Taxa no Brasil é dez vezes maior do que no Peru, segundo colocado no ranking
No ranking das maiores taxas de juros da América Latina, o Brasil ganha disparado. Um levantamento feito pela Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – com seis vizinhos latinos mostra que a taxa cobrada no rotativo do cartão de crédito é 10 vezes maior no Brasil que no segundo colocado, que é o Peru.
Na Argentina, onde a inflação está na casa de 40% ao ano, os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito são de, no máximo, 43,29% ao ano, segundo os dados da Proteste.
Já na Venezuela, que vive uma intensa crise econômica, há limites máximos estabelecidos: o juro no cartão não pode ultrapassar 29% ao ano. “Aqui no Brasil é praticamente impossível pagar o rotativo do cartão. Mesmo sendo um crédito pré-aprovado, não deveria haver taxas tão abusivas”, afirma a economista da Proteste, Renata Pedro, responsável pelo levantamento.
Discrepância
Ela conta que, no levantamento, encontrou taxas que chegaram a 1.158% ao ano. Nesse caso, calcula a economista, um consumidor que tiver uma fatura de R$ 1 mil e resolver pagar apenas o valor mínimo de 15%, no fim de 12 meses terá uma dívida de R$ 10 mil. “Não dá para entender como podem cobrar uma taxa tão discrepante (já que a Selic, que é a taxa básica de juros, está em 14% ao ano).”
O levantamento da Proteste avaliou 181 cartões de 17 bancos ou operadoras. Vários questionários foram enviados às instituições financeiras, mas apenas quatro responderam. “Começamos a ligar e pesquisar na internet. Em alguns casos, chegamos a contratar os cartões para saber quanto cada banco cobrava efetivamente”, afirma Renata.
Nos demais países, como há uma regulamentação sobre a cobrança, as taxas dos cartões estão disponíveis em sites. Em nota, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirma que, no Brasil, a maioria das transações com cartão de crédito não tem juros, pois os brasileiros financiam suas compras por meio do parcelado sem juros.
Além disso, 85% pagam a sua fatura em dia e apenas um entre dez usa o crédito rotativo. E, quando entra nessa situação, fica em média 12 dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: revistapegn.globo.com