias de maneira organizada em prol dessa meta.

Um erro comum de alguns pais de primeira viagem, principalmente aqueles de origem modesta que buscam dar aos filhos aquilo que não tiveram, é afastá­los das decisões do orçamento, como se o assunto não lhes dissesse respeito. Incluí­los em algumas conversas, como por exemplo sobre planos de viagem ou passeios de fim de semana, pode dar às crianças um senso de realidade mais apurado em relação ao dinheiro. Elas se sentirão mais responsáveis participando da conversa, e até mesmo negociando, por exemplo, um jantar na lanchonete em troca de um carrinho, ou uma viagem no final de ano à Disneylândia em vez de ganhar uma bicicleta ou uma casa de bonecas no Natal.

A educação financeira dos filhos é um trabalho contínuo, que não deve ser feito às custas da diversão, sob o risco de associar o tema ao desconforto na cabeça da criança. Vale mais a pena envolvê­los aos poucos, de maneira lúdica e informal, do que convocá­los para conversas sérias como se se tratasse de uma reunião de negócios. É necessário, acima de tudo, dar exemplo às crianças em formação, para que o processo de educação financeira não soe vazio para elas.

Fonte: Yahoo