Volume de vendas abaixo do esperado e aumento dos custos pioraram a situação das empresas no ano passado e 48% fizeram cortes no orçamento em 2016. Apesar do retrospecto ruim, um terço dos empresários pretende ampliar seus negócios em 2017
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com empresários do varejo e prestadores de serviços das 27 capitais e do interior do Brasil mostra que ao menos parte dos entrevistados está otimista com relação às expectativas para 2017: para 58,4% a economia será melhor neste ano do que em 2016.
Apenas 8,4% acreditam que a conjuntura econômica ficará pior e, entre estes, 39,7% afirmam que uma das principais consequências será a dificuldade em economizar e fazer reserva financeira ou capital de giro. 32,4% afirmam que farão menos compras e outros 32,4% vão deixar de comprar coisas que a empresa não precisa porque terão menos dinheiro e 26,5% acreditam que será mais difícil manter as contas em dia.
Para superar os problemas decorrentes da crise econômica do país que persistirem em 2017, 28,7% das empresas pretendem pagar mais coisas à vista, 25,5% farão pesquisas de preço e 24,1% irão negociar e pedir mais descontos na hora das compras. Na lista dos problemas mais importantes para serem resolvidos em 2017 na opinião dos empresários se destacam: crise econômica (61,9%), corrupção (60,5%), violência (51,6%) e inflação (47,8%).
Mesmo com a maioria acreditando que o ano será melhor do que o anterior, ainda há 36,7% que temem que o país não consiga sair da crise. Esse é o temor mais citado pelos entrevistados. Em seguida, aparece o medo de ter que fechar a empresa (18,6%), ser vítima de algum tipo de violência (15,6%) e não conseguir pagar as dívidas (13,5%).
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, é importante ter em vista que mesmo no cenário mais otimista, a superação do quadro econômico será um processo lento. “Isso, no entanto, não significa que ninguém possa crescer. Há empresas que mesmo na crise conseguem avançar. Isso depende fundamentalmente do setor, mas também de atitudes que podem estar ao alcance do empresário. O momento exige que todas as decisões tomadas no âmbito da empresa sejam muito informadas, com a devida avaliação dos riscos envolvidos”, afirma Pinheiro.
Um terço dos empresários pretende ampliar seus negócios em 2017
Em relação à própria empresa, 58,4% dos entrevistados estão animados para concretizar seus projetos e 27,4% estão sem expectativas, positivas ou negativas. Há ainda 8,8% que se dizem desanimados com tudo. Para 2017, 29,1% dos empresários afirmam não ter algum projeto específico, mas têm a esperança de que coisas boas acontecerão. Cerca de 27,6% pretendem ampliar o negócio e 20,9% lançar novos produtos ou serviços.
Questionados sobre suas intenções para este novo ano, 17,0% afirmaram que comprarão equipamentos, 9,2% pretendem fazer aplicações periódicas de investimentos, seja na poupança ou outras opções como renda fixa e CDB e 5,0% pretendem financiar um automóvel, seja carro ou moto.
Retrospectiva 2016: vendas ruins e aumento dos custos
De acordo com a pesquisa do SPC Brasil e da CNDL, os empresários avaliam 2016 como pior do que o ano anterior: para 62,3% dos empresários de varejo e serviços, ao longo de 2016 as condições gerais da economia pioraram na comparação com 2015, enquanto 26,3% opinaram que as condições nem melhoraram nem pioraram e apenas 9,4% notaram alguma melhora.
Quanto à situação financeira da própria empresa, 48,3% acha que piorou e 14,7% afirmam que a situação melhorou. Entre estes, os principais motivos citados foram o aumento do volume de vendas (48,8%) e o aumento da carteira de clientes (37,2%).
Já entre as empresas que afirmam que a situação da empresa piorou, os principais motivos foram os resultados ruins das vendas (63,5%) e o aumento dos custos, que resultaram em diminuição da margem de lucro para não perder vendas (29,0%).
Seis em cada dez empresários (60,2%) conseguiram manter as contas em dia em 2016, mas 22,1% ficaram com muitos compromissos no vermelho, 17,3% tiveram que reduzir o mix de serviços e produtos e 6,4% acabaram sendo registradas em órgãos de proteção ao crédito. O levantamento mostra uma redução de nove pontos percentuais no número de empresas que conseguiram fazer uma reserva financeira entre 2015 e 2016, que passou de 20,9% para 11,6%.
“Mesmo que o Brasil ainda esteja no meio de uma crise econômica nesse começo de 2017, uma quantidade considerável de empresários está relativamente confiante com relação aos seus negócios. Isso é explicável pelo fato de que muitos deles acreditam que uma gestão eficiente de seu próprio negócio, com ajuste de estoques e do portfólio de produtos, além de criatividade, pode ajudá-los a enfrentar e driblar as dificuldades impostas pelo fraco ambiente econômico”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.
48% das empresas fizeram cortes ou ajustes no orçamento em 2016
Seis em cada dez empresários (59,6%) acreditam que as demais empresas de seu segmento estão em condições semelhantes à sua. Quase a metade (48,1%) das empresas teve que fazer cortes ou ajustes no orçamento de 2016 e entre as principais medidas tomadas estão a demissão de funcionários (59,2%), corte na conta de telefone fixo ou celular (34,9%) e na conta de luz e/ou água (26,8%).
Entre as empresas que tiveram que demitir, a média foi de 2,5 funcionários. Outros 6% afirmam que ainda terão que demitir funcionários em 2017 e 18% ainda não se decidiram. Para realizar as atividades da empresa com uma quantidade menor de funcionários, 26,3% das empresas redistribuíram as atividades entre os outros membros da equipe. 25,0% afirmaram que houve redução da demanda de trabalho, e que não foi necessário redistribuir.
28% dos empresários adiaram os planos que tinham em 2016
Apenas 16,7% dos empresários conseguiram realizar todos os planos que tinham para 2016 e 27,4% realizaram parcialmente. Porém, 15,0% afirmam ter adiado os planos para 2017 e outros 12,8% por tempo indeterminado. Entre os projetos que as empresas conseguiram realizar, o ranking permaneceu igual ao da pesquisa de 2015: a compra de equipamentos (29,6%), o pagamento de dívidas (27,1%), o aumento das vendas (21,8%) e a realização de uma grande reforma (20,4%).
Entre os projetos que as empresas não conseguiram realizar, os destaques são não ter conseguido aumentar as vendas (38,4%), fazer uma grande reforma (30,0%), comprar equipamentos (21,2%) e ampliar a equipe de funcionários (17,2%). Os motivos alegados pelas empresas que não conseguiram realizar seus planos foram falta de recursos financeiros próprios (33,6%), a insegurança em gastar dinheiro e acabar não conseguindo pagar (30,7%) e o preço das coisas (22,1%) e dos juros de financiamentos (20,1%) terem ficado muito altos.
Fonte: CNDL