Confiança do consumidor volta a crescer e atinge 41,4 pontos, mostra indicador do SPC Brasil e CNDL

18 de agosto de 2017

Desemprego e preços elevados são os principais sintomas da economia ruim. 40% dos consumidores estão pessimistas com o futuro da economia. 72% notaram aumento de preços nas compras de supermercado

Mesmo com incertezas no cenário político e econômico, a confiança do consumidor voltou a crescer e atingiu 41,4 pontos em julho, ante os 39,4 pontos do mês anterior. Os dados do Indicador de Confiança do Consumidor (ICC) do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que o consumidor brasileiro segue cauteloso ao avaliar o desempenho da economia e da própria vida financeira.

“Ainda que o cenário traçado em julho tenha sido ligeiramente melhor do que o traçado em junho, quando o país esteve sob o impacto de novas turbulências no campo político, o número segue abaixo do que se considera satisfatório e, devido às incertezas ainda presentes, não se pode descartar novos retrocessos no humor do consumidor”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

O Indicador de Confiança é composto pelo Subindicador de Expectativas, que passou de 51,1 para 52,7 pontos e pelo Subindicador de Condições Atuais, que registrou 30,2 pontos em julho ante 27,8 pontos em junho. A escala dos indicadores varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiantes estão os consumidores.

Desemprego e preços elevados: os principais sintomas da economia ruim

De acordo com o levantamento, 81% dos consumidores avaliam negativamente as condições atuais da economia brasileira. Para 15%, o desempenho é regular e para apenas 2% o cenário é positivo. Entre aqueles que avaliam o clima econômico como ruim, os principais sintomas são o desemprego elevado (51%), o aumento dos preços (24%), apesar da desaceleração da inflação, e as altas taxas de juros (10%).

Já quando se trata de responder sobre a própria vida financeira, o número de consumidores insatisfeitos é menor do que quando se avalia a economia do Brasil como um todo, mas ainda assim é elevado. De acordo com a sondagem, 41% dos brasileiros consideram a atual situação financeira como ruim ou péssima. Outros 42% consideram regular e um percentual menor, de 14%, consideram que vai bem.

O orçamento apertado e a dificuldade de pagar as contas são as principais razões para considerar a vida financeira ruim, apontadas por 37% desses consumidores. Os entrevistados mencionam também o desemprego (35%), a queda da renda familiar (15%), imprevistos (5%), e a perda de controle financeiro (4%).

“O momento atual é ruim para a economia e isso claramente afeta a vida financeira dos consumidores”, avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Porém, a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que na vida pessoal.”

40% dos consumidores estão pessimistas com o futuro da economia

A sondagem também procurou saber o que os brasileiros esperam do futuro da economia do Brasil e descobriu que 40% estão declaradamente pessimistas. Quando essa avaliação se restringe a vida financeira, no entanto, o volume de pessimistas cai para 11%.  Os otimistas com a economia são apenas 15% da amostra, ao passo que para a vida financeira, o percentual sobe para 56% dos entrevistados.

Para justificar a percepção predominantemente pessimista com os próximos seis meses da economia, mais uma vez a questão da desconfiança com a representação política aparece: 32% desses entrevistados citam a corrupção e 23% o desemprego alto.

Já entre a parcela majoritária que manifesta otimismo com a própria vida financeira, a maior parte (31%) não sabe explicar as razões: apenas diz esperar que coisas boas devem acontecer. Além desses, 16% acreditam que irão conseguir um emprego e 13% têm a perspectiva de conseguir um emprego melhor ou uma promoção.

72% notaram aumento de preços nas compras de supermercado

Para quase metade dos consumidores (48%), o que mais tem pesado na vida financeira familiar é o custo de vida. Para a economista-chefe, a questão dos preços reflete a corrosão da renda das famílias, que mesmo com a queda da inflação, ainda não foi recuperada. Também pesa sobre o orçamento das famílias o desemprego, citado por 22%, e o endividamento, mencionado por 14%. Além desses, 8% citam a queda dos rendimentos mensais e 4% dizem que nada está pesando sobre a vida financeira familiar.

Se o custo de vida incomoda, é nos supermercados que os consumidores mais percebem o aumento dos preços: 72% notaram que os preços aumentaram nesses locais. Para 62%, também aumentou o preço da energia elétrica. Também houve a percepção de aumento dos preços de roupas e calçados (50%), bares e restaurantes (46%), telefone fixo (44%) e nas tarifas de combustíveis (41%).

Fonte: CNDL