A segurança, a rentabilidade, a liquidez e a facilidade do investimento tem levado o programa a bater recorde de cadastros
O sonho de descobrir um tesouro está mais fácil do que se imagina. Com uma aplicação mínima de R$ 30 é possível investir no Tesouro Direto, programa federal para compra e venda de títulos públicos através da internet. A aplicação está em alta – no mês de agosto as vendas totalizaram R$ 1,54 bilhão.
Para o pequeno investidor, o Tesouro Direto é considerado uma opção de investimento de baixo custo e segura, com rendimento melhor do que outros tipos de investimentos como CDB e Caderneta de Poupança, por exemplo (confira os diferentes rendimentos de cada aplicação no quadro feito pelo economista Edísio Freire).
Cada vez mais pessoas estão conhecendo esse tesouro. Apenas no mês de agosto o programa registrou quase 45 mil novos cadastros, alcançando 930.196 investidores no final do mês. Nos últimos 12 meses o aumento de cadastros no programa foi de 68,4%.
Identificando
O primeiro passo para investir é conhecer os tipos de títulos que estão disponíveis no programa. “São três modalidades. Existe o Tesouro Prefixado, o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA. No primeiro, o investidor já sabe qual será o rendimento da sua aplicação no momento da compra”, explica o educador financeiro e idealizador do blog Quero Ficar Rico, Rafael Seabra.
Nos outros dois tipos, o valor do rendimento é variável. “No Tesouro Selic o rendimento vai variar de acordo com a taxa Selic, como diz o próprio nome do título. Nesse caso, não significa que o rendimento será da data que o título foi adquirido ou vendido, mas sim uma média do período”. Já o Tesouro IPCA, conforme indica Seabra, é um pouco dos dois. “O rendimento tem uma parte prefixada, mas ela também acompanha o índice inflacionário do governo. A aplicação vai render o percentual referente a esses dois números juntos”.
Chegando ao tesouro
Apesar da simplicidade do investimento, o Tesouro Direto exige o cadastro em uma corretora, que fará a mediação entre o investidor e o programa. “É aqui que muitos travam, mas é tudo bem fácil. O cadastro na corretora é muito simples e dá pra fazer todo pela internet. É como uma conta no banco para o qual o investidor transfere o dinheiro”.
Para fazer o cadastro, será preciso indicar RG, CPF, além dos comprovantes de renda e de residência. “Uma vez que o dinheiro está na conta, o cliente já pode ver quais são os títulos disponíveis e realizar a compra”, indica. A partir do momento que a compra é feita, detalha Rafael, o título é registrado no nome do investidor.
No site do Tesouro Direto estão todas as corretoras habilitadas a operar pelo programa. “Lá, o investidor vai encontrar também qual a taxa cobrada por cada uma, assim como o volume que elas movimentam”, indica educadora financeira Cintia Senna.
Segundo ela, antes de definir qual título comprar, o investidor deve avaliar em que prazo ele precisa do dinheiro. “Isso faz toda a diferença na hora de aplicar. Para quem está começando ou precisa do recurso a curtíssimo prazo, a melhor opção é o Tesouro Selic”. Se o cliente já sabe para quando irá precisar do dinheiro, pode comprar o prefixado ou IPCA com vencimento para a data em questão. “Para ter o melhor rendimento, esses dois tipos precisam ser mantidos até o final” recomenda a educadora financeira.
Para quem está acostumado com a poupança, Rafael Seabra aponta que o investidor por comprar diversos títulos com o mesmo vencimento, e assim eles irão acumulando. “Se estou planejando a compra de um bem em três anos, por exemplo, posso comprar a cada mês um novo percentual de um mesmo título, com vencimento, como o final de 2019. Na data em questão, o investidor resgatará tudo de vez”, explica.
Taxas aplicadas
Além da comissão da corretora, existem duas tarifas para quem aplica no Tesouro Direto. A primeira é o Imposto de Renda, que é cobrado apenas sobre o rendimento no momento do resgate. Além disso, há uma pequena taxa da BM&FBOVESPA de 0,30% ao ano, independente da corretora escolhida, chamado de custódia.
“Esse valor é referente ao registro do título no nome do investidor, que é feito pela BM&FBOVESPA. No caso da corretora quebrar, por exemplo, não vai afetar em nada o cliente que aplicou o dinheiro. Isso porque o título está registrado no nome do investidor”, detalha Cintia. Para ajudar o cliente a acompanhar seus investimentos, tanto a BM&FBOVESPA quanto a corretora enviam um extrato mensal com o detalhamento de cada título com o seu rendimento.
Apesar das taxas, Cintia reforça que os títulos continuam sendo a melhor aplicação. “Mesmo com esses descontos, o rendimento do Tesouro Direto ainda é melhor do que a Poupança, por exemplo. O valor atual da Tesouro Selic está em 14,25% ao ano, enquanto a poupança não passa dos 6% de rendimento”.
Uma vez familiarizado com a aplicação, a educadora financeira recomenda testar diferentes tipos de título, para ver na prática como cada um deles funciona. “É tudo muito simples, basta só ter o primeiro contato. O próprio cliente faz a gestão da sua conta sem ajuda de intermediários”, completou.
Sopa de letrinhas – entenda o que significa cada sigla
Tesouro Prefixado (LTN) Possui fluxo de pagamento simples, isto é, você receberá o valor investido acrescido da rentabilidade na data de vencimento ou resgate do título. Em outras palavras, o pagamento ocorre de uma só vez, no final da aplicação.
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F) É mais indicado para quem deseja utilizar seus rendimentos para complementar sua renda a partir do momento da aplicação, pois esse título faz pagamento de juros a cada seis meses.
Tesouro Selic (LFT) Indicado se você acredita que a tendência da taxa Selic é de elevação, já que a rentabilidade desse título é indexada à taxa de juros básica da economia. O valor de mercado desse título apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada.
Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) proporciona rentabilidade real, ou seja, garante o aumento do poder de compra do seu dinheiro, pois seu rendimento é composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA).
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) Tem a rentabilidade igual a modalidade anterior, mas é mais interessante para quem deseja utilizar o rendimento para complementar sua renda a partir do momento da aplicação, com o pagamento de juros semestralmente.
Fonte: Correio* 24horas