Pagamento de dívidas é a principal finalidade para quem faz empréstimos, revela pesquisa

21 de junho de 2017

Mais da metade dos brasileiros que possuem empréstimos solicitam a modalidade em banco ou financeiras e 24% já atrasaram parcelas. Consumidor divide consignado em 32 parcelas, na média

Empréstimos podem ser uma boa estratégia para concretizar grandes planos ou quando é preciso lidar com gastos inesperados. Também podem ser uma forma de lidar com o endividamento – a principal razão observada entre os consumidores brasileiros que recorrem aos empréstimos em bancos e financeiras. De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a principal finalidade do empréstimo pessoal ou consignado é o pagamento de dívidas (37%), como faturas atrasadas no cartão de crédito, prestações não pagas em lojas e até mesmo outros empréstimos adquiridos no passado.

Em segundo lugar aparecem o pagamento de contas básicas, como aluguel, condomínio, luz, telefone e escola (21%). A compra ou troca de um carro (16%), reforma da casa ou apartamento (14%), compra de mantimentos para casa (12%) e a realização de viagens (9%) aparecem em seguida no ranking de motivações.

“Se o objetivo é antecipar o consumo, como, por exemplo, a reforma da casa, o custeio dos estudos ou a troca do carro, é importante que se observe todos os custos financeiros envolvidos e o quanto as parcelas irão comprometer da renda”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Como revela a pesquisa, o empréstimo pode também ajudar a quitar outras contas atrasadas, mas desde que as condições do empréstimo sejam mais favoráveis do que as dívidas acumuladas”, afirma.

A pesquisa mostra que 20% dos brasileiros possuem um empréstimo pessoal em banco, 16% um empréstimo consignado, que é descontado diretamente da folha de pagamento, e 9% têm empréstimo feito em financeira. Do total de brasileiros que possuem algum empréstimo, 62% recorreram ao empréstimo pessoal de bancos, 51% buscaram um consignado e 28% recorreram ao empréstimo de financeiras.

Para a economista-chefe, o empréstimo, embora seja uma opção para a quitação de dívidas, não deve ser banalizado. “Contrair um segundo débito para quitar o primeiro faz sentido quando se consegue condições melhores, com juros mais baixos e prazos mais amigáveis, substituindo uma dívida mais cara por outra
mais barata”, aconselha Kawauti. “Porém, é fundamental refletir sobre o próprio comportamento a fim de entender a razão do descontrole financeiro e, se possível, resolver a situação ajustando os gastos. Se a pessoa não se organizar, ao invés de resolver um problema, poderá criar outro ainda maior.”

32% atrasaram parcelas de alguma modalidade de empréstimo

De acordo com o levantamento, os fatores determinantes para a escolha do crédito são as menores taxas de juros (48%) e os menores valores das parcelas (21%). Por outro lado, 17% alegam não ter muito tempo para pesquisar ou comparar as taxas e juros cobrados e 13% dizem que nem sempre podem escolher, adquirindo o empréstimo para o qual conseguem aprovação, independente da taxa de juros. A maioria (78%) afirma ter verificado a possibilidade de pagamento das prestações antes do empréstimo. Cerca de 67% dizem estar conseguindo pagar todas as parcelas em dia, enquanto 24% admitem ter atrasado e 9% dizem ainda estar com as parcelas atrasadas.

O educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, lembra que deixar de observar as tarifas envolvidas numa operação como essa é um equívoco que certamente aumenta o risco de inadimplência: “Quem diz que não tem tempo de pesquisar as taxas pode acabar pagando caro por isso, pois as taxas variam muito de instituição para instituição. De que adianta a facilidade de conseguir um empréstimo, se depois não vai conseguir pagar? Em pouco tempo esta segunda dívida pode fugir ao controle, comprometendo a vida financeira por muito tempo”.

Cerca de 16% dos consumidores tentaram pegar algum tipo de empréstimo nos últimos três meses, sendo que 10% conseguiram e 6% tentaram e não conseguiram. As garantias de pagamento mais solicitadas pelos credores, de acordo com os consumidores que tomaram algum empréstimo, são o desconto das prestações na folha de pagamento (42%) e seguro (12%). Para 44%, o empréstimo feito foi totalmente suficiente para cumprir a sua finalidade, mas para 48% ele foi apenas parcialmente suficiente.

Dentre o total de consumidores brasileiros que atualmente possuem algum empréstimo pessoal em banco, 68% fizeram a solicitação diretamente com o credor, enquanto 13% aceitaram a oferta do banco. Já entre os que possuem empréstimos pessoal em financeiras, 58% solicitaram diretamente, ao passo que 21% receberam a oferta de uma instituição e aceitaram a proposta. Com relação ao empréstimo consignado, 76% fizeram a solicitação e 18% aceitaram a oferta feita. Segundo o levantamento, 17% dos tomadores de empréstimos em bancos estão com o nome sujo devido a atrasos na quitação das parcelas. No caso dos empréstimos com financeiras, o percentual de devedores que já foram registrados em serviços de proteção ao crédito por causa dessa modalidade de empréstimo aumenta para 23% e no consignado cai para 7%. A pesquisa revela que 56% fazem algum tipo de controle do pagamento das parcelas, porém 20% não possuem esse hábito.

Consumidor divide consignado em 32 parcelas, na média

Atualmente, 16% dos brasileiros possuem empréstimo pessoal consignado, que é descontado mensalmente da folha de pagamento de trabalhadores, aposentados e pensionistas. Na média, cada entrevistado dividiu o empréstimo em 32 parcelas, quantidade bastante superior a constatada entre os consumidores que possuem empréstimos com bancos (15 parcelas, em média).

A economista Marcela Kawauti esclarece que embora o consignado – que cobra taxas mais baixas do que outros tipos de empréstimos – seja uma modalidade popular em situações de sufoco, é preciso tomar alguns cuidados extras. “A prestação deste tipo de empréstimo sempre cabe no bolso do consumidor, pois o valor é retirado do salário, mas a pergunta que se deve fazer é: estou preparado para viver sem esta fatia da minha renda pelos próximos 30 meses ou mais? De nada adianta pagar as parcelas em dia e enfrentar dificuldades para lidar com as despesas básicas ou deixar de honrar outros compromissos”, conclui.

Fonte: CNDL