Mesmo em meio à lenta recuperação, 37% dos MPEs estão confiantes com o futuro da economia. 67% avaliam a queda nas vendas como principal reflexo da piora dos negócios nos últimos seis meses
O Indicador de Confiança da Micro e Pequena Empresa (MPE) atingiu 47,4 pontos em agosto, o que representa uma estabilidade com relação aos 49,0 pontos registrados em julho. Já na comparação com agosto do ano passado, houve uma queda de 2,8 pontos percentuais – naquele mês o índice estava em 50,2 pontos. O indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) varia de zero a 100, sendo que, acima de 50 pontos, reflete confiança desses empresários e, abaixo dos 50 pontos, reflete desconfiança com os negócios e com a economia.
Na avaliação do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a confiança do micro e pequeno empresário dos ramos do comércio e serviços segue em baixo patamar, porém a tímida melhora do cenário econômico, com a queda da inflação e das taxas de juros, pode em alguma medida criar boas expectativas no empresariado. “Medidas como a liberação de recursos do FGTS, que serviram de estimulo ao consumo e à recuperação de crédito nesse primeiro semestre injetaram um pouco de ânimo nos empresários e impediram, por ora, que as incertezas políticas tivessem impacto maior na confiança”, explica o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
O Indicador de Confiança é composto pelo Indicador de Condições Gerais e pelo Indicador de Expectativas. Por meio da avaliação das condições gerais, busca-se medir a percepção dos micro e pequenos varejistas e empresários de serviços sobre os últimos seis meses. Já através das expectativas, busca-se medir o que se espera para os próximos seis meses.
67% avaliam a queda nas vendas como principal reflexo da piora dos negócios
O Indicador de Condições Gerais, que avalia o retrospecto do micro e pequeno empresário sobre o desempenho de suas empresas e da economia nos últimos seis meses, caiu de 37,3 pontos em julho para 35,3 pontos em agosto deste ano. Em igual mês do ano passado o mesmo indicador se encontrava em 31,6 pontos. Como o índice permanece abaixo do nível neutro de 50 pontos, significa que para a maioria dos micro e pequenos empresários a situação econômica do país e de suas empresas vem piorando com o passar do tempo, embora essa percepção seja menos acentuada hoje do que há um ano, no auge da crise.
Em termos percentuais, seis em cada dez (61%) empresários sondados consideram que o estado da economia brasileira piorou nos últimos seis meses. Já a proporção dos que notaram melhora da economia foi de 12%. Quando restrita somente ao desempenho de seus próprios negócios, 48% disseram ter notado piora, enquanto 16% relatam ter notado alguns sinais de melhora.
A queda das vendas é o sintoma mais perceptível para aqueles que constatam a piora dos seus negócios, sendo mencionada 67% desses empresários como motivo de sua percepção negativa. Outros 12% dizem que, independentemente da crise, atuam num ramo que está em baixa. O aumento dos custos e da inadimplência foi citado, respectivamente, por 9% e 6% desses empresários.
48% estão confiantes com o futuro de seus negócios
O Indicador de Expectativas, que serve de termômetro para avaliar o que o empresário aguarda para o futuro, apresentou uma pequena queda nas duas bases de comparação. Em agosto, o índice ficou em 56,5 pontos contra 57,8 observado em julho e dos 64,1 pontos que marcava em agosto do ano passado.
De acordo com o levantamento, 37% dos micro e pequenos empresários estão, de algum modo, confiantes com o futuro da economia brasileira contra 25% de pessimistas. Quando essa análise detém apenas a realidade da sua empresa, o percentual de confiança é maior e chega a 48% dos empresários consultados ante um percentual de 15% que manifestaram pessimismo com o futuro de seus negócios.
“Em síntese, a performance dos negócios deteriorou-se na percepção média dos empresários, mas não tanto quanto o desempenho da economia. Reflexo disso, as expectativas que os empresários nutrem com relação ao próprio negócio são mais otimistas do que as expectativas que têm sobre os rumos da economia, cujo controle está fora de seu alcance”, explica a economista-chefe do SPC Brasil.
A confiança dos empresários no desempenho da economia, entretanto, não é explicada na maior parte dos casos: 46% dos empresários que se dizem confiantes para os próximos seis meses admitiram não saber a razão de seu otimismo, apenas acreditam que coisas boas irão acontecer. A mesma razão é citada por 29% dos micro e pequenos empresários que estão otimistas com seus negócios.
Entre os que estão otimistas com a economia, há também 19% de entrevistados que confiam na resolução da crise política e 17% que observam melhora no cenário macroeconômico. Entre os que vislumbram um futuro positivo para suas empresas, 25% enxergam a boa gestão do próprio negócio como um fator de estímulo e 18% disseram estar investindo para enfrentar a crise. Apenas 4% de micro e pequenos empresários disseram não estar sendo afetados pela crise.
Quando questionados sobre o que esperam para o faturamento de seu negócio, metade dos MPEs (50%) acredita que não irá se alterar nos próximos seis meses. Mesmo não sendo maioria, uma boa parte (35%) acredita que seu faturamento poderá crescer, contra apenas 9% dos que esperam queda das receitas.
Fonte: CNDL