88% dos micro e pequenos empresários de varejo e serviços não têm interesse em tomar crédito para seus negócios. Mesmo com proximidade das festas de fim de ano, demanda por investimento cai 14%
Dados do indicador mensal calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL) mostram que a intenção dos micro e pequenos empresários (MPEs) em procurar crédito pelos próximos 90 dias caiu 6,76% no último mês de outubro frente o mesmo período do ano passado, atingindo 12,26 pontos na escala que varia de zero a 100.
Quanto mais próximo de 100, maior é a propensão desses empresários a procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios. Na comparação mensal com setembro de 2016, sem ajuste sazonal, houve uma leve alta de 1,82% na demanda por crédito, fazendo com que o índice passasse de 12,04 para 12,26 pontos.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, os empresários estão preferindo não assumir compromissos de longo prazo, tendo em vista os juros em patamares elevados e a pouca disposição dos brasileiros em consumir. “Nem mesmo a proximidade de fim de ano, período em que o consumo tende a aumentar e requer mais investimentos, tem sido o suficiente para os micro e pequenos empresários tomar crédito”, explica Pinheiro.
Para 37% dos MPEs tomar crédito está difícil; juros e burocracia são os culpados
De acordo com o levantamento, em termos percentuais, somente 5,90% dos micro e pequenos empresários das capitais e do interior do país manifestam a intenção de buscar crédito no horizonte de três meses. Nove em cada dez (88,2%) empresários consultados não possuem interesse em contratar qualquer linha de financiamento para seus negócios. “As condições macroeconômicas adversas e a ainda frágil perspectiva de que recuperação em 2017 reforçam a reticência do micro e pequeno empresariado brasileiro diante do cenário de recessão”, diz o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
De acordo com o indicador do SPC Brasil e da CNDL, mais de um terço (36,8%) dos empresários ouvidos consideram que atualmente está “difícil ou muito difícil” ter crédito aprovado. Segundo os entrevistados, as modalidades de crédito mais difíceis de serem contratadas são empréstimos (29,5%), financiamento (16,1%) em instituições financeiras e crédito junto a fornecedores (13,3%). Além disso, as principais razões para a dificuldade de se obter esse dinheiro extra são os juros elevados (50,3%) e a burocracia (37,1%).
“Com o devido planejamento, o crédito pode ser uma via de crescimento para os empresários que têm planos de investir. Políticas que reduzam o custo do crédito e retirem os entraves para contratação, sem aumentar o risco dos bancos, podem traduzir-se em oportunidade de expansão de muitos negócios”, diz o presidente da CNDL Honório Pinheiro.
Demanda dos MPEs por investimento cai 14,68% em 12 meses
Outro indicador apurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o de intenção de investimentos das micro e pequenas empresas. Nesse caso, houve uma queda de 14,68% na comparação entre outubro deste ano com o mesmo mês de 2015. Na escala do indicador, que varia de zero a 100, ele passou de 29,89 pontos para 25,50 pontos em 12 meses. Já na comparação mensal, a alta observada foi de 5,59%, uma vez que o índice cresceu de 24,15 para os atuais 25,50 pontos na escala.
Em termos percentuais, os que não pretendem investir somam 71,7% do total. Entre esses entrevistados, a maior parte justifica-se dizendo não ver necessidade de investir (52,1%). Para 22,3%, a razão é que o país ainda não saiu da crise, enquanto 12,5% dizem ter investido recentemente e que aguardam o retorno do investimento.
Dentre os empresários que demonstram a intenção de investir (19,4% do total), os investimentos mais citados são em ampliação de estoques (39,4%), reforma da empresa (29,0%), compra de equipamentos e maquinários (26,5%) e divulgação da empresa por meio de propaganda e comunicação (20,0%). A maior parte desses empresários (43,9%) diz que vai investir com o objetivo de aumentar as vendas.
Para quem vai investir, o capital próprio aparece como o principal recurso. Mais da metade desses empresários (56,8%) usarão o dinheiro do próprio bolso. Outras opções ainda mencionadas são venda de algum bem (14,2%) e a empréstimos em bancos e financeiras (12,9%).
Fonte: CNDL